Como eu imaginava... a história de Never Sky - Sob o Céu do Nunca pegou o ritmo mesmo depois que eles se encontraram. Eu li praticamente as últimas 250 páginas num dia só. E hoje eu vou falar aqui o que eu achei do livro no geral.
Depois que eles se encontraram, as coisas finalmente começaram a acontecer. Personagens novos interessantes, informações sobre o mundo e momentos de ação. A leitura pegou um ritmo melhor e passava até sem eu ver. Nada daquilo de "tá legal, mas cansei de ler por hoje."
No geral... eu gostei da leitura. Não foi o melhor livro da minha vida, mas com certeza não foi tempo jogado fora. Ele tem alguns pontos que me irritaram MUITO, mas outros que são MUITO bons. Tão bons a ponto de eu querer indicar só por isso.
Abaixo expliquei o que eu acho de ruim e o que eu acho de bom. Não desistam sem ler o lado positivo antes. :)
O lado negativo de Sob o Céu do Nunca
Se você leu meu primeiro post do Lendo Never Sky, sabe que meu medo era de que ficasse só uma cópia de Jogos Vorazes. E, quando a gente conhece Perry, a suspeita só aumenta. Um cara sério, não muito amigável e que é ótimo com arco?
KATNISS, O QUE A CAPITAL FEZ COM VOCÊ? |
Depois algumas semelhanças são tão grandes que irritam. Felizmente, até o final a autora desenvolve o próprio caminho que você quase perdoa pelas semelhanças (e a vontade é de fazer isso, porque a parte original é muito boa), mas... elas estão lá. Observe:
Katniss é Perry e Aria é Peeta (e em alguns momentos ela é um pouco Katniss). Ele é todo sério "brusco," arco é a sua arma preferida, ele conhece tudo sobre plantas e toda a história acontece porque... ele quer proteger o sobrinho, Talon (Prim).
Aria canta e o apelido de sua mãe para ela é "songbird" (o pássaro que canta!).
Mas só isso?
Não.
Às vezes parece que ela pegou os acontecimentos de Jogos Vorazes, colocou num saquinho de sorteio, foi tirando e adaptando à própria história.
Eles se escondem em... cavernas. Aria está com o pé... machucado. Perry cuida dela (com mais desconfiança do que outra coisa, é claro).
Adoro Under the Never Sky... não, pera. |
Quando eles estão andando, Perry reclama que Aria faz muito barulho para andar e afasta a caça.
Como se isso já não fosse muito parecido, quando ele sai pra caçar, Aria decide que quer colaborar também e vai atrás de AMORAS, deixando ele preocupado. O pior de tudo é que as amoras eram... venenosas.
Se eu te falar de caverna, amoras, alguém que caça e alguém que não sabe nada de caça, é quase pedir pra falar "Jogos Vorazes."
Ah! Eles ainda se comunicam através de... canto de pássaro. Quando Aria canta tudo fica em silêncio. Uma das principais coisas que o Perry aprende com Aria é "o dom da palavra." E até o fogo é relevante para a história.
Encontrei essa imagem enquanto fazia o primeiro Lendo e por alguns segundos fiquei tentando entender o que isso de Jogos Vorazes tava fazendo no meio das coisas de Under the Never Sky... |
Eu tenho muita vontade de acreditar que tudo não passou de uma grande coincidência. O que não é difícil, porque quando você está no mesmo ambiente (com mesmas influências) e pesquisa o mesmo assunto, é bem capaz de sair algo parecido (por experiência própria). Mas também é difícil acreditar que a autora não tenha conhecido Jogos Vorazes antes de escrever, principalmente quando no próprio site dela tem:
"Perfect for readers who loved Suzanne Collins' The Hunger Games" (perfeito para leitores que amaram Jogos Vorazes)
Pra mim, isso é a pior espécie de parasita. Eu não tenho problemas com pegar elementos de inspiração (todo - TODO - livro faz isso!), mas usar isso para se aproveitar da fama do outro...
O lado bom de Sob o Céu do Nunca
O que eu não acredito que ela faça totalmente. Aliás, eu acho que o problema da autora talvez tenha sido uma mistura de inocência com pressão de editora ou algo assim. Porque quando a Veronica Rossi caminha com as próprias pernas, ela vai muito longe!
O primeiro ponto positivo é a criação de mundo. Não é algo novo, é claro. Mas como ela encaixou tudo ficou muito bom.
No mundo de Never Sky, uma força - Éter - apareceu mudando todo o equilíbrio da natureza, matando quase todo mundo. Quem sobrou ou se escondeu embaixo da terra, ou vive em um mundo tribal sujeito a mutações.
Eu imagino algo assim, tipo a aurora boreal. E imagina tempestades disso: virando fogo na terra. Imagina o mundo assim! |
Com o passar dos anos cada lado encontrou o próprio equilíbrio baseado em preconceitos com o outro lado: do lado de fora vivem os selvagens, canibais, seres estranhos... do lado de dentro vivem pessoas nojentas que deixaram de ser humanas.
E como a autora aproveita isso, é muito bom. A forma como Aria e as pessoas do seu lado rejeitam tudo que significa ser um animal. Passam o dia em mundos virtuais fazendo de tudo - e ao mesmo tempo nada. Se você gostou de Jogador Número 1, vai entender a vida de Aria.
Já no mundo dele é um ambiente quase medieval, com tribos e suas hierarquias, selvagens além dos territórios, armas "arcaicas" e por aí vai.
Se isso já não é legal o bastante para se explorar, ainda há mutações. Transformando esses "selvagens" em, na verdade, pessoas com alguns poderes bem legais. Se você achava que sentir mais cheiro, ouvir melhor ou enxergar melhor fossem superpoderes medíocres... Veronica Rossi vai te mostrar o contrário.
Auds, Scires e outros tipos... (: |
O livro também é legal porque não é só aquela briga bem vs. mal. Os personagens enfrentam diversos perigos sérios que surgiram naturalmente. É um alívio descobrir que a história não é só mais aquele esquema de menininho do mal e corporação malvada.
A Veronica Rossi também sabe fazer as coisas se desenvolverem e não apenas acontecerem. Um detalhe aqui, outro ali e você vai vendo algo maior se formar. Além dos diálogos dela, que conseguem dar a expressão de cada personagem!
A transformação dos personagens também é crucial. Perry e Aria, como eles conseguem chegar no final e o que eles aprenderam um com o outro.
Cinder e Roar são outras duas boas surpresas. Quero conhecer mais, principalmente sobre Cinder.
Aria, no final das contas, não é só uma menininha boba.
Esse é GRANDE SPOILER, mas o meu preferido: a história do Perry, como ele virou o que é e no final ele seguindo o caminho do papai com a bebida, até se recuperar. Isso foi extraordinário. Um mocinho galanteador que enche a cara e fica jogado por aí? Os personagens são mais reais por detalhes assim.
Queria que essas imagens mostrassem bem mais o lado medieval e o lado hi-tech do livro. :/ |
Enfim... Não é um livro 100%, acredito que se a autora trabalhasse mais poderia ter virado algo MUITO bom. Principalmente acertando o ritmo das primeiras 100 páginas. Mas por enquanto tá ótimo. E só não leio o segundo agora porque (além de eu não ter), tenho outros livros na fila, tipo Peter Pan para o Charlie's Booklist. HAUHA
(se alguém lançasse uma graphic novel com a arte do post #1 bem feita, essa história ia ser ÉPICA!)
(se alguém lançasse uma graphic novel com a arte do post #1 bem feita, essa história ia ser ÉPICA!)
-dana martins
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