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Fãs, posers e fanatismo patológico: polêmicas

25.6.13Isabelle Fernandes


Acredito que qualquer pessoa é ou já foi fã de alguma banda, ator/atriz, cantor/cantora ou até mesmo um político ou um cientista. Você pode ser fã de qualquer coisa e de qualquer um, mas não é qualquer coisa e qualquer um que o move a ponto de torná-lo um fã.

Mas afinal de contas, o que é ser fã? Que características se deve ter para ser considerando fã? E até onde isso é saudável? Ou será que realmente existe fanatismo saudável? Muitas perguntas, eu sei. Mas pretendo responder a algumas delas ou pelo menos trazer um instante de reflexão (momento solene).

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- A difícil tarefa de definir o conceito de “fã”

Você deve estar olhando pra esse subtítulo e pensando “que ridículo, cadê a dificuldade nisso?”,  mas pense. Se pegarmos o significado da palavra no dicionário, teremos isso:

“Fã: Admirador exaltado; tiete”

Ok, então fã é um admirador exaltado. Disso todo mundo sabe, certo? Vamos então pegar o significado de fanático:

“Fanático: 2. Que adere cegamente a uma doutrina ou partido; 3. Que tem grande dedicação e amor a alguém ou algo”

Observem que os três significados que eu apresentei parecem querer dizer a mesma coisa, mas na prática podem se mostrar bem diferentes. Por exemplo: eu piro loucamente no Benedict Cumberbatch. Acho ele um ator absurdo, gostoso gato e um verdadeiro gentleman. Este caso se encaixaria no significado de fã como admirador exaltado.


Por outro lado, eu não só sinto tudo isso pelo Robert Downey Jr (exceto pela parte do gentleman; ele está mais para um louco bobão, RISOS) como também um sentimento especial por ele. Quero tudo de bom para ele, quero ele faça filmes excelentes, que façam sucesso, que ele esteja bem com a sua vida pessoal. Sinto orgulho com cada vitória dele e entendo quando ele comete erros que vem a público. Aqui, já se encaixa a definição três de fanatismo. Só que a palavra fanatismo já nos remete ao exagero, à loucura, ao doentio, um ponto que eu felizmente sei que não cheguei ainda – e nem pretendo chegar. Pois é, complicado.

E como se não bastasse, estas definições tão ao pé da letra não se aplicam a todas as pessoas. Cada um tem a sua forma de expressar e sentir o seu amor, a sua admiração por algo ou alguém. Qual é a sua? Você já parou pra pensar nisso alguma vez?


- “Olha ali aquele poser, como é que pode...”

Nesses tempos de furor, tá aí uma palavra muito usada. Poser. Você sabe o que ela significa?

Geralmente chamamos de poser aquele que diz gostar de algo ou alguém só porque ele está em alta. A pessoa poser é odiada, repudiada e devidamente afastada do ambiente de convívio fanático (geralmente twitter, tumblr, fã-clubes etc) pelos “verdadeiros fãs”, aqueles que souberam da existência do seu objeto de amor antes que todo mundo.

Realmente, é desgostoso ver uma pessoa fingindo gostar da parada do momento só porque ela está fazendo sucesso agora, posando de super conhecedor e apreciador. E isso não acontece apenas com o pop, mas também com coisas que são adoradas por determinados grupos (hipsters, oi). Só que dificilmente paramos pra refletir antes de julgar um poser. Será que ele realmente quer se mostrar culto, bem informado e superior ou ele só está querendo se sentir parte de algo? Querendo se sentir inserido em algum grupo que ele ache mais que demais?

Essa perseguição ao poserismo e todo o ciúme e a possessividade que o fanatismo pode causar acaba gerando uma rejeição aos novos admiradores. Eu mesma passo por isso às vezes, confesso. Sempre tem alguém que “está proibido” de gostar daquilo que você gosta, alguém que “não é merecedor” de ser fã também. A pessoa se interessou agora pelo tal objeto, ou só teve a oportunidade de conhecê-lo recentemente e é claro, ela está repleta de feelings. E nós, que sempre somos “os verdadeiros fãs” ou “aqueles que conheceram primeiro” imediatamente taxamos o pobre novato de poser.



- Quando o amor vira obsessão (voz cavernosa)

Não, eu não tinha me esquecido do segundo significado de fanático. Resolvi deixar o mais tenso para o final:

“2. Que adere cegamente a uma doutrina ou partido;” 

O dicionário fala em religião, ideologia ou política, mas ele pode ser facilmente aplicado aos fãs. A coisa mais comum de se ver agora é pessoas xingando a namorada do ídolo no twitter, reclamando do texto de um roteirista de forma extremamente ofensiva e até mesmo mandando ameaças de morte. 

São casos extremos, mas para chegar até lá, basta um empurrãozinho. Aquele ciúme de novos fãs pode evoluir para um ciúme de qualquer mulher que se suspeite estar saindo com o seu amado. Aquele não conformismo com as mudanças feitas na sua série favorita pode evoluir para um ódio das novidades e das novas pessoas que entram no meio, por mais que elas estejam se esforçando para dar o seu melhor. Claro que não é todo mundo que pode perder o controle desse jeito, mas o primeiro passo é a perda do discernimento.


É por isso que resolvi escrever esse post. Quando a gente para pra pensar nas nossas atitudes, seja em casa, na internet ou no trabalho, podemos discernir o que foi bacana do que foi nada legal e a partir daí, mudar a forma como agimos e como pensamos.  É mais difícil para uns, mais fácil para outros, mas o importante é refletir.

-isabelle fernandes

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