Arrogancia clube de escrita

Clube de escrita: Nem tudo que você escreve é lixo

22.12.13Anônimo


Chegou a hora de abrir a gaveta, quer dizer, a cabeça.

Nós vivemos uma cultura que recrimina o orgulho. Um atleta olímpico, ao ser elogiado por seus feitos em competição, lança aquelas colocações de praxe “que isso, não foi nada!”, “devo tudo a vocês!” e alguns podem até ficar admirados com a humildade do campeão, que chegou tão longe mas não se deixa levar.

Já eu penso que é uma pena ter de ver esta pessoa desmerecer o esforço de toda uma vida só para agradar a audiência. Ter orgulho de seus feitos logo é confundido com arrogância, então a auto-depreciação é a reação automática a qualquer elogio. Quer um exemplo? Quantas vezes durante o mês passado, ao congratular um ganhador do NaNo, você não ouviu em resposta “magina, meu texto está horrível, vou ter que reescrever praticamente tudo, rs” ou algo do gênero?

Falar por falar não é o problema, o que me preocupa é quando começam a acreditar nisso. Você, caro escritor, já deve ter posto seu manuscrito de lado em algum canto escuro do seu computador. Tendo ganhado o Nano ou não. Se o fez por ter abandonado o texto no meio do caminho, torço para que retome o projeto e lembre que o mundo precisa do seu livro. Os ganhadores, no entanto, estão para entrar em um campo totalmente diferente: a edição. Não precisam ter pressa, deixem os manuscritos descansarem durante as festas, fermentem suas ideias com o champagne das vésperas e retorne só quando tiver olhos novos para ler o texto. Mas peço para que aproveitem também para refletir sobre aquilo que vou falar agora, e que tenham isso em mente quando começarem a edição:

Isso não é editar.

Você não escreve só lixo.

Exatamente o que você leu. Sim, eu sei que todo o propósito do NaNo é se deixar levar e escrever sem cobrar qualidade, apenas botando a história para fora, mas nem tudo o que foi produzido tem de ser jogado fora. Como escritor, é claro que você precisa conhecer seus defeitos, mas não esqueça das suas qualidades. É hora de fazer as pazes com o editor interno, para conseguir separa-los da sua insegurança.

O editor interno é aquele que diz: essa frase podia ser melhor construída; repeti demais certa palavra nesse paragrafo; esse personagem não soa natural...

A sua insegurança é aquela que diz: está tudo um lixo; nada nessa história faz sentido; eu nunca serei publicado, pois sou uma vergonha para a raça humana...

Eu, Diego, estou longe de ser o melhor autor do mundo, tenho sérios problemas com construções de frase e ortografia e às vezes desvirtuo demais meus pontos de vista durante a história. Eu sei disso. Mas eu também sei que sou bom na caracterização dos personagens, tenho uma narrativa flexível e sei brincar com metáforas. E eu não deveria me envergonhar disso, pois é o que faz o meu texto ser meu.
Isso é editar.

Se você ficar se penalizando continuamente e achar que está tudo ruim, vai acabar tirando você do seu próprio texto.

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5 comentários

  1. Apenas verdadessssssssss!

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  2. Escrever invariavelmente é um parto. Mesmo aquele texto inspiradíssimo que se escreve de um fôlego só, vai precisar de uma outra correção, edição ou melhora. Logicamente isso é bem diferente de se achar que tudo o que se escreve é horrível. É preciso bom senso nessa hora e contar com as sugestões dos amigos também!

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  3. Só corações pra você, Diego. Outro post lindo! <3

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  4. adorei.. achar esse "clube" ta me ajudando a colocar minha mente no lugar de novo, estava desmotivada com a escrita, mas essas dicas estão me ajudando a voltar a tentar escrever!

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    1. bem-vinda, kaa! isso deixa a gente muito feliz <3 estamos sempre aqui ou direto no @ConversaCult para conversar

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