Acredito que qualquer
pessoa é ou já foi fã de alguma banda, ator/atriz, cantor/cantora ou até mesmo
um político ou um cientista. Você pode ser fã de qualquer coisa e de qualquer
um, mas não é qualquer coisa e qualquer um que o move a ponto de torná-lo um
fã.
Mas afinal de contas, o
que é ser fã? Que características se deve ter para ser considerando fã? E até
onde isso é saudável? Ou será que realmente existe fanatismo saudável? Muitas
perguntas, eu sei. Mas pretendo responder a algumas delas ou pelo menos trazer
um instante de reflexão (momento solene).
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onde isso vai dar
- A difícil tarefa de definir o conceito de
“fã”
Você deve estar olhando
pra esse subtítulo e pensando “que ridículo, cadê a dificuldade nisso?”, mas pense. Se pegarmos o significado da
palavra no dicionário, teremos isso:
“Fã: Admirador exaltado;
tiete”
Ok, então fã é um
admirador exaltado. Disso todo mundo sabe, certo? Vamos então pegar o
significado de fanático:
“Fanático: 2. Que adere
cegamente a uma doutrina ou partido; 3. Que tem grande dedicação e amor a
alguém ou algo”
Observem que os três significados
que eu apresentei parecem querer dizer a mesma coisa, mas na prática podem se
mostrar bem diferentes. Por exemplo: eu piro loucamente no Benedict
Cumberbatch. Acho ele um ator absurdo, gostoso gato e um verdadeiro
gentleman. Este caso se encaixaria no significado de fã como admirador
exaltado.
Por outro lado, eu não
só sinto tudo isso pelo Robert Downey Jr (exceto pela parte do gentleman; ele
está mais para um louco bobão, RISOS) como também um sentimento especial por
ele. Quero tudo de bom para ele, quero ele faça filmes excelentes, que façam
sucesso, que ele esteja bem com a sua vida pessoal. Sinto orgulho com cada
vitória dele e entendo quando ele comete erros que vem a público. Aqui, já se
encaixa a definição três de fanatismo. Só que a palavra fanatismo já nos remete ao exagero, à loucura, ao doentio, um ponto
que eu felizmente sei que não cheguei ainda – e nem pretendo chegar. Pois é,
complicado.
E como se não bastasse,
estas definições tão ao pé da letra não se aplicam a todas as pessoas. Cada um
tem a sua forma de expressar e sentir o seu amor, a sua admiração por algo ou
alguém. Qual é a sua? Você já parou pra pensar nisso alguma vez?
- “Olha ali aquele poser, como é que pode...”
Nesses tempos de furor,
tá aí uma palavra muito usada. Poser. Você
sabe o que ela significa?
Geralmente chamamos de
poser aquele que diz gostar de algo ou alguém só porque ele está em alta. A
pessoa poser é odiada, repudiada e devidamente afastada do ambiente de convívio
fanático (geralmente twitter, tumblr, fã-clubes etc) pelos “verdadeiros fãs”,
aqueles que souberam da existência do seu objeto de amor antes que todo mundo.
Realmente, é desgostoso
ver uma pessoa fingindo gostar da parada do momento só porque ela está fazendo
sucesso agora, posando de super conhecedor e apreciador. E isso não acontece
apenas com o pop, mas também com coisas que são adoradas por determinados
grupos (hipsters, oi). Só que dificilmente paramos pra refletir antes de julgar
um poser. Será que ele realmente quer se mostrar culto, bem informado e
superior ou ele só está querendo se sentir parte de algo? Querendo se sentir
inserido em algum grupo que ele ache mais que demais?
Essa perseguição ao
poserismo e todo o ciúme e a possessividade que o fanatismo pode causar acaba
gerando uma rejeição aos novos admiradores. Eu mesma passo por isso às vezes,
confesso. Sempre tem alguém que “está proibido” de gostar daquilo que você
gosta, alguém que “não é merecedor” de ser fã também. A pessoa se interessou
agora pelo tal objeto, ou só teve a oportunidade de conhecê-lo recentemente e é
claro, ela está repleta de feelings. E nós, que sempre somos “os verdadeiros
fãs” ou “aqueles que conheceram primeiro” imediatamente taxamos o pobre novato
de poser.
- Quando o amor vira obsessão (voz cavernosa)
Não, eu não tinha me
esquecido do segundo significado de fanático.
Resolvi deixar o mais tenso para o final:
“2. Que adere cegamente
a uma doutrina ou partido;”
O dicionário fala em
religião, ideologia ou política, mas ele pode ser facilmente aplicado aos fãs. A
coisa mais comum de se ver agora é pessoas xingando a namorada do ídolo no
twitter, reclamando do texto de um roteirista de forma extremamente ofensiva e até
mesmo mandando ameaças de morte.
São casos extremos, mas
para chegar até lá, basta um empurrãozinho. Aquele ciúme de novos fãs pode
evoluir para um ciúme de qualquer mulher que se suspeite estar saindo com o seu
amado. Aquele não conformismo com as mudanças feitas na sua série favorita pode
evoluir para um ódio das novidades e das novas pessoas que entram no meio, por
mais que elas estejam se esforçando para dar o seu melhor. Claro que não é todo
mundo que pode perder o controle desse jeito, mas o primeiro passo é a perda do
discernimento.
É por isso que resolvi
escrever esse post. Quando a gente para pra pensar nas nossas atitudes, seja em
casa, na internet ou no trabalho, podemos discernir o que foi bacana do que foi
nada legal e a partir daí, mudar a forma como agimos e como pensamos. É mais difícil para uns, mais fácil para
outros, mas o importante é refletir.
-isabelle fernandes
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