OI, LINDINHOS! Hoje nós vamos conversar sobre um assunto que tem bombado na mídia, o assunto que interessa (sim) a todo mundo, seja você homem, mulher, adulto, criança, idoso ou zumbi. Não importa, se você está lendo esse post, é porque, em algum momento da sua vida, uma professora (ou professor) te ensinou a ler.
ENFIM, embora o post seja sobre esse assunto, a perspectiva que vamos adotar é diferente. Queremos trazer a reflexão pra sua casinha. Você acha que o professor é importante? Acha que estudos são importantes? Que educação é importante?
Então por que você aplaude os jogadores de futebol e xinga quando o seu time perde? Porque né, eles não concluíram nem o ensino médio e ganham MUITO mais do que você, amigo. E por que todo mundo disputa uma vaga de medicina mas ninguém disputa por cursos de licenciatura? Por que ninguém quer ser um professor, mas muita gente quer ser jogador de futebol? Por quê?
ENFIM, embora o post seja sobre esse assunto, a perspectiva que vamos adotar é diferente. Queremos trazer a reflexão pra sua casinha. Você acha que o professor é importante? Acha que estudos são importantes? Que educação é importante?
Então por que você aplaude os jogadores de futebol e xinga quando o seu time perde? Porque né, eles não concluíram nem o ensino médio e ganham MUITO mais do que você, amigo. E por que todo mundo disputa uma vaga de medicina mas ninguém disputa por cursos de licenciatura? Por que ninguém quer ser um professor, mas muita gente quer ser jogador de futebol? Por quê?
Eu comecei a pensar nesse post há um mês, mais ou menos, quando a Lu (aqui do blog) falou algo sobre o dia 15 (de outubro) ser feriado. Na ocasião, por conta de um esquecimento, eu fiquei me perguntando "feriado? Mas feriado de quê?". E não foi só eu, muita gente se perguntou - e verbalizou - essa dúvida. Daí a Lu falou que as pessoas simplesmente não lembram porque não se importam com esses profissionais.
Por analogia, eu pensei: ok, e não nos importamos com os médicos porque esquecemos o dia deles? Porque se tem dia do professor, tem dia do médico, do advogado.... E ninguém lembra! E nem por isso os desvalorizamos profissionalmente, muito pelo contrário, reconhecemos essas profissões (as duas últimas) a tal ponto que todo mundo tá querendo cursar isso na faculdade, não é? Ou vocês acham que aqueles números absurdos de candidato/vaga são ao acaso?
Esses dias eu estava debatendo essas coisas com meus colegas de classe (e até comigo mesma), em especial porque eu faço Letras, mas não quero dar aula. Eu fiquei me questionando a respeito do motivo. Muita gente não quer fazer física ou matemática, história (ou qualquer um desses cursos) porque não quer ganhar mal. Não é nem questão de gostar, é questão de salário, já virou uma disputa financeira.
É aí que chegamos ao futebol. Já que se trata de uma briga (ou corrida) pela tal vida confortável, vamos todos ser jogadores (e homens, porque né, nenhuma mulher ganha o que Neymar tem ganhado, galere). Aliás, longe de mim ser contra esportes, eu até apoio, mas não apoio esse fanatismo cego da metade da população. O pessoal que faz medicina se mata de estudar, passa quase 10 anos para se formar e no fim... não importa quão bom seja o salário: vai ter algum jogador que vai ganhar meio milhão de euros por mês. E você vai aplaudir.
Mas não vamos fugir do assunto, afinal estamos falando do professor e é exatamente aí que eu quero chegar, porque... Como uma profissão dessas pode ser valorizada, se pra ganhar milhões no exterior nem é preciso acabar o ensino médio? Como vamos valorizar o professor, um profissional que diz a seus alunos que "pra ser alguém na vida é preciso estudar", se isso nem sempre é verdade?
A sociedade é contraditória e, infelizmente, hipócrita. Pior ainda, não há qualquer incentivo à mudança. Eu faço Letras, numa faculdade pública (para a qual não é difícil passar, justamente por ser... Letras), mas resolvi, recentemente, abandonar a licenciatura. Nunca me agradou a ideia de dar aula, em especial porque passei a vida ouvindo minha família (basicamente composta por professores) relatar as cenas mais chocantes da educação.
De qualquer forma, esse é apenas um exemplo. Quando entrei na Letras, eu entrei pro bacharel e pra licenciatura. Fui fazendo as matérias da educação porque também estavam na grade e, mal ou bem, era mais uma garantia de emprego, já que eu sairia, em tese, com dois diplomas. Assim o fiz até chegar ao quinto período, quando decidi, finalmente, que queria mesmo largar a licenciatura.
E aí você me pergunta o porquê. E eu respondo: quando digo que não há um incentivo para esse tipo de curso, quero dizer que não só há uma ausência de motivação como também uma dificuldade proposital de manter os estudantes nisso. Explico: na Uerj os alunos precisam cumprir estágio no CAp-Uerj (Colégio de Aplicação da Uerj) pelos 4 períodos finais, isso fora do horário de aulas. Esses estágios NÃO são nem sequer perto da Universidade, de modo que o aluno precisa se deslocar para o lugar, gastando mais duas passagens sem qualquer ajuda financeira adicional. É um estágio obrigatório NÃO remunerado.
Até aí nada, você vai me dizer que muitos cursos possuem esse tipo de metodologia, coisa e tal. Ok, mas isso não é só, amigo, AINDA NÃO ACABOU. Fora o estágio do CAp, precisamos cumprir estágio supervisionado, que em geral é em algum colégio a sua escolha. Isso por uns 3 períodos (também finais), SEM remuneração. E ah!, ao mesmo tempo em que você faz o estágio do CAp e mais 12 matérias (porque são 6 da licenciatura e 6 do bacharel, em média, não necessariamente tudo de manhã, provável que sejam uns horários loucos que ocupem sua tarde por completo).
Se você quiser ganhar o seu dinheiro nesse meio tempo, boa sorte. Até conheço quem consegue, mas essas pessoas não conseguem ter vida. Claro, isso tudo é o contato que eu, Igra, tenho. Se você faz alguma licenciatura em outra faculdade e não tem esses problemas todos, eu o invejo.
Conclusão: seu professor ralou muito, tanto quanto (ou muito mais) do que o pessoal dos outros cursos. Porque até faculdade particular tem estágio supervisionado. Para não largar a licenciatura no meio, tem que querer muito e batalhar muito pela sobrevivência da própria ideologia. É pra eles que eu levanto e bato palmas, e não para o Neymar (me desculpem os fãs), que não lutou um terço do que os educadores lutaram. O Neymar, apesar de todo o seu talento, só bate uma bola num gol, os professores formam cidadãos. E, na minha opinião, essa é a tarefa mais difícil do mundo.
Por analogia, eu pensei: ok, e não nos importamos com os médicos porque esquecemos o dia deles? Porque se tem dia do professor, tem dia do médico, do advogado.... E ninguém lembra! E nem por isso os desvalorizamos profissionalmente, muito pelo contrário, reconhecemos essas profissões (as duas últimas) a tal ponto que todo mundo tá querendo cursar isso na faculdade, não é? Ou vocês acham que aqueles números absurdos de candidato/vaga são ao acaso?
Esses dias eu estava debatendo essas coisas com meus colegas de classe (e até comigo mesma), em especial porque eu faço Letras, mas não quero dar aula. Eu fiquei me questionando a respeito do motivo. Muita gente não quer fazer física ou matemática, história (ou qualquer um desses cursos) porque não quer ganhar mal. Não é nem questão de gostar, é questão de salário, já virou uma disputa financeira.
É aí que chegamos ao futebol. Já que se trata de uma briga (ou corrida) pela tal vida confortável, vamos todos ser jogadores (e homens, porque né, nenhuma mulher ganha o que Neymar tem ganhado, galere). Aliás, longe de mim ser contra esportes, eu até apoio, mas não apoio esse fanatismo cego da metade da população. O pessoal que faz medicina se mata de estudar, passa quase 10 anos para se formar e no fim... não importa quão bom seja o salário: vai ter algum jogador que vai ganhar meio milhão de euros por mês. E você vai aplaudir.
Mas não vamos fugir do assunto, afinal estamos falando do professor e é exatamente aí que eu quero chegar, porque... Como uma profissão dessas pode ser valorizada, se pra ganhar milhões no exterior nem é preciso acabar o ensino médio? Como vamos valorizar o professor, um profissional que diz a seus alunos que "pra ser alguém na vida é preciso estudar", se isso nem sempre é verdade?
A sociedade é contraditória e, infelizmente, hipócrita. Pior ainda, não há qualquer incentivo à mudança. Eu faço Letras, numa faculdade pública (para a qual não é difícil passar, justamente por ser... Letras), mas resolvi, recentemente, abandonar a licenciatura. Nunca me agradou a ideia de dar aula, em especial porque passei a vida ouvindo minha família (basicamente composta por professores) relatar as cenas mais chocantes da educação.
"Hoje, se eu passo um exercício pro aluno resolver no quadro, quando ele levanta, tem que levar a mochila junto, senão, quando voltar, vai descobrir que algum colega o furtou". TIA, Minha.
De qualquer forma, esse é apenas um exemplo. Quando entrei na Letras, eu entrei pro bacharel e pra licenciatura. Fui fazendo as matérias da educação porque também estavam na grade e, mal ou bem, era mais uma garantia de emprego, já que eu sairia, em tese, com dois diplomas. Assim o fiz até chegar ao quinto período, quando decidi, finalmente, que queria mesmo largar a licenciatura.
E aí você me pergunta o porquê. E eu respondo: quando digo que não há um incentivo para esse tipo de curso, quero dizer que não só há uma ausência de motivação como também uma dificuldade proposital de manter os estudantes nisso. Explico: na Uerj os alunos precisam cumprir estágio no CAp-Uerj (Colégio de Aplicação da Uerj) pelos 4 períodos finais, isso fora do horário de aulas. Esses estágios NÃO são nem sequer perto da Universidade, de modo que o aluno precisa se deslocar para o lugar, gastando mais duas passagens sem qualquer ajuda financeira adicional. É um estágio obrigatório NÃO remunerado.
Tô sofrenu. |
Até aí nada, você vai me dizer que muitos cursos possuem esse tipo de metodologia, coisa e tal. Ok, mas isso não é só, amigo, AINDA NÃO ACABOU. Fora o estágio do CAp, precisamos cumprir estágio supervisionado, que em geral é em algum colégio a sua escolha. Isso por uns 3 períodos (também finais), SEM remuneração. E ah!, ao mesmo tempo em que você faz o estágio do CAp e mais 12 matérias (porque são 6 da licenciatura e 6 do bacharel, em média, não necessariamente tudo de manhã, provável que sejam uns horários loucos que ocupem sua tarde por completo).
Se você quiser ganhar o seu dinheiro nesse meio tempo, boa sorte. Até conheço quem consegue, mas essas pessoas não conseguem ter vida. Claro, isso tudo é o contato que eu, Igra, tenho. Se você faz alguma licenciatura em outra faculdade e não tem esses problemas todos, eu o invejo.
Conclusão: seu professor ralou muito, tanto quanto (ou muito mais) do que o pessoal dos outros cursos. Porque até faculdade particular tem estágio supervisionado. Para não largar a licenciatura no meio, tem que querer muito e batalhar muito pela sobrevivência da própria ideologia. É pra eles que eu levanto e bato palmas, e não para o Neymar (me desculpem os fãs), que não lutou um terço do que os educadores lutaram. O Neymar, apesar de todo o seu talento, só bate uma bola num gol, os professores formam cidadãos. E, na minha opinião, essa é a tarefa mais difícil do mundo.
E você, já bateu palmas pra algum professor na sua vida?
(vulgo Igra)
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2 comentários
Oi Igraínee, tudo bem? Eu amei seu texto. Ele caiu como uma luva hoje, porque, no colégio, um dos meus professores (que é, além de professor, o dono da escola), estava debatendo isso comigo e com meus colegas. Ele disse que sempre quis ser professor, que ele "é" professor, mas "está" dono de escola justamente porque nem o governo nem a sociedade da suporte para a formação e atuação dos professores. Enquanto a maioria da população não ver a importância desse profissional, enquanto a maioria dos pais reclamarem das greves dos professores porque eles estão "vagabundando ao invés de tomar conta dos meninos" e não em busca de melhores condições trabalhistas, e, enquanto eles continuarem recebendo menos do que uma costureira de qualquer fábrica de calçados na minha cidade recebe, não adianta, nosso país vai continuar sendo imbecil (desculpe a palavra). Mas eu também acho que o problema pode estar até dentro do próprio grupo de professores. Enquanto estudava na rede estadual de educação, tive vários professores que estavam lá só por conta da estabilidade e da aposentadoria. Eles "trabalhavam" esperando o sinal bater, lendo uma revista de fofocas/mexendo no celular e quando eu (coitada de mim), pedia para ele me responder algo, ou passar alguma droga de matéria ele simplesmente virava e falava "só pra você e mais uns dois? não". Isso é que me deixa mais frustrada, sabe? Professores que não querem atuar barrando o avanço daqueles que nasceram para educar.
ResponderExcluirOi, Isadora!
ExcluirÉ realmente lamentável toda essa situação. Enquanto muitos lutam pela melhora, acredito que outros (não por não quererem, mas por já estarem conformados com o sistema) deixam de acreditar que podem fazer a diferença. A má remuneração, as condições muitas vezes fora do ideal (não só pro aluno, mas também para o professor, que dá aula para 50 de uma vez), acabam por desmotivar todo o pessoal. Acho que nesse sentido, é mto complicado dizer de quem é a culpa, mas acredito que a maior parte seja com certeza do governo. Quando você dá aula para pessoas que não querem aprender, para pessoas que a agridem dentro da escola, acho que chega um ponto em que você acaba desistindo. Não tô falando que isso justifica o que o seu professor da rede estadual fez com você, sobre não tirar sua dúvida, mas acho, sinceramente, que se o governo e a sociedade o valorizasse da maneira correta, talvez a história fosse diferente.
Beijos.