Fevereiro está chegando ao fim e é claro que precisávamos vir aqui falar do trabalho do nosso guia de viagem do Japão, Haruki Murakami. O fenômeno mundial "1Q84" é a obra mais conhecida do escritor, mas hoje apresentaremos outros três livros dele, "Minha querida Sputnik", “Norwegian Wood” e “Blind Willow, Sleeping Woman”. Quer conhecer livros bons e diferentes? É só continuar lendo o post!
Esse post faz parte do Volta ao Mundo em 12 Livros. Ainda não conhece o projeto?
>>> “Minha querida Sputnik” (Alfaguara), por Paulo
Depois de duas semanas de “nah, leio em outra hora”, descobri como “Minha querida Sputnik” é bom. Mesmo com dificuldades no início do livro, que tem uma explicação muito legal para o título, não consegui parar de ler depois de pegar o ritmo certo. O primeiro acerto do escritor foi o enredo interessante e original. Ele nos apresenta a Sumire, uma jovem aspirante a escritora que vê sua rotina diária de escrita mudar quando recebe uma proposta de Miu, uma mulher casada e dezessete anos mais velha por quem se apaixona perdidamente. Quem acompanha essa saga é K., narrador da história e professor em uma escola primária. Ele e Sumire são amigos desde a faculdade, mas K. sempre sentiu algo a mais por ela. A partir das diferentes formas de amor, Murakami desenvolve a história por rumos inesperados.
Demorei a me acostumar com a escrita do Murakami, porém, assim que me conectei com o romance, percebi o quanto ela é simples e encantadora. Há várias passagens muito boas e que fazem você pensar como é impossível não amar alguém que as escreve. Não posso deixar de comentar o realismo fantástico, já que essa é uma das marcas do autor e o que torna seu trabalho ainda mais especial. Em vez de algo completamente louco, como eu imaginava antes de ler, é muito bem inserido, compondo naturalmente a história. Senti um certo estranhamento num primeiro contato com os elementos fantasiosos, mas as adversidades logo se mostraram verossímeis com aquele mundo.
No fim, minha primeira experiência com o Haruki Murakami foi mais que positiva. O livro é completamente inovador entre o que eu costumo ler e me mostrou várias possibilidades dentro da escrita. Até o final meio aberto, o que costuma me incomodar, é mais um dos ponto altos do romance. “Sputnik Sweetheart”, na versão em inglês, foi a maior prova de que ler algo diferente é sempre necessário.
Demorei a me acostumar com a escrita do Murakami, porém, assim que me conectei com o romance, percebi o quanto ela é simples e encantadora. Há várias passagens muito boas e que fazem você pensar como é impossível não amar alguém que as escreve. Não posso deixar de comentar o realismo fantástico, já que essa é uma das marcas do autor e o que torna seu trabalho ainda mais especial. Em vez de algo completamente louco, como eu imaginava antes de ler, é muito bem inserido, compondo naturalmente a história. Senti um certo estranhamento num primeiro contato com os elementos fantasiosos, mas as adversidades logo se mostraram verossímeis com aquele mundo.
No fim, minha primeira experiência com o Haruki Murakami foi mais que positiva. O livro é completamente inovador entre o que eu costumo ler e me mostrou várias possibilidades dentro da escrita. Até o final meio aberto, o que costuma me incomodar, é mais um dos ponto altos do romance. “Sputnik Sweetheart”, na versão em inglês, foi a maior prova de que ler algo diferente é sempre necessário.
>>> “Norwegian Wood” (Alfaguara), por Michelle
“Norwegian
Wood” é uma história que fala de amor (a importância do primeiro amor e seu
efeito sobre os relacionamentos seguintes, o amor não correspondido, o amor
como muleta, o amor perdido que se tenta resgatar), de amizade (melhores amigos
de infância, amigo “por tabela”, amizade entre pessoas totalmente diferentes) e
de morte (como cada um lida com a perda, seu papel assustador para uns e
libertador para outros). E, por falar de assuntos tão universais, é um livro
que mexe muito com o leitor. Do mesmo modo que causa identificação imediata em
algumas situações, a história também gera incômodo, ainda que num primeiro
momento não seja possível perceber por quê.
Foi meu segundo contato com Murakami e, embora não tenha sido tão impactante quanto da primeira vez, foi uma boa experiência. Como segue um ritmo bem lento, recomendo aos que gostam de tramas mais reflexivas, em que o mais importante não é o destino, e sim a viagem.
O
tom da narrativa é melancólico e os personagens estão de alguma forma presos ao
passado e atravessam os dias como fantasmas, sendo levados pelas circunstâncias.
Somente no final parece que “acordam” desse torpor e decidem tomar as rédeas do
destino em suas mãos. Como em outras obras do Murakami, há algumas cenas
inexplicáveis, que parecem estar presentes apenas pela beleza plástica. A
música, mais uma vez, é um personagem da história. E o contexto histórico dos
anos 60/70 (revolução cultural, liberação sexual, movimentos estudantis contra
a Guerra do Vietnã) é muito bem explorado pelo autor.
>>> “Blind Willow, Sleeping Woman” (Vintage), por Diego
O desafio de ler Murakami é aceitar que nem tudo tem explicação. Em um livro de contos, isso se torna cada vez mais fácil. Há metáforas que estão além da minha capacidade, mas os sentimentos são claros e as histórias incríveis. Em Blind Willow, Sleeping Woman, explicações são esquecidas e pontas deixadas soltas para intrigar. Não conseguimos identificar o que é realidade e o que é “extraordinário” em cada história, ou se há mesmo essa distinção.
Uma coisa que achei interessante é que, ao menos até onde pude perceber, nenhum personagem tem nome. O protagonista nunca é nomeado, e as pessoas a sua volta são “a outra garçonete”, “meu amigo”, “a namorada dele”. Isso torna as figuras maleáveis para a imaginação. A sensação é de alguém estar contando uma história engraçada ou incomum da sua vida. O texto se torna muito fácil de ler, bem longe de uma literatura rebuscada e extravagante.
Como são mais de vinte histórias, não irei me pronunciar sobre enredos, mas meu conto favorito provavelmente foi “Aeroplane: Or, How He Talked To Himself as If Reciting Poetry”, sobre adultério e poesia.
"Nos sonhos, não precisamos fazer distinções entre as coisas. Em absoluto. As fronteiras não existem. Por isso quase nunca há colisões em sonhos. Mesmo quando há, não machucam. A realidade é diferente. A realidade morde."
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2 comentários
Fiquei com vontade de ler o primeiro, Minha querida Sputnik. Já ouvi falar desse livro, acho que vou lê-lo.
ResponderExcluirhttp://prefirobsides.blogspot.com.br/
Norwegian Wood foi meu primeiro livro. Resultado: partindo para outros títulos.
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