a bela e a fera
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Como contos de fadas são feitos (e por que eles estão sempre na moda)
7.6.13Dana Martins
Quando eu ajudei a fazer o post sobre A Verdade por trás de A Bela e a Fera, o que eu mais gostei foi como mostrou a evolução de um conto de fadas, como eles são construídos. Então decidi fazer um post extra falando disso, mostrando como a história muda com o tempo, mas a essência permanece. E respondendo aquela pergunta que segue a gente desde o início: por que contos de fadas continuam na moda?
Depois de ver a evolução da origem de A Bela e a Fera, fica claro o ponto chave dos contos de fadas: eles são construídos colaborativamente através dos séculos e vão se adaptando a épocas. É quase como telefone sem fio. Você conta para alguém, que conta para outra pessoa, que conta para outro... e no final nós temos algo sensacional.
Um livro que eu adoro e mostra muito bem isso é "O Nome do Vento" (e "O Temor do Sábio", todos dessa trilogia). A premissa da história é praticamente contar a verdade por trás de um conto. O nome da trilogia é A Crônica do Matador do Rei e a história é que ele é visto como o cara que matou o rei. Outros acreditam que ele não é tão ruim quanto parece. Depende da história que você ouviu.
Artista sensacional. |
E enquanto essas histórias rolam por aí, o verdadeiro Kvothe se esconde como um medíocre dono de hospedaria e escuta contarem versões distorcidas de sua vida nas mesas do bar. Até que um cronista aparece e o convence de fazer um registro real de tudo o que aconteceu. Ele aceita, mas para contar tudo mesmo levaria três dias. (um dia cada livro da trilogia)
E enquanto ele conta a própria história, descobrimos como ele mesmo incentivou boatos, fez a própria fama, instigou os próprios contos. E não só dele, várias outras histórias são contadas. Aliás, a trama principal do personagem é que algo que era considerado apenas contos de fadas acabou com sua vida, então ele cresce querendo se vingar. O problema é que ou não levam a sério (imagina se você andar por aí falando que procura o lobo mau?) ou levam a sério demais e têm medo de falar.
Ou seja, o personagem precisa ficar catando pedacinhos de mitos e contos para tentar descobrir o que é verdade. E nós, leitores, vamos descobrindo como contos são construídos e mudam.
Eu adorei ver a transformação do conto de A Bela e a Fera com o tempo. Eu falei lá no post qual eu achava que era a essência, mas pensando melhor, acho que é outra coisa. A essência trata de uma espécie de preconceito. Você ter duas visões opostas sobre algo e o dilema é sempre baseado nisso.
Psique e Eros: ele é uma serpente monstruosa ou o deus apaixonado que ela imaginava?
Ele é um homem lindo escondido dentro de uma Fera?
Ele é alguém com o comportamento de uma fera que pode ser um grande homem?
Ele é uma pessoa horrível, mas em quem ela encontrou um grande um homem?
Uma pessoa horrível que ela aprendeu a gostar (ou se forçou, ficou maluca)?
É uma visão ruim de alguém que, se aprofundada, talvez fique boa. E na dúvida de saber em qual visão acreditar é que cada história cria a própria moral. Com Psique a curiosidade acaba sendo sua maldição. Na versão da Disney, Bela mostra que a aparência não é tudo. E por aí vai...
E se rolar a dúvida de por que contos de fadas não morrem, é porque na essência eles transmitem ideias que são ligadas à humanidade e ao mundo - não apenas a uma época. Vencer o preconceito, pelo jeito, sempre tem sido uma problema, mesmo que a cada vez encontrem soluções diferentes.
Ah! E também porque não existe uma coisa que querem inventar: direitos autorais. Existem, é claro, pessoas que reuniram as ideias e escreveram contriubindo para desenvolver a história. Elas merecem créditos e dinheiro por essa contribuição. Mas dizer que a ideia é delas, só delas, e que só elas podem mexer...
É por isso que eles perdem a chance (e dinheiro) de fazer um grande filme dos Vingadores com Homem-Aranha e Wolverine. Ou uma grande história com Batman e o Homem de Ferro.
Aliás, você sabia que super-heróis são contos de fadas modernos? Mas isso fica para outro dia. Até mais!
-dana martins
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