CCEntrevista Dana Martins

Questionando: Mamães, não joguem tudo para dentro do armário

20.5.14ConversaCult


Estamos no mês LGBT+ do CC, que também é o mês do dia das mães, então por que não juntar esses dois assuntos? A ideia inicial foi pegar várias mães e ver como ficou a relação depois que os filhos se assumiram. Uma ideia ótima até que... Bem, esse não é um assunto fácil. Encontramos muitas pessoas no armário, muitas mães que lidavam com o assunto jogando tudo pra dentro do armário e em alguns casos que não existia nem mais essa relação. Então o que nós fizemos?

Uma conversa com uma mamãe, mais questionamentos e aprendizados!

Deixa eu começar só lembrando que primeiro nós questionamos o motivo dessa falta de comunicação. Por que é difícil falarmos sobre certos assuntos com nossos pais? (leia também) E eu não digo nem de você estar querendo contar algo sobre você para os seus pais, eu falo de simplesmente de sentar e conversar. Pais são pessoas lindas que nos ajudam a entender o mundo, então por que diabos não discutimos as coisas abertamente?

Conversando com uma mamãe

Aqui nessa entrevista nós conversamos sobre sexualidade, relação com os filhos e estereótipos com uma mamãe. O mais surpreendente pra mim foi ver que a gente acaba reforçando uma cultura excludente mesmo quando não quer. Repare em como ela é o tipo de pessoa legal que tenta entender os outros, mas que ao mesmo tempo está um pouco perdida por falta de informação. Ela fala de certo modo (tipo "opção sexual") e não é nem por maldade ou porque ela odeia pessoas LGBT+, é porque ela não sabe. Esse mês mesmo sem perceber eu já falei coisas que poderiam ser homofóbicas, bifóbicas, transfóbicas e sei lá mais o que - e olha que eu to pesquisando e tentando entender! 


Então é legal ouvir a entrevista por dois motivos: O primeiro porque o que a mamãe fala é realmente legal, uma boa conversa sobre estereótipos enriquecida por exemplos legais da própria vida. O segundo motivo é ver o que ela está falando em si, analisar de um modo crítico. É uma grande oportunidade para entender um pouco as dificuldades de criar uma cultura mais inclusiva. 

"Em família a gente tava conversando a respeito de uma menina que seria apresentada para a minha mãe. Minha mãe já tem quase 80 anos e a gente resolveu comentar com a minha mãe que o cabelo dela era diferente, era cor de rosa. E a minha mãe com essa idade toda continua esclarecendo muito a gente e deixando a gente com a mente mais aberta mesmo pra ver o individuo como ele é independendo do seu esterotipo.

Então a menina tinha o cabelo cor de rosa e a gente começou a falar dela para a minha mãe antes delas serem apresentadas, "a menina é ótima, e realmente é, ela é uma gracinha, é extremamente educada. Só tem um diferencial, o cabelo dela é cor de rosa" Aí minha mãe, "É? Muito bem... e daí que o cabelo dela é cor de rosa? O cabelo dela é dela e ela pinta da cor que ela quiser," então pra mim isso é uma lição, é uma sabedoria incrível da minha mãe. E a gente tem que olhar o indivíduo mesmo e não aquilo que ele está tentando mostrar, porque nem nem sempre o que ele tenta mostrar é o real."

Quem quer abraçar essa mãe da mamãe depois disso? <3



Separei esse exemplo porque é lindo e ao mesmo tempo é muito errado. Vamos focar na afirmação no final: nem sempre o que a pessoa está tentando mostrar é real.

Isso está completamente certo, porque o estereótipo associado a imagem pode encobrir o real: quem tem cabelo pintado é maluquinho (estereótipo) e aí você não percebe que a pessoa é super legal e gentil, ou até deixa de conhecer isso por preconceito. *ainda dá pra argumentar que ser maluquinho não significa que a pessoa deixa de ser legal e gentil. 

Por outro lado, a frase está errada porque... a lógica é montada sobre o estereótipo, ela não chega a destruí-lo. O real da pessoa é o cabelo rosa - ela se identifica com aquilo. Na maior parte das vezes, a roupa e o estilo não são pra esconder o real, são para expor. Mas se a gente se prende ao estereótipo, a gente não consegue ver aquilo como real. 

As palavras do nosso entrevistador

"Eu queria poder fazer um bolo feito de arco-íris e sorrisos e todos nós íamos comer e ser felizes"

Eu aprendi que independente da sua orientação sexual, de seja lá quem você for, toda pessoa vai ter um impacto ao encontrar algo que não tem grande visibilidade. Tem que ter muita paciência, principalmente se você quiser ser aceito, porque para toda mudança é necessário tempo. Nossas mães (ou seja lá quem você quiser que te aceite) vieram de uma educação e realidade diferentes, não é questão delas deixarem de te amar ou gostar de você. É uma questão de precisar de um tempo para obter informações e conhecer esse mundo para eles poderem te auxiliar. Não pare de tentar, invista na gentileza que você vai conseguir. 

Também aprendi que hoje em dia as pessoas têm uma absurda falta de informação sobre esses assuntos. Antes de julgar os outros, pare pra refletir um pouco. Às vezes é apenas falta de informação. Eles não sabem como lidar, como agir, como reagir, porque não é do mundo e da realidade deles.

Equipe do CC conversando...

Igraínne Marques: Curti a entrevista, só achei a mãe meio machista quando a parte da filha ser piranha foi mencionada. Como se pegar vários fosse um desrespeito a ela.

Paulo Vaughan Santana: A entrevista é interessante, mas:::::::: opção sexual, o negócio sobre ~ser piranha~...

João Pedro Gomes: Mas é legal mostrar essas coisas porque dá espaço pra gente comentar e corrigir as coisas 'erradas', discutindo em cima delas. A entrevistada é uma pessoa normal e representa a maioria das pessoas normais, que pensam da mesma forma (alguns até pior). E ela não falou na maldade, né?

Paulo Vaughan Santana: Sim, sim, por isso é interessante. Mas é importante ressaltar essas coisas quando for postar e tal. E também acho que não seja por maldade, ela só reproduz como é passado, como ela aprendeu.

Deixo aqui alguns questionamentos: 
Por que as pessoas não param pra entender sexualidade, independente da sexualidade? Por que a opinião de uma mãe hétero com filhos héteros valeria menos do que a opinião de uma mãe LGBT+? Quando se discute LGBT+ em busca da igualdade, por que a gente divide as pessoas pela sexualidade delas? Por que eu não consigo pensar num modo de falar que inclua os que fazem parte do LGBT+, mas não estão relacionados a sexualidade (ex: transgênero)? E o mais importante: Por que você ainda não foi assistir Faking It?

- esse post foi idealizado e desenvolvido por três pessoas maravilhosas e isso é tudo o que eu direi hoje


Continue Questionando


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1 comentários

  1. Já fui assistir faking it u.u (culpa do site) e não vejo a hora do 1x05 sair, estou amando os textos do mês LGBT+ e foi por um destes textos q descobri aqui.

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