Quando Ricky Martin, popstar internacional que já vendeu mais de 60 milhões de discos em todo o mundo, lançou sua autobiografia logo após revelar ao mundo sua homossexualidade achei que o livro fosse apenas uma desculpa para falar sobre a dificuldade de sair do armário. Mas ao longo das suas 304 páginas é perceptível que livro vai muito além de narrar a vida de Kiki (apelido de Ricky) e seu drama em sair ou não do armário.
Se você procura uma autobiografia polêmica e cheia de fofocas e escândalos “Eu” não é a sua resposta. Mas se está em busca de conhecer a alma de um ser humano que sabe valorizar o que é importante na vida leia a autobiografia de Ricky Martin, mesmo que não seja fã do trabalho dele.
Muito antes de ler a autobiografia confesso que já era fã do Ricy Martin. Não do Ricky símbolo sexual e do “Livin’ la Vida Loca”. Sou fã do artista que se desnuda ao cantar “Asignatura Pendiente” e que faz uma canção e clipe sobre bipolaridade muito antes do transtorno se tornar popular. Sou fã do cara que fez um discurso que me deu vontade de chorar, em nome das crianças que são abusadas sexualmente.
"O que você pensa de mim não é a minha realidade, mas, sim, a sua. O que você pensa de mim simplesmente não é problema meu."
"Certa vez, uma pessoa me perguntou: 'Quando você decidiu se tornar homossexual?'. Respondi: 'Nunca decidi me tornar nada. Simplesmente sou quem sou', e completei: 'Quando você decidiu se tornar heterossexual?'. Não é necessário dizer que não houve resposta..."
Narrado em primeira pessoa o livro apresenta as lembranças de sua infância, as experiências no grupo Menudo, a luta por sua identidade durante o fenômeno “Livin' la Vida Loca”, o momento em que resolveu assumir sua sexualidade e as relações que lhe permitiram aceitar o amor, além das decisões que mudaram sua vida. Não espere um super-homem incrível, Ricky se apresenta ao longo de todo o livro como um cara normal, como eu e você. E é justamente o fato de se apresentar de forma simples que é fácil estabelecer uma conexão com sua história.
"E quando finalmente achei a coragem para revelar a minha verdade para o mundo, não só compreendi o significado de viver sem medo, mas também compreendi que o medo está em nossa mente."
A simplicidade de Kiky é um dos trunfos do livro, mas também é seu calcanhar de Aquiles. Em certos momentos chega a ser cansativo a repetição de frases e conceitos. Mas dou o desconto por ele ser um escritor iniciante. Enfim, “Eu” é um bom livro, seja para fãs ou não fãs, gay ou héteros, recomendo a leitura, pois sempre vale a pena conhecer outro ser humano.
"Se me odiarem, que seja por quem eu sou, não por quem acham que sou. E se me amarem, que me amem por quem eu sou, não por quem acham que sou."
3,5/5 conversinhas |
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