Ei, você! Que tal tirar um tempo para aprender a hackear qualquer história e entender o que está realmente acontecendo?
O Grande Talvez dos heróis é um conceito simples que resume como os conflitos são desenvolvidos em histórias. Seja a do Homem-Aranha, a de A Culpa é das Estrelas ou a sua, toda história tem um Grande Talvez dos heróis. Abaixo eu faço uma análise de como essa coisa funciona nas histórias. Vambora!
Só pra lembrar que nós já falamos do Grande Talvez aqui quando fizemos uma análise do que são vilões.
Uma escolha pode transformar você
Eu vi um filme deprimente de ficção científica que eu não indico, mas que tem um conceito interessante. O nome é "A Outra Terra" e é a história de uma garota bêbada que causa um acidente no instante que outro planeta Terra aparece no céu. Então surge uma teoria de que houve uma quebra de sincronia entre essas duas versões do planeta, por exemplo: Em um planeta, houve o acidente, a garota foi presa, a família do cara no outro carro morreu. Já nessa versão do céu, não houve o acidente e tudo continuou direito.
Uma escolha pode transformar você
Eu vi um filme deprimente de ficção científica que eu não indico, mas que tem um conceito interessante. O nome é "A Outra Terra" e é a história de uma garota bêbada que causa um acidente no instante que outro planeta Terra aparece no céu. Então surge uma teoria de que houve uma quebra de sincronia entre essas duas versões do planeta, por exemplo: Em um planeta, houve o acidente, a garota foi presa, a família do cara no outro carro morreu. Já nessa versão do céu, não houve o acidente e tudo continuou direito.
O filme mostra a ideia de que a cada momento que você faz uma decisão, existe um caminho onde a decisão foi diferente. Você está aqui lendo esse texto, mas poderia ter uma outra versão sua que decidiu não ler esse texto e está fazendo outras coisas. Por causa dessa escolha divergente, o futuro de vocês se diferencia a partir daqui.
O Grande Talvez surge nesses momentos de escolha. Você vai ficar aí sentado, fazendo o que você já sabe, ou vai sair atrás de um Grande Talvez?
O que é Grande Talvez?
O Grande Talvez ou o Great Perhaps, eu retirei do livro "Quem é você, Alasca?" do John Green, que cita o que François Rabelais disse quando estava à beira da morte ("Eu vou procurar um Grande Talvez"). Basicamente, o personagem tem uma decisão pela frente: continuar sua vida de sempre, sem qualquer significado, com o conforto de viver com os pais e a segurança do conhecido; ou tentar arriscar isso tudo indo para uma escola interna. Ele escolhe o segundo, motivado para buscar seu Grande Talvez.
O Grande Talvez é você se jogar na escuridão e ainda assim continuar buscando o melhor.
Então o Grande Talvez é a fé na busca por uma nova possibilidade na vida. É um "e se eu largar esse emprego confortável e tentar aquele outro arriscado que pode ser bem melhor?" E, às vezes, também é trocar aquele restaurante de sempre por um desconhecido, porque a alternativa pode, talvez, ser muita boa.
Mas o que isso tem a ver com heróis?
O Grande Talvez de um herói é essa versão alternativa dele que escolheu o contrário. Um decidiu salvar o mundo, o outro decidiu destruir o mundo. Um decidiu acreditar na vida, o outro decidiu parar de viver. Talvez o certo seria dizer que os heróis são o Grande Talvez dos vilões, porque os heróis são uma versão dos vilões que decidiram acreditar no Grande Talvez e lutar pelo melhor.
Mas como esse post é da perspectiva dos heróis, direi que os vilões são o Grande Talvez dos heróis, porque você não fala de Grande Talvez sem falar de medo. Medo do desconhecido. Medo dos riscos de suas escolhas. E os vilões são a representação máxima do pior que poderia acontecer a um herói.
Vilões são tão aterrorizantes porque quando um herói se olha no espelho, ele tem medo de ver o vilão.
A Mulher Maravilha tem medo de se tornar refém de um princípio. O Batman tem medo de que em vez de ordem, esteja trazendo caos. O Homem-Aranha tem medo de estar sendo egoísta.
Todos esses medos são materializados nas histórias em forma de vilões: Ares, Coringa, Lagarto.
Você pode pegar qualquer história e aplicar esse princípio do Grande Talvez dos heróis, inclusive a sua. É claro que nem sempre é tão evidente como nas histórias de super-heróis, porque essas são essencialmente histórias de pessoas que lutam para ser heróis. Mas no mundo real é algo mais para 50 Tons de Cinza.
Em A Culpa é das Estrelas, por exemplo, daria para dizer que a Hazel é a vilã. O que ela e o Gus estão batalhando é a ideia de que o câncer faz as pessoas pararem de viver. No início da história, Hazel incorpora essa ideia. Depressiva, não faz nada, não corre atrás dos sonhos e está praticamente esperando o momento da morte. Então você tem Gus, o herói, o cara que teve câncer e continuou vivendo. Mais ainda: ele não tem medo de se apaixonar por alguém que tem câncer, porque não é como se a pessoa fosse parar de viver.
Então no mundo real, e histórias gerais, é mais complicado se dar conta do Grande talvez dos heróis, porque nós não somos por princípio heróis ou vilões. Na nossa batalha contra os nossos medos é que nos tornamos heróis ou vilões. Se nós vencemos o nosso medo, nós viramos heróis. Se nós deixamos ele nos controlar, nós viramos vilões.
Na verdade verdadeira, ainda existe um meio termo que eu e meu irmão chamamos de zumbis. Não basta vencer ou se deixar controlar, porque nós constantemente estamos vencendo e perdendo para nossos medos e às vezes isso não faz a menor diferença no mundo. Talvez a gente só passe a ser herói ou vilão em relação aos outros.
E o mundo não é uma divisão entre os dois lados, então na realidade você tem várias escolhas e vários você... |
Na maior parte dos casos, medos não vão realmente embora. E não é uma coisa só. Por isso que super-heróis têm vários vilões e eles estão sempre voltando. Um bem simples é o Rino, de Homem-Aranha, que representa a força bruta. O Homem-Aranha é sempre um cara que busca resolver as coisas com a inteligência, então sempre há um medo de se tornar uma máquina de força destruidora.
Também não é obrigatório que o Rino sempre se relacione com essa parte do herói... dependendo da história eles podem até trabalhar juntos.
Você consegue entender toda história através disso porque as histórias são sobre conflitos.
Você consegue entender toda história através disso porque as histórias são sobre conflitos. Alguém de um jeito que enfrenta algo para ficar de outro jeito. Não significa que elas vão ser apenas pessoas se transformando em heróis. A Culpa é das Estrelas é de um vilão que vira herói, você pode ter o surgimento de um vilão e um herói que vira mais herói. Ou alguém que oscila entre herói e vilão. (todo mundo oscila, mas isso é referente a um dilema principal)
ai, ultimate spider-man <3 |
O Espetacular Homem-Aranha 2: o foco da história é esperança. Qual é a diferença entre os vilões e o Homem-Aranha? Capitão América 2: O Soldado Invernal: o foco da história é confiança. Qual é a diferença entre os vilões e o Capitão América (e a Viúva Negra)? [análise de Capitão América 2]
É legal reparar que no início de ambas as histórias, os heróis ainda não são heróis completos. Eles têm dúvidas, eles ficam confusos, eles oscilam e só realmente no final eles se tornam heróis de verdade, conquistando a esperança ou a confiança.
-dana martins
Veja mais dos nossos posts sobre vilões
TAGS:
a culpa é das estrelas,
capitão américa,
CCAnálise,
CCFilmes,
CCHQ,
CCLivros,
clube de escrita,
Dana Martins,
grande talvez,
homem-aranha,
John Green,
outra terra,
vilões
4 comentários
Que texto sensacional, parabéns Dana, me identifiquei bastante com isso, por que eu sou um vilão... Sempre deixo o medo me vencer e com isso vou levando uma vida bem diferente do que eu espero que ela seja, sempre com a ideia de que futuramente será melhor, com isso acabo perdendo meu tempo precioso com medo de tudo. Foi realmente inspirador essa matéria, perabéns denovo, pelo texto e pelo blog, gosto demais dele, ja tem um bom tempo q acompanho... Ahh, e o pra quem gosta de musica é demais, todas as bandas q vcs indicam eu ja tenho no meu celular kkkkkkkkk continuem com esse ótimo trabalho :)
ResponderExcluirAh, Eduardo, que lindo <3 E, por favor, não seja um vilão! Acho que uma das maiores vantagens de ter ideia sobre isso é saber que você pode atravessar essa barreira e se transformar em um herói. Ninguém é sempre vilão e sempre herói. Nesse momento, você foi um super-herói de vir aqui e falar isso
ExcluirMuito obrigada (: É muito legal saber o que as pessoas estão gostando no CC, apareça mais vezes \o/
E não sei se você sabe, mas nós temos um 8tracks, onde fazemos listas de música:
http://8tracks.com/conversacult
Sim, eu vou fazer o possivel pra ser um pouco mais herói e pode ficar tranquila q apareço sim, na verdade os links do CC e do 8Tracks já estão nos favoritos :) sempre vou acompanhar...
ExcluirAcabei encontrando aqui por acaso, e passei a acompanhar os posts. Só tenho motivos para parabenizar essa equipe. Amei este texto, e a maneira cm ele trata as escolhas.
ResponderExcluirEu ja havia pensado em algumas coisa em relação ao Grande Talvez da minha vida, e através do seu texto relembrei meus motivos para ter realizado as minhas escolhas,e os motivos q estou usando para as atuais.
Parabéns, pois você fez um texto maravilhoso, que me fez para pra pensar nas minhas escolhas recentes. Obrigada Dana, espero ansiosa pelos próximos c: