Benjamin Alire Sáenz
CCLivros
[Resenha] Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, de Benjamin Alire Sáenz
26.4.14paulo
por Paulo V. Santana
- Editora: Seguinte
Minicrítica ~ Resumo:
Aristóteles e Dante se conheceram em uma piscina pública da cidade. Os dois garotos logo se tornaram amigos e aquele encontro inesperado se provou uma grande mudança nos rumos do verão e da vida de ambos. Às vezes precisamos de alguém para conhecermos mais sobre nós mesmos.
As histórias sobre amadurecimento, ou coming of age, são um dos meus tipos preferidos de livro. Mesmo com alguns problemas, essa foi uma das leituras mais especiais do estilo. Uma história boa, bons diálogos e personagens interessantes foram alguns dos elementos que fizeram com que eu gostasse e me identificasse tanto com o livro.
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Sinopse: Aristóteles, ou simplesmente Ari, um garoto de 15 anos não muito feliz ou animado com a vida, faz uma decisão que ele mesmo julga boba: sair para nadar. Mas esse pequeno desvio na rotina se prova uma grande mudança na sua vida. Na piscina, Ari conhece Dante. Mesmo com personalidades diferentes, os dois meninos de origem mexicana logo se tornam amigos. Aristóteles infringiu uma de suas regras, “entediar-se sozinho é melhor do que coletivamente”, mas essa seria apenas uma das regras quebradas naquele verão e nos meses seguintes. Para descobrir os segredos do Universo, é preciso sair de sua zona de conforto.
A decisão de ler esse livro envolveu muito mais uma escolha sentimental do que racional. Descobri o romance de Benjamin Alire Sáenz, lançamento da Seguinte, por causa de comentários positivos que li na internet, porém, não foram as críticas elogiosas ou os prêmios recebidos que me fizeram ler. Mesmo torcendo o nariz para o título num primeiro momento, a sinopse e a capa me passaram uma boa sensação e eu soube que o livro seria ideal para mim. E estava certo.
Desde o início me conectei com o Aristóteles, que narra o romance. 15 anos, entediado, infeliz, invisível. Adjetivos que qualquer outro adolescente poderia usar para se definir. É difícil não entrar em aspectos pessoais e acabar fugindo do foco, mas foi isso o que o livro representou para mim: identificação. Não imaginava que um dia encontraria um livro que falasse tanto sobre mim, comigo.
"Fiquei pensando que alguns poemas são como pessoas. Algumas pessoas você entende de primeira. Outras você simplesmente não entende... e nunca entenderá."
A construção da relação entre Aristóteles e Dante foi interessante. Começou de forma incomum, com Dante oferecendo a Ari aulas de natação. Mesmo sendo introvertido e estando surpreso com o convite, há algo em Dante que convence Aristóteles e o faz aceitar. E é assim pelo resto do livro. Os dois meninos estão em posições opostas o tempo todo, mas mesmo assim vão se encaixando e se completando. Cada um deles tem seus conflitos internos e momentos ruins, e o outro está sempre lá para ajudar. É linda a delicadeza com que Alire Sáenz escreveu o relacionamento dos dois.
No início eu esperava que alguns capítulos fossem narrados pelo ponto de vista de Dante, o que não acontece. Essa não é uma deficiência do livro, porém, uma outra voz ampliaria a experiência de leitura. Dante é apresentado ao leitor apenas pela perspectiva de Aristóteles, então não sabemos exatamente o que passa pela sua cabeça, somente o que ele fala e os pensamentos de Ari sobre ele. Essa falta poderia levar a um julgamento distorcido a respeito dos problemas de Dante. A relação aberta entre ele e seus pais não significa que seus problemas são mais “fáceis” (até porque não deveríamos compara-los dessa forma) e podemos perceber isso no desenrolar da história, mas em nenhum momento conhecemos Dante pelos olhos de Dante.
"Fechei os olhos. Acho que esse era meu novo hábito. Eu não precisava explodir de raiva. Bastava fechar os olhos e trancar o Universo do lado de fora."
Apesar de tudo, alguns aspectos me incomodaram. O livro, no geral, é heterogêneo. Além da montanha-russa de acontecimentos - instantes mais calmos intercalados com outros bem mais trágicos -, há vários diálogos e cenas que me soaram muito artificiais. Não eram exatamente ruins, só não me pareceram verossímeis o suficiente. Talvez seja apenas um problema pessoal, porém, em determinados momentos parecia que eu estava lendo outro livro.
Por fim, uma coisa que eu me questionei foi o porquê da história ser ambientada em 1987, já que ela poderia ter acontecido nos dias de hoje sem nenhuma mudança significativa no romance. Há uma resposta simples para essa pergunta: a adolescência e os sentimentos retratados são atemporais. Apesar do contexto diferente com que cada geração se depara, o que sentimos costuma ser muito próximo. Aristóteles e Dante podem ser eu, você ou qualquer outra pessoa. Todos queremos descobrir os segredos do Universo, não é?
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3 comentários
Quando a Editora ofereceu a prova desse livro, logo me interessei pela leitura. Porém, resolvi pesquisar um pouco sobre ele e acabei pegando spoilers sobre o relacionamento dos personagens. Mas, mesmo assim, parece ser um livro encantador. Estou bem curiosa para conferir.
ResponderExcluirQue bom que, apesar dos aspectos que incomodaram você, o saldo final foi positivo.
Beijos
alemdacontracapa.blogspot.com
Tbm vi um vídeo de uma blogueira com um baita spoiler totalmente desnecessário do livro. Achei a história bacana, bem sentimental. :)
ExcluirRaquel Moritz
www.pipocamusical.com.br
Gente, esse livro! <3 Lembro de me interessar por ele antes de sabe que ia sair em português, mas só fui adiando a leitura. Ontem, resolvi baixar pra fazer um test-drive (estou lendo tanta coisa ~desnecessária que ando com medo de comprar livros e perder dinheiros) e fui lendo. Quando me dei conta, metade do livro tinha já tinha ido e eu nem me toquei. Adoro quando livros me prendem assim. Agora, quero a edição impressa porque dizem que a diagramação é linda!
ResponderExcluir"eu me questionei foi o porquê da história ser ambientada em 1987, já que ela poderia ter acontecido nos dias de hoje sem nenhuma mudança significativa no romance."
Eu já acho que a história ambientada pós boom da internet teria mudado muita coisa, senão tudo. A não ser que o mundo do autor não tivesse celular, câmeras, computadores... E fora que eu sou nostálgica e curto muito esses livros passados antes de 2000.