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Desconstruindo vilões: O que o seu vilão preferido diz sobre você?

11.4.14Anônimo


Você sabe dizer quem é o vilão de A Culpa é das Estrelas? (resposta no final)

Por trás das sextas temáticas (nesse abril: vilões) rolaram várias conversas lá no grupo secreto do CC. Em uma delas a Igra disse que não sabia nada sobre vilões e daí começamos a discutir que vilões não são coisas apenas de super-heróis. E mais ainda: que vilões não são apenas caras maus que querem destruir o mundo. Toda história tem algum tipo de vilão e, não por acaso, são principalmente nas histórias de super-heróis que nós podemos entender a complexidade do que é ser o vilão. Só para dar uma ideia, em Watchmen o vilão quer salvar o mundo!

Mas dá para chamar alguém com esse objetivo de vilão?! O que é um vilão, afinal de contas?!

Leia abaixo para descobrir.

Heróis inspiram. Mas não porque salvam criancinhas de prédio. O que nos conquista são seus defeitos e falhas, tão semelhantes às nossas, mas que não os impedem de tentarem serem pessoas melhores. Com isso, nos fazem acreditar que nós também podemos superar os problemas. O Batman te ensina a pegar uma tragédia familiar e transformar em energia para mudar o mundo. É o que acontece em Something Terrible, tirinha inspirada em fatos reais que conta a história de uma vítima de estupro que encontra a coragem para superar seu passado na figura do vingador mascarado.


É a partir daí que podemos entender o que é um vilão. Todo o herói tem sua ideologia e toca algum tipo de pessoa com sua história. Todo o vilão é a subversão dessa ideologia. Não é necessariamente mal, é apenas oposto, antagônico. Ao contrário do Batman, o Coringa transformou sua tragédia pessoal em caos e violência. A luta contra o palhaço é a própria batalha interna de Bruce Wayne, que tão facilmente poderia ter cedido a loucura depois da perda dos pais.

É exatamente isso que torna um vilão assustador: não seus atos de violência ou seus planos elaborados, mas suas semelhanças com o herói e, consequentemente, com quem se identifica com ele.

Os vilões são o Grande Talvez dos heróis. 

Querem mais exemplos? 


Professor Xavier vivenciou o preconceito e luta de forma política e pacífica pela igualdade. Enquanto Magneto sofreu o ódio do nazismo em sua pele e se tornou ele próprio um nazista em nome dos mutantes, procurando sempre o extermínio da raça “normal” em prol daqueles que considera “superiores”.

A Mulher Maravilha veio a terra para militar pela paz, mas ergueu suas armas contra Ares, o Deus da Guerra, para evitar tornar-se como ele, refém de um princípio. Ela escolheu pelo que vale a pena lutar.

Homem-Aranha, fantasia definitiva de qualquer nerd. Um rapaz sem aptidão social que encontra libertação através da ciência. Mas que tão facilmente poderia ter se tornado mesquinho como o Doutor Octopus, ou insano como o Duende Verde, ou vítima de seus próprios experimentos, como o Lagarto.

E não podemos esquecer o Super-Homem, a figura na qual todos pensamos ao ouvir a palavra herói. Alguém cheio de privilégios que busca usa-los em prol de um bem maior, diferente de Lex Luthor, que teve recursos e oportunidades incontáveis na vida, mas os usou apenas em benefício próprio. Extraterrestres como Brainiac e o General Zod mostram como o laço de Clark com a terra é importante, e como seria fácil tornar-se alguém destrutivo sem ele.

É claro, só falamos por aqui de vilões de histórias em quadrinho, mas isso se aplica em todas as histórias. Zumbis antagonizam o desejo de sobrevivência, a corrupção antagoniza o conceito de justiça, o ciúmes antagoniza a integridade conjugal. 

E você, qual seu vilão favorito? Já pensou no que ele pode dizer a seu respeito?

O vídeo abaixo do TED mostra como a Jornada do Herói pode se aplicar a todos nós.


Podemos dizer que o vilão de A Culpa é das Estrelas é a ideia de que quem tem câncer está morrendo. No início da história Hazel se encontra quase em depressão, vivendo de qualquer jeito, porque tem câncer, mas no decorrer da história ela vence essa ideia e aprende que pode viver como qualquer outra pessoa. Afinal, estar morrendo é um efeito colateral de estar vivo.


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3 comentários

  1. Oi!
    Nossa, preciso ler mais sobre Joseph Campbell. Eu já tinha lido um pouco sobre esse ciclo, mas só depois dessa matéria (e do vídeo) é que fui reparar no quão incrível ele é.

    Adoro vilões, de uma forma geral. Então há vários que me atraem, como o Coringa (claro), Loki, Darth Vader, Smeagol, Moriarty e, até mesmo, Motherfucker.

    Acho interessante observar a forma como eles se “transformam” em vilões, acentuando suas personalidades psicóticas ou modificando suas personalidades originais. Alguns deles, como o Darth Vader, acabam nascendo primeiramente como um herói, mas passando por situações que não conseguem superar. Outros, como o Motherfucker, querem apenas se sentir úteis e importantes, mas têm dificuldades em se destacar ou em impressionar àqueles que desejavam, num primeiro momento.

    Não sei o que isso quer dizer sobre mim, porém, amo observar o nascimento dos vilões. E creio que um bom vilão ajude bastante na concepção de um bom herói.

    Ah, parabéns pela matéria! Gostei muito da indicação do vídeo, também. =)

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    Respostas
    1. Na verdade, Darth Vader faz exatamente o que promete: ele é o escolhido que vem para trazer equilíbrio para a força.

      Quando ele era pequeno, haviam centenas de Jedis e apenas um Sith.

      Quando ele assume seu lugar como vilão, restam apenas dois Jedis e dois Siths

      Acho isso uma das coisas mais geniais de Star Wars<3

      Eu ainda não li Kick-Ass para saber mais do Motherfucker, mas está na lista deste ano de HQ's a serem lidas!

      Que bom que gostou!

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  2. Para mim um grande heróis só se faz com um grande vilão. Mas esse vilão não pode ser de qualquer tipo. Antes ele tem que espelhar (ainda que de forma distorcida) aquilo que vemos nos heróis. Precisam ser seu nêmesis. Xavier e Magneto, Batman e Coringa, Superman e Lex Luthor. Esses heróis tem tanto em comum com seus vilões que chega a impressionar que os papéis não tenham se invertido tornando Xavier, Batman e o Superman em vilões e Magneto, Coringa e Luthor em heróis. Aliás, adoro as histórias em que um Luthor de um universo paralelo pede ajuda para a Liga da Justiça combater suas contrapartes malignas, ou quando Magneto assume o comando dos X-Men como no clássico Dias de um Futuro Esquecido (ansioso pra assistir o filme!). Essa linha tênue entre moralidade e vilania é o que fascina nesses heróis.
    Quanto a Darth Vader esse é um capítulo a parte. Personagem mais tridimensional de todos os que existem em Guerra nas Estrelas, vemos na realidade sua saga de ascensão, queda e redenção no circulo completo relatado por Joseph Campbell no monomito da Jornada do Herói. Em uma duas palavras: Simplesmente foda!

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