Bruno Luiz Mattos CCLivros

[Em primeira mão] No encontro de uma Constante, de Bruno Luiz Mattos

25.2.14Igraínne


OI, CRIANÇAS. Recentemente, conversando com um amigo sobre o Nanowrimo, originais e otras cositas más, a ideia de uma nova coluna despontou em nossas mentes. Uma coluna que teria por objetivo resenhar originais de escritores frustrados - mas como se seus livros já tivessem sido lançados (pausa-para-gritinhos-histéricos). Depois de muito debate, enfim chegamos ao "Primeira Mão", onde não só resenhamos como também damos espaço à sinopse oficial, capinha divulgada no blog e até mesmo uma entrevista!!!1!!111!!! Como a ideia original era do Bruno, meu amigo, ele começou a coluna no blog no qual ele participa, o Drafts da Nica. Lá, ele resenhou o meu livro (MOCIONADAAAA), o "Joana e Maurício", cuja maior parte do enredo foi realmente escrita durante o NaNo.

Mas agora é a minha vez de dar o troco!!! Minha vez de resenhar o original dele. E apresento-lhes a poesia renovada de "No Encontro de Uma Constante".


Por ser um livro de poesias, decidi escolher a minha favorita de toda a coletânea para iniciar o post. "Folhas Brancas" me atraiu especialmente pelo fato de que é uma das poucas poesias que parecem destoar do conteúdo geral do livro. Isso sem falar no fato de que só por causa dela, há, ainda no início da obra, uma folha branca a mais. Exatamente o tipo de sacada curiosa que eu acho genial. É uma reflexão que parece vir do próprio escritor, de um pensamento mínimo de todo poeta: qual o próximo poema que eu escreverei? Como irei preencher essa página tão linda e limpa?

Li o "No Encontro..." em três dias. É um livro leve, curto e que faz você refletir sobre a sua própria crítica literária interna. Como assim? Bom, só pelo fato de ser um livro de poesia já proporciona uma comparação involuntária. A maior parte dos escritores (ou pseudoescritores) escreve, além de romances, poesia de gaveta. E a maior parte desse pessoal nunca pensou em publicar, curiosamente, essa mesma poesia engavetada.

A não ser, é claro, o próprio Bruno. Uma coisa que notei em suas poesias foi que elas tinham uma temática contínua, eram de fundo amoroso/pessoal, e a maior parte parecia seguir uma única inspiração. Era como se eu estivesse olhando dentro do coração do autor, de certo modo era bem íntimo. Poesia que é poesia é sempre íntima, não é mesmo? 

Além disso, numa das comparações que eu fiz com minhas próprias poesias, percebi que o Bruno tem o hábito de dar títulos a todos os poemas que escreve, uma coisa que eu nunca faço - e até de certo modo me incomodou, porque às vezes parecia que os versos eram inspirados no seu título específico, e não o contrário. De qualquer modo, acredito que esse ponto é mais uma questão pessoal, porque conheci muitos autores de gaveta que tinham a mania de dar título a tudo.

Sempre que uma música se comunica conosco, é sinal de que algo precisa ser escrito. Trazendo à tona aqueles momentos e sentimentos intrínsecos a nós mesmos, o que será que os nossos pensamentos e sentimentos querem dizer? As linhas escritas podem ser apenas versos enfeitados ou histórias que queremos contar, mas não caberiam todos eles na explosão da poesia?

Qual a sua constante? O que é forte em você e no mundo que se mostra suficiente para te fixar no presente?

“No Encontro de uma Constante” te convida a encontrar a resposta destas e de muitas outras perguntas que rondam nossos sentimentos mais íntimos, com forma e conteúdo irrecusáveis à leitura. A combinação perfeita de poesia e sentimentos.

Cada poema deste livro irá convidá-lo a mergulhar em si mesmo, em suas dúvidas e ausências, criando a mistura exata e, por fim, um silêncio: afinal de contas, encontro é paz. 


A sinopse me lembrou uma reflexão mais profunda acerca da vida, dos pensamentos, é quase filosofia. Conversando com o Bruno, a pergunta "Qual a sua constante?" sempre me pareceu multifacetada. A constante em nossas vidas é aquilo que nos acompanha sempre, sem lacunas ou brechas. E por que não poderia ser a própria poesia? Afinal de contas, não haveria como um poeta viver sem sua caneta, certo?

É exatamente o tipo de livro que eu indico para todo poeta/escritor em formação. Os versos ali não só nos fazem refletir, mas também nos fazem pensar em coisas que não teríamos pensado se não tivéssemos dado uma oportunidade à obra. Acredito que qualquer texto é capaz de nos influenciar, mas sempre disse a todo mundo (meus amigos são testemunhas) de que a poesia influencia o coração também. E acho que essa é diferença. 

Além disso, inseguranças à parte, poeta que é poeta só precisa se rotular assim para ser um, basta que escreva um único verso e já é poeta. Não importam as críticas, podemos ser Leminki's do futuro, Drummond's do pós-modernismo ou revolucionário como a galera do Um Milhão*. Basta que confiemos nas palavras, e elas serão capazes de nos guiar.
*aguardem um post a respeito.



E, para enfim encerrar o post, trazemos uma entrevista exclusiva com o autor do livro, Bruno Luiz Mattos!!!

Igra: Bruno, para começar, qual foi a sua maior inspiração para escrever esse livro?
Bruno: Boa pergunta, não posso dizer que escrevi um livro, porque não foi como se eu sentasse e pensasse "Vou produzir um livro de poesias". Apenas sempre usei a poesia como uma forma de dissipar tudo que acontece de ruim comigo, os dramas de adolescente que a gente sempre acha que é o fim do mundo. Com o tempo, escrevendo, mostrando e recebendo apoio, surgiu a ideia do livro. Minha maior inspiração então é a vida, principalmente o sentimento de Amizade em todos os níveis de relacionamentos, tanto que o livro é dedicado a todos meus amigos.

Igra: É por isso que você usa "Amizade" com letra maiúscula? Hahaha
Bruno: Acredito que sim, porque tipo, se meus amigos não tivessem falado tanto "que poesia legal", mesmo eu achando ela péssima, talvez teria desistido. Amizade é um dos sentimentos que mais te faz se sentir parte do mundo. Um relacionamento amoroso sem amizade tende ao fracasso, porque amizade é companheirismo acima de tudo. A ideia do livro foi plantada por amigos e mesmo que eu pensasse em fazer um livro, se não fosse esse pontapé inicial, nem sei. Aquela frase "cerque-se de pessoas boas" é realmente verdade. Amigos: Amizade. Eles merecem serem nomeados com letra maiúscula.

Igra: Mas então você nem teve um momento no estilo "agora eu vou desistir de vez!!!" ?? 
Bruno: Quando comecei o projeto do livro, mirei em editais de apoio cultural e acabei conseguindo pelo meu município, mas acabou que algumas coisas deram erradas. Parei e pensei "Ok, eu cresci muito produzindo o projeto do livro e agora posso tentar algo melhor". Para minha surpresa, o que tinha dado errado foi resolvido pela prefeitura e eu recebi o dinheiro para publicação. O que penso nem é em "desistir", pensava muito em "será que tá bom?", porque se de um lado arte é arte e não precisa agradar, por outro se você quer viver de criação (livro, produto, pinturas e etc) você precisa cativar, passar bem sua mensagem. O que penso agora é o quanto estou ansioso para falhar se tiver que falhar e acertar no que tiver que acertar, ambos trazem um crescimento enorme. Estava comentando com minha amiga, já pensou se a autora de 50 tons de cinza ficasse se perguntando "O que vão achar de mim?". Alguns gostaram e outros odiaram, mas ela publicou seu livro, ganhou dinheiro e pode melhorar. Criação se trata mais com exposição e com o pensamento. Falhar e querer desistir fazem mais parte do que acertar de primeira.

Igra: Concordo com o que você falou sobre a arte. Tem super razão. Mas e a poesia? O que a poesia significa para você?
Bruno: Vejo poesia como uma história. Mas uma história contada de forma resumida como, por exemplo, no filme In The House, onde o personagem principal fala "Mesmo se houvesse música, seus pés não dançariam". Você precisa percorrer todo o contexto do filme e do que "dançar na chuva" significa para entender o que ele quer dizer. Poesia é dizer eu te amo sem usar as palavras "eu te amo". Significa interpretar algo e querer transmitir isso de forma... como posso dizer? "Sensacional". Narrativa é tudo muito mastigado, porque esse é o objetivo dela, ninguém conversa em forma de poesia, no entanto todo mundo sente de forma poética. Costumo dizer "todos que já sofreram por amor têm uma história interessante para contar". Poesia é abstração para pode ser compreendida por cada um da forma particular que lhe cabe. A poesia "Folhas Brancas", por exemplo, é interpretada por alguns como realmente folhas e por outros como pessoas, no sentido de que todo mundo está esperando ser usado de forma especial.

Igra: "Folhas Brancas" é uma poesia de fato enigmática. Quase tão enigmática quanto o título do livro, não é? Qual é, afinal, a sua constante, Bruno? 
Bruno: Sempre tive medo dessa pergunta, rs. Todo mundo fica intrigado com o título. Ele é baseado no episódio de Lost "The constant", onde o Desmond precisava de uma constante para não ficar viajando no tempo. O episódio se comunicou muito comigo e por isso veio esse título para o livro. Uma constante pode ser um amor, um amigo, uma atividade e um infinito de outras coisas. No fundo temos várias constantes, aquela que é relacionada comigo é sobre minha vontade de querer ajudar as pessoas e criar coisas incríveis. Digo isso porque tudo que envolve essas coisas é o que me conecta muito ao mundo, que responde tantas perguntas. Um dia vou amar alguém que também será uma constante, porque quando amamos de verdade aquela pessoa vira uma parte nossa, não do passado de frustrações ou do futuro de dúvidas, mas do presente de decisões. Meus amigos são uma constante para mim, porque mesmo sendo poucos trazem o sentimento de pertencimento e isso é muito importante para qualquer um. A família também é uma constante, e pode parecer algo obrigatório, mas nem todo mundo respeita e valoriza sua família, o que é muito triste. Essas são as principais, há coisas mais simples, como gostar de ver séries, de tecnologia. Poesia também é uma constante, quando fico muito tempo sem escrever fico até triste haha.

Igra: E você pensa em escrever outros livros de poesia? 
Bruno: Vou escrevendo, se um dia tiver o suficiente para outro livro, acredito que sim, mas o que quero mesmo é um romance, mas ainda não consegui me disciplinar para tal.

Igra: Qual sua poesia favorita no livro?
Bruno: Tenho algumas, uma é impossível. "Sem você", "Mundo perturbado" e "Perdido no tempo". Seria meu top 3.

Igra: Sempre converso com você sobre meios de publicação. Você acha que a publicação online é a mais segura, a melhor opção? Por quê?
Bruno: Eu sou a favor do "Eu vou me publicar". Esperar por editora é perda de tempo, especialmente quando muitas estão buscando obras que se destacaram no mundo virtual. Eu diria que publicação online é um meio viável, tem os mesmos riscos da publicação física, porém com menos barreiras.

Igra: Para você, escrever é... ?
Bruno: Dissipar.

Igra: Para finalizar, o que você gostaria de dizer para os escritores de gaveta que estão lendo o CC?
Bruno: Publiquem, mesmo que seja um livro ruim. A menos que escrever seja seu objetivo de vida constante e esteja se profissionalizando (e mesmo assim...), dificilmente vai acertar de cara. Pesquisem sobre o mercado, façam um plano e execute. E mais que escritores, sejam empreendedores.

Tenha uma prévia do livro aqui, e ouça a música tema aqui.
Caso tenha interesse em adquirir a obra (ou apenas conversar), só entrar em contato com o autor pelo Twitter ou pela page do livro no FB.

E você, tem poesia engavetada? Venha nos contar!

- Igraínne M. 

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