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Discussão: A culpa é da sua geração

25.8.13Dana Martins


Hoje o post não é meu. É e não é. Vem comigo: Naquele momento tumblr-wannabe o facebook decidiu que ia colocar uma publicação em resposta a outra. O primeiro é um hadouken das gerações passadas na gente (os merdas que tem tudo na mão). Uma crítica à grande preocupação com o ambiente hoje em dia. Somos mesmo uma geração ligada no "politicamente correto"? O segundo mostra como o Google Glass mudou para sempre a vida de uma mulher de 26 anos paralisada do peito para baixo. 

O que uma coisa tem a ver com a outra?


Vou colocar aqui o conteúdo para vocês poderem ler:

"Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que
sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse: - Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu: - Esse é exatamente o nosso problema hoje,
minha senhora.
Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se
preocupou adequadamente com o ambiente.


> Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

> Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

> Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

> Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

> Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.

> Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

> Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.

> Canetas: recarregávamos com tinta tantas vezes ao invés de comprar outra. Amolávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.

> Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

> Então, não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

Agora que você já leu o desabafo, envie para os seus amigos que têm
mais de 50 anos de idade , e para os merdas que tem tudo nas mãos e só
sabem criticar os mais velhos."


Esse segunda é tranquilo ver. Caso queira ver a matéria no Hypeness, clique aqui.

O que aprendemos hoje, crianças? Que a nossa geração de merdas ajudou uma garota paralisada a voltar à vida. Que por causa das nossas máquinas as mulheres não precisam passar a vida arrumando casa. Que nós podemos enviar uma encomenda com muito mais segurança para muito mais longe e muito mais rápido. Mas, principalmente, que tudo isso tem um grande preço. E é por isso que nós temos que ser tão preocupados com o ambiente.

Ou nós podemos largar a preocupação com o ambiente e passar viver sem os recursos que temos hoje. Outro tipo de preço.

Sabe, o contexto muda, mas as pessoas continuam nessa briga idiota de gerações. "Antigamente não era assim," diz alguém com aquela voz de desaprovação. Enquanto o outro responde: "A culpa é da sua geração." 

E assim avançamos, botes contra a corrente, impelidos incessantemente de volta ao passado. quote

Se você também é curioso e gosta de ver como outras gerações pensavam, dá uma olhada aqui: O mundo tá cada vez pior, antigamente não era assim

-dana martins

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1 comentários

  1. Ótimo post, Dana, excelente tema abordado. Acho esse assunto dificílimo de discutir porque existem vários lados de uma mesma moeda. Quando eu era criança, por exemplo, não havia internet e muitas dessas coisas que vemos hoje (só fui ter internet em casa com 11, 12 anos); já as crianças de hoje nascem num mundo onde toda a tecnologia está aí, disponível. É difícil apontar o dedo e julgar essa ou aquela geração, e ainda mais a geração mais velha, que viu tantas mudanças acontecerem.
    Eu, pelo menos até o momento, sou a favor de um certo equilíbrio. Não acho que é sempre positivo deixar que a tecnologia avance sem freios, porque ao passo que ela facilita a vida, como você disse, há um preço. E a gente se torna cada vez mais dependente disso tudo. Uma coisa que me intriga em particular é todo esse monte de dispositivos tecnológicos que, em teoria, servem para facilitar nossa vida e otimizar o tempo. Digo em teoria porque, se você for parar para pensar, o tempo é otimizado para que outras atividades (nem sempre em quantidade saudável) sejam agregadas à rotina, ou seja, o facilitar a vida nem sempre significa uma melhora na qualidade de vida. Tudo parece acontecer ao mesmo tempo, sempre existe aquela sensação de estar perdendo algo, alguma informação importante que está acontecendo enquanto nos ocupamos com outra coisa, e não acho isso lá muito saudável. Vemos milhares de coisas de forma simultânea, mas não aprofundamos o olhar em nenhuma delas.

    Um beijo, Livro Lab

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