por Michelle Gimenes
- Editora: Paralela
Minicrítica ~ Resumo:
“A
Invenção das Asas” conta a história de duas garotas que aparentemente não
tinham nada em comum, mas que se tornaram amigas. Ao longo de 35 anos, elas se
aproximam e se afastam, cada uma delas lutando como pode para ter seus anseios
realizados, mas ambas com a mesma ambição profunda e latente: conseguir a
liberdade.
Com
uma trama delicada e envolvente e personagens fortes e determinadas, o livro me
conquistou logo nas primeiras páginas. Indo muito além da luta contra a
escravidão, Sarah e Encrenca batalham também pelo direito de igualdade das
mulheres (isso tudo lá no início do Século XIX). Pois é. Já deu para notar que
a trajetória de nossas protagonistas não foi nada fácil, né?
O Contexto
A
escrava designada a Sarah é a jovem Hetty, vulgo Encrenca, de 10 anos. Tão
perdida quanto sua jovem sinhá, ela não sabe o que fazer, como se comportar.
Sente falta da mãe, de quem deve dormir separada desse momento em diante. Aos
poucos, as garotas criam intimidade e trocam confidências. Se transformam em melhores
amigas. E Sarah, atendendo a um pedido comovente da mãe de Encrenca, promete a
ela que fará tudo o que estiver ao seu alcance para libertar a amiga um dia.
“Ela
abaixou o livro e veio onde eu estava, perto da lareira, e colocou os braços em
volta de mim. Era difícil saber em que pé as coisas estavam. As pessoas dizem
que o amor fica manchado por uma diferença tão grande quanto a nossa. Eu não
sabia ao certo se os sentimentos da Srta. Sarah vinham do amor ou da culpa. Eu
não sabia se os meus vinham do amor ou da necessidade de segurança. Ela me
amava e tinha pena de mim. E eu amava e usava a Srta. Sarah. Nunca foi simples.
Naquele dia, nossos corações estavam puros como jamais estariam.”
Intenção vs Realidade
Por
outro lado, Encrenca percebe mais claramente as diferenças entre o seu mundo e
o de Sarah, se ressente da amiga, entende que deve lutar por si mesma, se liga
cada vez mais à sua origem africana e se torna mais rebelde, mais desconfiada e
mais perigosa. Faz a grande revelação à amiga: Encrenca, como escrava, tinha o
corpo aprisionado mas a mente vagava por onde queria; Sarah, a garota branca e
rica, podia ir onde quisesse, mas não ousava pensar livremente.
Por que eu gostei?
Encrenca,
por sua vez, tenta lidar com as injustiças da vida e com o afastamento da
amiga, torna-se cada vez mais dura, aprende, com a mãe, a importância de suas
raízes, aperfeiçoa-se na arte da mentira para sobreviver, fica dividida entre o
amor e a liberdade, se envolve na luta armada e percebe, com tristeza, que não
há mudanças sem sofrimento e perdas.
Extra: Sarah Grimké e sua irmã, Nina,
foram pessoas reais, as primeiras feministas e abolicionistas dos Estados
Unidos. A autora conta, no final do livro, como tomou conhecimento dessas
personagens tão importantes para a história e que, convenientemente, tiveram
seus feitos apagados dos livros escolares. Tomando por base fatos verídicos da
vida das irmãs, Sue Monk Kidd criou algumas situações e personagens e
desenvolveu seu livro.
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2 comentários
MiG, já estava com muita vontade de ler esse livro, com sua resenha, como acontece sempre, a vontade triplicou!! ;o)
ResponderExcluirXerinhos, lindeza!
Poxa que legal Michelle, não fazia ideia que este livro tinha esse contexto, adoro histórias de mulheres que tomaram a frente de seu tempo e de uma forma ou outra conseguiram deixar suas marcas e já está na minha listinha de leituras!
ResponderExcluirbjos