a verdade por trás de a pequena sereia
a verdade por trás dos contos de fadas
A Verdade por trás de A Pequena Sereia
16.6.13Isabelle Fernandes
O conto de hoje é um dos mais conhecidos e amados pelas garotinhas (e garotinhos, why not?) que cresceram vendo filmes da Disney. Primeiro, porque é muito romântico. Segundo, porque mostra a vida no fundo do mar, algo que todo mundo já sonhou conhecer. Terceiro, porque tem magia, seres mitológicos e sereias (!!!). Já sabem do que estou falando, não é? No CCSexta de hoje (que está saindo no sábado, observem como a vida é irônica), nós, Isabelle e João, vamos mostrar a verdadeira história e tudo o que existe por trás de A Pequena Sereia. Mergulhe nessa aventura conosco! (entenderam? "Mergulhe", A Pequena Sereia... Não? Então tá...).
João: Nunca dei muito valor à história da Pequena Sereia. Já assisti o primeiro filme da Disney e achei bem "ok", e o desenho nunca me agradou. Mas daí eu peguei meu livrinho de contos e fui ler a versão "original". Gente! É melhor do que eu pensava.
O começo é bem parecido com o que já conhecemos, embora bem mais detalhado. A Pequena Sereia (que, se eu não estiver muito enganado, não é chamada de Ariel em nenhum momento - mas vamos adotar Ariel aqui, porque falar Pequena Sereia toda hora vai ser bizarro) vive no fundo do mar com sua família: o pai (rei), sua avó, e suas quatro irmãs (sendo que ela é a caçula). Segundo as regras da família, quando uma sereia completa quinze anos ela ganha o direito de subir à superfície para conhecer o mundo dos humanos. Assim, Ariel precisa aturar suas irmãs indo, uma a cada ano, conhecer e descrever as maravilhas que estão lá em cima, enquanto ela espera sua vez lá no castelo.
Interrompendo a historinha, houve duas coisas me impressionaram muito no conto. A primeira é que ele mexe bastante com a parte visual do leitor. As coisas são muito bem descritas, de uma forma simples e efetiva. O fundo do mar me pareceu muito mais mágico do que em qualquer outra história que eu já tenha lido. Nesse trecho aqui dá pra ter uma ideia:
"No lugar mais profundo, está o castelo do rei do mar, cujos muros são feitos de coral, e as janelas compridas e pontudas são feitas do mais claro âmbar. O teto é formado de conchas que se abrem e fecham com a corrente. É uma visão linda. Cada concha encerra uma pérola deslumbrante e a menor delas honraria a mais bela coroa de qualquer rainha."
(Isabelle: Até me deu vontade de conhecer o castelo e o reino, pfvr)
O mundo dos humanos também é descrito de forma viva e cheia de cores pelas irmãs de Ariel. Elas falam de forma tão maravilhada das florestas, montanhas, céu, nuvens e outros elementos que parece até que não vivo no mesmo planeta que foi citado ali. Foi bem interessante.
As sereias na verdade não usam nada para cobrir os seios, ok |
Voltando à história, quando chega a vez de Ariel subir à superfície, ela encontra um navio flutuando ao anoitecer. Nele há uma grande festa, pessoas animadas, e claro, o príncipe, por quem ela se apaixona e, mais tarde, após uma tempestade, salva de um naufrágio. A paixão foi tão grande que, mesmo depois de deixá-lo na praia e saber que ele ficou bem, ela retorna todos os dias para perto daquele local para tentar vê-lo novamente, enquanto sua admiração por aquele mundo vai crescendo cada vez mais.
O amor pelo jovem e a vontade de ter uma alma imortal como a dos humanos a faz ir ao extremo: pedir ajuda para a bruxa do mar, um ser macabro e muito temido nas profundezas do oceano. Ela acaba conseguindo uma poção para ter pernas e viver em terra firme, com duas condições: que desse sua encantadora voz como pagamento e que conseguisse se casar com o príncipe - pois, se ele se casasse com outra, ela morreria.
Ariel então vai para a praia, se encontra com o príncipe e passa a viver com ele, que a ama muito, porém apenas como uma irmã mais nova. Por mais que a ex-sereia consiga dançar graciosamente e dizer tudo o que quer com um único olhar, não é o suficiente para que o príncipe se apaixone. Ele acaba encontrando outra princesa, se apaixonando e se casando com ela, fazendo com que Ariel se atire ao mar e acabe morrendo.
O final pode parecer triste, mas eu achei bem poético... Aliás, a segunda coisa que me atraiu na história e envolve um pouco disso é a representação do amor como um todo. É como se A Pequena Sereia mostrasse tudo o que ele pode envolver: o primeiro olhar, a paixão, a felicidade, a tristeza, a dor, as perdas... a morte. Ariel deixou tudo para trás para conquistar o amor verdadeiro, e mesmo assim não teve sucesso em sua jornada. Acho que isso é o mais legal, sabe? O desfecho mostrar que nem tudo são flores nos contos de fadas. Em outras palavras, nem sempre há um final feliz - e isso deixa a história muito mais próxima da realidade. Depois de ler a versão original, passei a gostar muito mais de A Pequena Sereia. Estou apenas esperando algum produtor enxergar potencial nessa história e ver como ela daria uma boa adaptação - sem todos os frufrus da Disney, é claro.
Isabelle: Eu nunca gostei muito da Pequena Sereia quando criança (pra falar a verdade, só gostava mesmo do Rei Leão), mas vi o segundo filme da disney e adorei. Sempre achei a Ariel muito bobinha, mas depois de ler o conto original passei a ter pena dela. Haja sofrimento -ss
Antes, um adendo à parte do naufrágio: Ariel salva seu amado e fica segurando ele na superfície do mar até a tempestade passar. Na manhã seguinte, ela o deixa num banco de areia próximo a uma espécie de igreja ou convento e fica lá, observando. Um tempo depois os sinos do lugar tocam e várias jovens surgiram, mas apenas uma delas foi correndo buscar ajuda. LEMBREM-SE DISSO.
Pois bem. Essa versão original tem alguns pontos ligeiramente sinistros. Pra começar, a parte em que a Ariel vai atrás da bruxa do mar, cuja casa fica no meio de uma florestas de árvores chamadas pólipos que eram metade animais e metade vegetais e que com os seus braços, puxavam tudo o que passava pela frente. A pequena sereia chega inclusive a ver uma sereiazinha morta lá no meio das plantas. Mais tarde, quando a feiticeira se dispõe a fazer a infame poção, ela faz um talho no seio (!!!), derramando sangue negro (!!!!!!!) no caldeirão. Ok.
Gravura de Hans Tegner retratando a visita de Ariel à feiticeira. Ambiente super acolhedor |
Como se não bastasse, a feiticeira exige que a sereia dê sua língua - sim, ela não perde a voz, ela perde A LÍNGUA - a ela como forma de pagamento e dá o aviso: Ela vai ter pernas, mas cada passo trará muita dor e seus pés chegarão a sangrar. Ariel, pensando no seu príncipe, não se deixa abalar e segue em frente. A feiticeira avisa que o dito cujo deve se apaixonar por ela, que ela nunca mais poderá voltar a ter cauda, parece até que estava querendo ajudar, mas nada adianta.
Aliás, uma coisa que eu e o João notamos é que no conto, a feiticeira sequer tem nome, e muito menos tenta se casar com o príncipe se disfarçando de princesa. Apesar dela proporcionar à Ariel uma chance, sua importância na história é bem pequena.
Ariel toma a poção, é resgatada pelo príncipe, passa a viver no castelo dele e ele desenvolve uma verdadeira adoração por ela. Tanto que a ex-sereia recebe permissão para...dormir na porta do quarto dele, numa almofada de veludo. GENTE!!!!!!
Claro que ela adora isso, e fica tudo certo. Porém, numa viagem, o príncipe encontra aquela que ele acredita ser sua verdadeira salvadora, a moça que pediu ajuda quando o encontraram na praia. Ao contrário da versão fofolete da disney, o príncipe na verdade se casa com ela, que é a filha do rei vizinho e Ariel, a quem o príncipe conta as boas novas todo serelepe, fica deprimidíssima. A feiticeira havia deixado claro que se ele se apaixonasse por outra, ela morreria no nascer do sol seguinte ao casamento deles. E os pombinhos se casam no navio mesmo, no caminho de volta para o reino (gente apressada mds).
Suas irmãs, sabendo da desgraceira toda, perdem seus cabelos para a feiticeira em troca de uma salvação para Ariel que é: matar o príncipe com uma faca afiada, e assim que o sangue dele tocasse os seus pés, ela tornaria a ser sereia. Mas ela é claro não conseguiu fazer isso. E, ao surgir dos primeiros raios de sol, se jogar no mar, se transformando em espuma. Tem também a versão em que ela se torna uma filha do ar, que precisa fazer boas ações para chegar ao reino celestial. De toda forma, a pequena sereia morre, o príncipe casa com outra e a família de Ariel no fundo do mar entra em desalento.
Pois é, profundamente deprimente. Mas apesar de tudo, a história é muito bonita e bem longe de ser tão pesada quanto os outros contos originais, além de, como o João já disse, ter um quê poético que torna a leitura super agradável. Recomendo muito também a ver o segundo filme da disney, onde Ariel e o príncipe Eric tem uma filha chamada Melody que ama o mar e quer ser uma sereia. É simplesmente adorável <33.
Tritão, que não é o rei dos mares coisa alguma, dando um presente para sua adorada neta |
Aliás, aproveitando a imagem acima, achei extremamente necessário esclarecer que: Tritão é na verdade o filho de Poseidon, o deus dos oceanos de fato, com a ninfa Anfitrite. Ele é apenas o mensageiro do pai e acalma as águas por onde ele passa tocando búzios (???). Meio revoltante terem transferido toda a magnitude de Poseidon para o filho, mas sou suspeita para falar (meu top 5 de apresentação pode explicar o porquê, risos).
Enfim, isso é tudo pessoal. Até a próxima o/
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6 comentários
Muito triste realmente o conto, em relação aos filmes da Diseny, gosto bem mais do segundo.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Muito legal! Mas é ao mesmo tempo bizarro...
ResponderExcluirMuito legal! Mas é ao mesmo tempo bizarro...
ResponderExcluirEu tenho o livro com a história original e sim ela é linda, mesmo sendo meio triste.
ResponderExcluirLi o original e é muito, maassss MUITO triste! Tadinha da Ariel, dona motherfuck da friendzone :/
ResponderExcluirQuando eu era criança na TVE Brasil (atual TV Cultura) passava o desenho dessa historia da pequena sereia, lembro bem do desenho, adoraria assisti-lo novamente, mas nunca o encontrei. A cena q mais lembro eh quando ela esta com algo nas mãos para mata-lo e suas irmãs dentro da água gritando pra q ela o faça logo e volte pro mar, mas ela deixa o objeto cair e se joga ao mar transformando-se em espuma enquanto ecoava o choro e o lamento de suas irmãs... Eh triste mas aaamaaavaaaa assitir, quando passava na tv ficava grudada assistindo. De fato o nome dela era outro e eu nao lembro 😢
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