A cidade do sol Adriana Araujo

Por que as pessoas não gostam de histórias tristes?

5.4.14Unknown


Olá, jovens, hoje vamos falar sobre algo que não se deve discutir: gosto. Aí, você, leitor, pensa: "que menina maluca, falar de algo que não se discute", pois é esse mesmo o objetivo, falar sobre o que ninguém mais fala. E como não vamos exatamente  discutir o assunto, só refletir sobre, acho que tudo bem. O assunto é mais especificamente gosto por gênero; literário e de filmes. Após ser tachada por amigas como uma pessoa com um gosto meio estranho pra filmes e livros, por preferir tramas mais dramáticas, fiquei me questionando sobre o assunto: por que as pessoas têm tanta dificuldade com histórias  tristes?

Quer pensar um pouco mais sobre o assunto? Vem comigo!

É fato: A maioria dos meus filmes e livros favoritos é composta por dramalhões, nos quais rolam muitas lágrimas, pena e  sofrimento eterno por causa do personagem. Geralmente as pessoas têm câncer, tá rolando uma guerra, ou há uma situação de opressão, enfim, são situações em que a  morte é algo previsível. Não consigo entender por que as pessoas têm tanta aversão a essas histórias, porque elas costumam ser bem bonitas, geralmente envolvendo um grande amor e às  vezes uma separação. Nada demais, certo? Essas coisas acontecem na vida real, e quem vive a situação não tem como escapar dela. Vivenciar essas experiências através de livros e filmes gera algo semelhante a uma catarse*, o que é muito melhor que viver a situação de verdade, embora isso não seja uma escolha, mas vocês entenderam. (–q)
*antigamente ao assistir as tragédias gregas o público se sentia purificado, agradecido por "viver" aquelas situações através do espetáculo e não por meio de um acontecimento real de suas vidas.
 

Eu sempre sofro bullying por parte das pessoas quando digo que tais obras são as minhas favoritas, a maioria sempre comenta: “você gosta de sofrer” ou “Deus me livre”. As pessoas se negam a ler ou ver um filme porque vão chorar e ficar tristes com a história. Só que não se atentam ao fato de que ao se recusarem estão perdendo muito enriquecimento cultural. Eu, por exemplo, aprendi muito sobre a cultura afegã lendo “A cidade do sol”, um livro triste de doer, mas que não me arrependo de ter lido em nenhum momento, tamanho aprendizado sobre uma cultura tão diferente.  Eu até entendo a justificativa das pessoas que afirmam não querer sofrer, que a vida já é amarga o suficiente, mas é ficção, gente!! E antes que vocês digam que sou fria e insensível, eu lhes digo que não sou e que também sofro com o livro/filme. A diferença é que sempre penso na história que posso estar perdendo e acabo embarcando nela  apesar do inevitável sofrimento.


Para comprovar minha tese, vou contar duas experiências. A primeira aconteceu comigo: outro dia escrevi aqui pro CC uma resenha de um livro triste, o “Depois Daquela Viagem” e o índice de leitura da resenha não foi muito alto, me fazendo acreditar que poucas pessoas tenham ido em busca do livro para lê-lo. E a outra foi com uma amiga, que ao ganhar de amigo-oculto um livro triste, com trama baseada numa doença ( por sinal, é o tema do livro que eu resenhei - o tipo de tema que as pessoas parecem gostar menos), correu para trocá-lo. Tenho ainda uma outra amiga que sempre deserta de todas as minha indicações de livros e filmes, e nunca quer ir ao cinema comigo porque já sabe que vou escolher esses filmes, o que nem sempre é verdade, pois eu também vejo filmes e leio livros com outras temáticas.

Então, povo, vamos repensar esses hábitos e abrir as cabecinhas para o que tem de bom em toda obra de arte. Vamos parar de renegar livros e filmes maravilhosos por puro julgamento. Não é porque o livro/filme é triste que ele é ruim, na maioria das vezes é exatamente o contrário. Fica aqui o meu desejo de que as pessoas abram os braços para essas histórias que podem nos ensinar e nos fazer refletir sobre várias situações que não pudemos (e nem queremos) vivenciar "de verdade".



E você, curte historias tristes? Conta pra gente!

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13 comentários

  1. Adriana eu simplesmente amei sua postagem!
    Gosto muito de filmes meio tristes e dramáticos e penso do mesmo jeito que você. Histórias tristes podem ser tão boas quanto as que tem finais felizes, ou até mesmo melhores.

    Beijos!
    Fernanda.
    http://blogimaginacaoliteraria.blogspot.com.br/

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  2. Valeu pelo comentário, Fê! História triste é o que há. haha

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  3. Acho que essa discussão/reflexão caiu no "gosto não se discute" porque não consigo pensar em nada coerente para dizer.

    Eu não gosto de histórias tristes. Não gosto de histórias que são só dramas, dispenso todas. Simplesmente não gosto do sentimento ao ler sobre uma pessoa que só se ferra na vida, uma pessoa impotente, vítima indefesa e tal. Só que, veja bem, reconheço o valor dessas histórias. Podem ser lindas e tal, principalmente quando rola um final feliz, mas...

    A vida é curta. A gente não pode ler/ver tudo o que quer. Então filtramos de acordo com o que a gente acha que mais vai gostar. É normal. Claro que podemos estar perdendo muita coisa boa, mas: prioridades.

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  4. Pra ler um livro que eu sei que vai me fazer chorar por ser triste, preciso estra no clima pra isso. Preciso acordar e pensar "hoje eu quero ler alguma coisa triste", mas o mesmo vale pra livros com romance, ação, aventura, fantasia e etc. E como histórias muito tristes e com muito drama e com muita choradeira costumam me encher o saco, nunca ficam na minha lista de prioridades. Aliás, acho que um pouco é isso mesmo, questão de prioridades. Entre ler um livro com um tema que costuma me deixar morrendo de tédio depois de 50 páginas e ler um com um tema que realmente me interessa, eu sempre vou pro que me interessa. Às vezes calha de ser exatamente aquele mais triste, mas na maioria das vezes, não.

    Mas tem diferença entre não gostar e achar ruim. Não gosto de coisas com muito drama e choradeira, mas não assumo que são ruins só por causa disso. Acho que o preconceito entra mais aí, em achar que é ruim só por ser de um gênero que você não gosta.

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  5. Eu adoro livros com histórias tristes, mas não do tipo câncer books em que a história fica ali só em volta do sofrimento do doente, da família e tal. Meu tipo favorito é o livro que tem uma história triste no sentido de que não tem um final feliz ou totalmente feliz ou que tenha um tema triste, mas o livro não é só sobre isso e que os personagens conseguem ter momentos engraçados, de raiva, felicidade e etc.

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  6. Oi!
    Gostei muito do post. E compartilho da sua opinião de que histórias tristes também têm muito para nos ensinar.

    Claro que há algumas exceções, como no caso da saga clássica dos filmes do Homem-Aranha (aqueles que eram estrelados pelo Tobey Maguire). O coitado SÓ apanhava e se ferrava sempre, fato acabava tirando um pouco da essência divertida do herói.

    Entretanto, os exemplos de histórias que, apesar de tristes, me ensinaram muito sobre as coisas do mundo e da vida, são inúmeros! Eles nos mostram como superar dificuldades, ultrapassá-las ou, na pior das hipóteses, se divertir mesmo em meio à elas. Essas histórias acrescentam muito!

    E gostei demais dos comentários da Lais e, principalmente, da Mareska, que defendeu que é preciso estar no clima para sentir a história corretamente. Pois, assim como disse Lin Yutang, em A Importância de Viver, "Não há no mundo livros que se devam ler, mas somente livros que uma pessoa deve ler em certo momento, em certo lugar, dentro de certas circunstâncias e num certo período da sua vida".

    A propósito, ótima postagem! \0,

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Galera, obrigada a todos que comentaram.

    Mareska, concordo com seu comentário. Eu adoro histórias tristes, mas também preciso do momento certo pra lê-las. E essa coisa do preconceito pelo que não se conhece/ não se aprecia, foi justamente o que eu quis mostrar. ;)

    Lais, esses que conseguem mostrar algo além do drama de uma doença ou de uma guerra são os que eu gosto. Um filme/ livro que só explora o sofrimento torna-se chato, pq não se tira nada. Por exemplo, "Antes de partir" é um filme sobre câncer, mas aborda outras coisas: amizade, família, a importância de aproveitar a vida, etc. fazendo com que se tire muito dele, não só sofrimento.

    Luan, lindo esse trecho que você destacou, casa bem com o que disse a Mareska, e reitera o que o Felipe disse, cada um sabe o que é bom para si. A ideia desse post foi motivar as pessoas que nunca leram nada mais dramático apenas por julgar ser triste, e por consequência ruim (na visão delas) a darem uma chance, e se realmente não gostarem ok, mas sem julgar quem gosta.

    Felipe, concordo com vc na questão das prioridades. Você, enquanto leitor, sabe o que lhe dá mais prazer. Se você reconhece o valor da obra, mas ela não faz seu gênero, faz sentido se abster. O que eu quis dizer no post é que muitas pessoas, assim como disse a Mareska, julgam ruins sem dar uma oportunidade, apenas por ser o tipo de livro que elas não gostam.

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  9. "Depois Daquela Viagem" foi uma leitura obrigatória na minha escola. Eu mergulhei na história do livro e vários dos meus amigos que leram também, consideram-o como favorito.
    Enfim, eu não gosto de histórias tristes. Pelo simples fato de eu vivenciar intensamente a tristeza da personagem e isso acaba atrapalhando meu dia-a-dia (juro). Quando eu vou ler/ver algo triste, eu me preparo (vulgo procuro spoilers) para lidar com a ideia antes. Hahaha.
    Isso que dá ser sensível. :P

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  10. Oi, Daniela! Também conheço pessoas que não gostam de histórias tristes pelo mesmo motivo que vc, pq ficam mal por causa delas. Isso é compreensível, afinal, as pessoas sentem de modo diferente. Eu fico triste, choro com algumas histórias, mas é só na hora, depois fico bem. Isso é mt particular. Se eu ficasse mal por elas, provavelmente não gostaria de histórias tristes tbm.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Procure um psicólogo!

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  13. Gosto de livros com histórias e dramas reais, com tudo o que nos faz humanos. Não é um entretenimento, você não o lê um livro como histórias tristes por diletantismo, por divertimento. É um livro que enxergamos os problemas dos outros, mas também vislumbramos problemas nossos e nos percebemos dentro de circunstâncias que estão diante de nós.

    Essa é a ideia, de nos misturar com o livro e deixarmos ser afetados por ele. Ao lermos possamos descobrir onde eu sou menos humano, onde eu sou menos gente. Eu faço esse exercício para me humanizar e de sofrer com o livro.

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