Bienal do Livro CCDicas

As várias faces da Bienal do Livro

28.8.14Anônimo


Minha história com a Bienal do livro começou em 2006, quando um passeio da escola me apresentou o pavilhão do Anhembi e todas as maravilhas que ocorriam dentro dele durante o mês de agosto. Eu conheci editoras novas, comprei livros em promoção e pude pegar um autografo da Talitha Rebouças – exemplar que infelizmente foi roubado. Foi um dia mágico e desde então eu nunca mais deixei de comparecer. Então não é de se surpreender que agora, como professor, eu logo corri e providenciei uma excursão para a escola na esperança de estar fazendo por alguém o que fizeram por mim no passado. E foi então que eu me deparei com uma questão inesperada saindo da boca de alguns alunos:

O que é Bienal do Livro”. Nenhuma surpresa aí. Toda a Bienal é a primeira de alguém e eu logo tratei de explicar que se tratava de um evento cultural organizado pela Câmara Brasileira do Livro para reunir diversas editoras. “Mas o que tem lá?”. Olha, depende do que você quer ver... tem muita coisa lá. “É pra pegar autógrafo?”. Sim, mas não somente. “Tem preços bons?”. Depende. Da editora, do livro, do alinhamento dos planetas.... Depende. Depende. Depende!

E foi aí que eu vi que existem vários tipos de Bienal. E aquela que você vai ter depende do que você quer ao chegar no pavilhão.


A Bienal dos autógrafos
Minha primeira ida à Bienal este ano foi pautada em conseguir autógrafo de gente bonita. Cumprimentei Raphael Draccon, Barbara Morais, Carolina Munhoz, Jim Anotsu, Eric Novello e Danilo Leonardi. Alguns amigos foram ainda mais cedo do que eu para tentar garantir alguns segundos diante de Kiera Cass e/ou Cassandra Clare. Meu dia foi absolutamente maravilhoso, pude dizer a pessoas incríveis o quão incrível elas são, tirar fotos com gente que eu admiro e ter os últimos lançamentos destes autores assinados. Mas nem tudo são flores. Se eu não tivesse me organizado com antecedência, provavelmente não conseguiria ser bem sucedido na maratona. Passei o dia correndo de stand para stand, de fila para fila. Mal pude aproveitar o resto do evento e voltei para casa exausto de ficar em pé esperando minha vez – coisa que, felizmente, a emoção do momento não deixa transparecer nas fotos que tirei com os autores.

Vantagens: o valor inestimável em questão de experiência. Conhecer pessoas que você admira, adquirir um livro assinado para você e aprender muito em todo o processo. Conhecer gente nova nas filas também é uma super pedida. Ninguém mais entende tão bem o que é persistir durante horas para conhecer o Raphael Draccon quanto a garota que está do seu lado.

Desvantagens: lançamentos e livros para autografo não costumam entrar em promoção, fazendo o programa custoso. A espera é longa e cansativa, é recomendável levar um amigo para fazer revesamento nas filas.

A Bienal das promoções

Em 2012 eu fui para a Bienal pelas promoções. Eu tinha só o período da manhã de um Domingo de Dia dos Pais para aproveitar e fiz isso de forma super sistemática. Andei por todos os corredores, indo e vindo, parando nos stands que me chamavam atenção e procurando os melhores preços. Marcava no mapa aqueles que tinham promoções interessantes e seguia em frente. Só depois de visitar a feira inteira é que verifiquei minhas anotações, selecionei um conjunto de ofertas mais interessantes e tratei de ir direto aos locais em que estavam. Me despedi da feira logo em seguida. Além de ter conseguido vários livros a preço de banana, esse método é útil por me poupar de ficar carregando compras o dia todo. Eu decidi tudo o que iria comprar antes de receber a primeira sacola em mãos e ainda levei muita informação útil sobre os melhores stands para meus amigos que ainda estavam para visitar o pavilhão. Muito prático.

Vantagens: é inegável que através do garimpo, pode-se achar livros bons e baratos na Bienal, o que gera uma economia significativa. Além disso, fugindo dos bestsellers você acaba conhecendo livros, editoras e autores menos conhecidos, mas de ótima qualidade.

Desvantagens: Por mais que sempre existam promoções boas, os livros mais desejados ainda estarão caros, e em busca dos melhores preços você irá se deparar com eles constantemente, o que pode gerar uma dose de frustração. No auge de movimentação, formam-se filas enormes para entrar nos stands e para passar pelos caixas. Se prepara.

A Bienal das palestras

Essa é nova para mim, na verdade. Eu sempre soube das mesas, palestras, oficinas e o diabo a quatro, eu só nunca tive chance de ir nelas com a frequência que gostaria. No próximo final de semana tratarei de ir principalmente para participar destes eventos. No todo, sinto que não irá se diferenciar muito da caça de autógrafos: estresse por conta de senhas, dor de cabeça para conciliar horários de eventos, calor e muvuca. A diferença é que troca-se o contato social com autores por informação nova sendo disponibilizada aos montes - e que me perdoem os autores, mas conhecimento é uma moeda de troca de valor inestimável neste ramo. Há inúmeros temas sendo discutidos na Bienal. Dentre os que eu pretendo ver há discussões sobre o uso de novas tecnologias no engajamento de jovens com a literatura, apresentação do processo de criação de quadrinistas famosos e discussões sobre mitologia e RPG como porta de entrada para a cultura da escrita. É, pois é, é muita coisa interessante para pouco tempo. 

Vantagens: Enorme quantidade de conteúdo provido por pessoas incríveis, peritos da área e grandes autores/editores/quadrinistas. Para principiantes procurando informação sobre como começar, um prato dos mais cheios. Além disso, passa-se a maior parte do dia no conforto de poltronas e cadeiras.

Desvantagens: Não resta tempo para muito mais. Os intervalos entre palestras serão normalmente dedicados a garimpar novas senhas para novos eventos. As esperas e disputas por lugares podem ser exaustivas e até degradantes, embora compensadoras.

A Bienal como passeio

Eu nunca tive essa experiência, mas tenho vários amigos e parentes que não vivem esses dias de Bienal com a mesma intensidade que eu. Eles vão para lá para passear, conhecer coisas novas, tirar fotos do que acham diferente, postar no facebook e comentar com os amigos depois. Não é um Potpourri de lançamentos e autores se unindo como estrelas em uma configuração astronômica rara, é só um programa legal para o fim de semana. E isso é totalmente válido. Na correria de conseguir tirar o máximo da feira, tendemos a esquecer de apenas olhar ao redor e apreciar a paisagem. Estands enormes com reproduções de capa gigantes, cenários para fotos (na de 2012 tinha um d'O Hobbit bem legal! Esse ano tinha d'A Seleção. Tem o eterno Trono de Ferro também). Há stands decorados com esculturas da mônica, ou editoras que contratam atores para passear pelas redondezas. No Domingo eu vi Bob Esponja, Patrick, Jack Sparrow, Freddie Krugger, Jason e o Jack Frost! É muito divertido!

Vantagens: É uma experiência estética diferenciada. Quando se está correndo atrás de livros, ou palestras ou autógrafos, não há tempo para ver aquela escultura de livros que fizeram ali, ou o Jack Sparrow passando pelo corredor, ou a escultura de Darth Vader ali atrás, etc.

Desvantagens: Você não aproveita muitas das oportunidades que a feira oferece e, se for de final de semana, é atropelado pelos fanáticos mais experientes (como eu). De fato, esse é um programa mais apropriado para os dias de semana, em que o pavilhão é ocupado majoritariamente por estudantes em excursão.

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Então fica a dica: pense bem no que você quer fazer quando for visitar a Bienal. Pesquise as programações e se organize com antecedência. A Bienal oferece muitas possibilidades, mas depende de nós ir atrás delas para tirar o máximo do evento.Tempo é uma moeda preciosa, e infelizmente não há o suficiente para fazer tudo. Eu mesmo precisarei ir três vezes para conseguir aproveitar tudo o que eu pretendia! Então não marque bobeira para não desperdiçar o evento.

Porque senão, só em 2016!


*EXTRA* Assim como as evoluções do Eevee, os tipos de Bienal estão sempre aumentando. Saiba mais nos comentários!* EXTRA*

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1 comentários

  1. Faltou a "Bienal da Galera", que acho que é a única que me faz sair de casa para encarar um evento dessa magnitude. Na última Bienal que fui (no Rio), fui mais pra encontrar as pessoas que conheci na internet. Muita gente de vários estados vieram para a feira, e isso foi a oportunidade perfeita para a gente se encontrar, se conhecer. Eu nem conseguiria montar um grupo de amigos para levar (a maioria desconhece a Bienal), então montei o meu com os amigos da internet. Foi legal pra caramba.

    Nem sou muito ligado em comprar livros (eu troco), mas acho meio icônico comprar alguma coisa na Bienal. Então eu pesquiso os valores dos livros aqui fora, e comparo com os preços lá dentro pra ver se vale realmente a pena. Separo um valor X, e gasto tudo. Rodo a feira toda como você! rs

    Nunca assisti uma palestra na Bienal, e parece ser muito legal. Acho que eu teria que ir em mais de um dia para experimentar palestras e compras. Eu deixo de lado a Bienal dos autógrafos*, porque o custo/benefício não compensa pra mim.

    * Lembrei que nessa Bienal do RJ eu levei um livro da Audrey Niffenegger para autografar (um livro favorito meu!), mas quando cheguei lá já tinha acabado as senhas. Só que uma menina (que eu conhecia do Twitter) tinha uma senha, ela pegou só por pegar, no grupo dela (ao qual me agreguei) alguns queriam mesmo o autógrafo, daí ela ME DEU A SENHA. Pessoas da internet <3

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