- Autora: Fernanda Torres
- Editora: Companhia das Letras
- No Skoob
Minicrítica - Resenha
Em seus últimos minutos de vida, Álvaro, Ciro, Ribeiro, Neto e Silvio, que uma vez já foram grandes amigos, refletem sobre o rumo de suas vidas e as relações que tiveram, mantiveram ou destruíram no decorrer dos anos. Através de uma narrativa melancólica e crua, vemos suas mortes, a reação de parentes e amigos em seus enterros, assim como os momentos que definiram seus destinos. Um livro maduro, que compartilha da aura desapaixonada de seus personagens, mas parece sempre a um passo de ser realmente incrível.
Fim não é, nem de longe, um livro ruim. A escrita é consiste, seu conceito é interessante, a caracterização dos personagens é bem feita. Cada capítulo abre com a data de nascimento e morte de um dos cinco amigos, então se desenvolve em primeira pessoa, trazendo o fluxo de pensamento da vitima da vez poucos momentos antes de sua anunciada morte. A partir dai a narrativa passa para a terceira pessoa, um distanciamento que vêm para acompanhar o clima de velório – literalmente.
pontos pelo marketing sagaz |
O charme do texto está nessas mudanças de perspectivas. Vemos as coisas do ângulo extremamente parcial do protagonista, vemos como ele interpreta sua vida e seus relacionamentos. Então ele morre e somos apresentados a todos esses personagens do qual ouvíamos falar, e descobrimos que a opinião do protagonista dizia mais sobre ele do que sobre as pessoas ao seu redor. Conhecemos o outro lado da história. O resultado é uma colcha de retalhos de impressões.
Fernanda Torres sabe dosar as histórias dos cinco amigos para que não soem genéricas e fracas, tampouco absurdas demais. Elas têm o toque de incomum das boas conversas de bar, e os personagens não deixam nada a desejar. Cada um tem suas características e trejeitos marcantes. Silvio e Ciro, em particular, têm histórias que considerei fascinantes. De fato, há muitos elogios no livro. Mas há também um problema:
Eu não consegui me animar com ele. Não posso dizer que há uma boa razão, e te garanto que não o peguei de má vontade. Foi escolhido a dedo, inclusive. Ele só não me envolveu como deveria. O ritmo, que é um pouco estranho, talvez tenha interferido nisso, os capítulos foram ficando cada vez menos consistentes e amarrados, a meu ver. Não sei se isso foi intencional. Talvez não tenha lido ele na hora certa, talvez eu não seja o público-alvo, talvez os astros estivessem em desalinho. Não sei. Só sei que nenhum trecho do livro realmente me tocou, nada nessa obra transcendeu para mim. E isso é triste.
Mas se quer meu conselho, o leia mesmo assim. Tecnicamente falando, não há nada de errado com ele e Fernanda Torres é, por si só, uma pessoa incrível o suficiente para valer a aposta - tanto é que registro aqui a intenção de adquirir um próximo livro, se um dia houver.
A companhia das letras é uma linda e tornou essa resenha possível (pra começar, por publicar o livro, né) ao nos ceder este exemplar. Para você, Cia., tudo de bom!
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3 comentários
Não conhecia esse livro. Achei a proposta bastante interessante, adoro essa coisa de expectativa/realidade ou, num sentido mais amplo, de uma parte desmentir a anterior. Coloquei na minha lista de desejados.
ResponderExcluirJá li e recomendo. PERFEITO
ResponderExcluirbom dia.... quem é o autor da resenha? Dana Martins? a criadora do blog ConversaCult?qual a cidade?
ResponderExcluirquero utilizar como referência na minha pesquisa.
agurdo, Luciane