Olá jovens, hoje vamos conversar sobre: livros clássicos! Eles são quase tópico obrigatório quando se trata de discutir a formação de um leitor. Tem gente que chama de velharia, porque alguns são mais velhos do que Cristo. (!!!!) Em minha opinião, eles já significam muito só pelo fato de resistirem até os dias de hoje. Pensa só na quantidade de textos escritos nesse tempo todo (até 2013!). Por que só alguns chegaram até nós?
Antes de tudo seria interessante definir o que é um clássico: são aqueles livros que constituem o que se chama de cânone literário, que é o conjunto dos livros considerados como obras de grande valor dentro do campo da literatura, pelos especialistas no assunto.
O papel do clássico na formação do leitor
Eu acho muito importante incentivar a leitura dos clássicos, mas uma das principais questões é: quando? Eu realmente não acho que a melhor forma de apresentá-los a um leitor seja na adolescência, quando o jovem ainda está dando os primeiros passos rumo à literatura. Conheço pessoas que foram obrigadas a ler Machado de Assis aos quinze anos e ficaram traumatizadas, desistindo dele pra sempre. Isso acontece com muita freqüência, pois volta e meia ouvimos alguém contando que teve que ler isso ou aquilo obrigatoriamente pra escola.
O primeiro clássico que li foi aos dezessete anos, ("Senhora" do José de Alencar), e não foi uma experiência ruim, porque eu já lia bastante (literatura adolescente), mas eu tinha colegas que nunca liam nada e sofreram bastante. Porque sim, os livros têm uma escrita diferente e um vocabulário muito formal e antiquado. Alguns são bem descritivos e cansam o leitor mais rápido, mas as historias são boas. Acho que realmente valem a tentativa. Depois desse primeiro eu confesso que (apesar de estar aqui defendendo os clássicos-q) não avancei muito na leitura deles. Só li Dom Casmurro, porque é definitivamente o clássico brasileiro mais famoso e a história parecia bem legal. E eu de fato não me arrependi, a história é legal.
Acho que os clássicos devem ser introduzidos aos poucos conforme a vontade do leitor em avançar aumenta. Até porque os livros clássicos podem ser uma boa maneira de se aprender História. E descobrir que os assuntos, por mais que não pareçam, são atuais. Por exemplo, em Dom Casmurro a história é de uma traição (ou não...) e foca em um triângulo amoroso sobre dois amigos e uma mulher. Isso é um tema super atual que poderia estar passando, por exemplo, na novela das oito.
Aliás, podemos fazer aqui uma breve observação sobre o fato de a literatura YA ter muito desse tema focado em Dom Casmurro, que é o triangulo amoroso, por exemplo, na saga Jogos Vorazes temos os personagens Peeta e Gale apaixonados pela Katniss; temos também em Cidade dos Ossos um triângulo envolvendo Clary, Simon e Jace, e por ai vai. Isso serve para comprovar que os temas que fizeram sucesso há anos continuam sendo os mesmos dos livros escritos atualmente. Além de que vários clássicos figuram em vários livros escritos atualmente como a saga “Crepúsculo” em que “O morro dos ventos uivantes” é o livro favorito da Bella, e o próprio Charlie da nossa Charlie booklist leu vários clássicos em “As vantagens de ser invisível”. E também por ela ser a base pra várias outras coisas como novelas e filmes, por exemplo, a novela “O cravo e a rosa” (atualmente na sessão da tarde) e vários filmes como “10 coisas que eu odeio em você” são inspirados no clássico de Shakespeare “A megera domada”.
Clássicos vs. A nova literatura
Quando falamos de clássico e de jovens no mesmo assunto, sempre começa uma disputa com a literatura juvenil. Professores e especialistas vêm essas obras recentes com muita desconfiança. Eu (e acho que a torcida do Flamengo inteira) comecei a ler com literatura adolescente. Isso é maravilhoso porque encontramos livros que carregaremos a vida toda (Harry Potter será sempre meu favorito -q). Ou até livros menos marcantes, mas que serviram pra nos fazer ter cada vez mais vontade de ler. O mérito dessa conversa sobre uma literatura mais "madura" é deles.
Outro “antagonista” dos clássicos são os Best Sellers, que são aqueles livros famosíssimos que estão dominando todas as listas de vendas, e em geral são aqueles livros menos queridos pelos críticos pelo fato de serem escritos para uma massa consumidora e que teriam teoricamente menor valor literário, por conter certa dose de itens que garantiriam seu sucesso. Eu, como leitora, discordo desse julgamento anterior a leitura, porque acho que o livro tem que ser julgado em si, e não por representar uma determinada categoria. Eu mesma adoro um bom Best seller, quem não gosta?
Outro dia, li um texto que falava exatamente sobre isso, (“Como se faz uma obra prima?” de Jurandir Machado da Silva) sobre como os livros de Dan Brown eram escrito seguindo uma fórmula que garantiria seu sucesso. Eu fiquei meio revoltada, pois eu tinha há pouco tempo lido dois livros dele (Anjos e Demônios e O Código da Vinci) e adorado. Fiquei me sentindo meio enganada pelo autor (Dan Brown), que conseguiu me fisgar justamente com a tal fórmula do sucesso descrita no texto. Mas depois refletindo sobre, cheguei à conclusão de que se eu tinha gostado do livro não importava se foi usada uma fórmula ou não. Eu achei a história boa e ponto. Isso basta. Acho que isso é o fundamental na literatura, as historias bastarem-se em si mesmas.
Tudo isso pra dizer que o preconceito acontece em mão dupla (e essa é a palavra mais correta pra se usar, pois o que temos é um pré-conceito com algo que ainda não conhecemos). Da mesma forma que os jovens têm preconceito com os clássicos, os mais velhos ou especialistas podem também ter preconceito com a literatura que temos lido, seja ela juvenil ou Best Seller.
Pra fechar, como já falei pra vocês, não consegui avançar muito na leitura dos clássicos, mas tenho uma listinha com alguns que tenho vontade de ler e espero dar cabo dela aos poucos, enquanto leio também uns bons Best Sellers e também literatura juvenil (apesar de já ter 21 anos -q). Porque acho que nós leitores não temos que ter uma visão “quadrada” de só ler “a” ou só ler “b”. Bom leitor, na minha opinião, tem de ter a cabeça aberta pra ler o alfabeto inteiro.
Aproveite para começar a Charlie's Booklist:
a lista de clássicos que Charlie leu em As Vantagens de Ser Invisível.
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4 comentários
Muito interessante o que voce fala de preconceito...gostei da forma que vc escreve
ResponderExcluireu comecei a ler clássicos aos 8 anos, quando ganhei Quincas Borba, do meu pai rrsrs
ResponderExcluirtenho um amor enorme por clássicos, mas não dispenso o best-seller. Mas HP, Crepúsculo, 50 tons realmente não me descem ¬¬
o que que te desce de best seller ? dan brown? john green? nicholas sparks? paulo coelho?
ExcluirMonteiro Lobato em um dos seus livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo, relata um diálogo interessante entre Pedrinho e Dona Benta onde o menino pergunta a sua avó porque ela não lê determinados clássicos para ele e sua prima a Narizinho. Dona Benta responde que eles ainda precisam amadurecer para poderem apreciar a leitura plena de determinados clássicos. Acho que isso tem muito a ver com o que foi dito no texto sobre a leitura de clássicos afugentar alguns adolescentes quando obrigados a ler tais obras. Mas é interessante notar que esse trauma aos clássicos costuma ser bem menor em quem já tem o costume da leitura. Assim como a autora eu adorava ler quando criança e isso me permitiu ter um encontro super agradável com os clássicos, inicialmente com os livros de Alencar, mas posteriormente com obras bem mais pesadas por assim dizer, como contos de Thomas Mann, Franz Kafka, Gabriel Garcia Marques (esse na forma de um dos contos de "Doze Contos Peregrinos publicado numa Playboy hehe) e esses encontros foram até bem suaves e tranquilos.
ResponderExcluirJá no que se refere aos Best Sellers eu tenho um certo pavor deles. Mas só quando estão no auge. Depois que a moda passa gosta de sentar, ler com cuidado e ver se realmente valiam aquele estardalhaço todo. E quando valem a pena, fico a lamentar por não ter lido na época do auge. Mas cada um com suas manias né? rsr
No mais excelente texto!