Os e-books são muito recentes, e, portanto, é claro que há
muitas dúvidas e conflitos envolvendo esse tipo de produto. Aqui no
ConversaCult, já teve post defendendo os e-books e post explicando os custos de produção de livros físicos e digitais. Hoje eu, Michelle, vou levantar mais uma questão: você compraria e-books
usados?
Há
menos de 15 dias o The New York Times publicou uma matéria sobre a revolução (já?)
na indústria de e-books: a Apple e a Amazon, entre outras empresas, já deram
entrada em seus pedidos de patente de sistemas que permitem a troca e venda de
conteúdo digital, incluindo programas, música, filmes e e-books. Como toda
novidade, essa nova empreitada já tem opositores, que usam os argumentos de que
isso poderia gerar problemas de inovação e desestimular novos textos e novos
escritores, já que o preço de e-books novos não poderia concorrer com as
pechinchas oferecidas nas vendas de segunda mão. Será mesmo?
A
própria Amazon já teve que enfrentar críticas parecidas em 2002, quando cometeu
a “afronta” de começar a vender livros usados em seu site. Os autores e
editoras temiam uma redução drástica de suas receitas, já que apenas o
revendedor ganha nesse tipo de transação. No entanto, o que aconteceu foi que
os compradores começaram a fazer as negociações diretas com outros compradores
e o baixo preço dos usados acabou fazendo com que novos autores fossem
divulgados, aumentando assim a venda de seus outros livros.
Nos
sistemas novos, um usuário, ao vender seu e-book usado (ou outro produto
digital), tem o arquivo removido automaticamente de sua máquina e transferido
para o equipamento do comprador, garantindo que só haja uma cópia do arquivo,
ao contrário do que acontece com o compartilhamento pirata. Ah... sim, o tal
sistema tem que confirmar que a cópia é autêntica, né?
O
fato é que, no Brasil, os preços de e-books ainda são impraticáveis (estou
generalizando, OK?). Também acredito que e-books não devam (nem possam) ser
gratuitos, mas não vejo razão para custarem o mesmo ou mais que livros
impressos. Encontrei uma solução muito boa no www.leyaonline.com, o site de
vendas da Leya Portugal (não sei de nenhum site brasileiro para usar como exemplo; se alguém souber, diga aí nos comentários). Ao colocar no carrinho um livro que também exista no
formato digital, o site imediatamente sugere a compra casada com o e-book, por
um preço muito justo. Por exemplo, simulei a compra do livro físico "Os
diários secretos", da Camilla Läckberg, que custa €19,90. A versão em
e-book dessa obra custa €13,99 (ainda bem caro em comparação com o livro
impresso). No entanto, se eu comprasse o livro físico, o e-book sairia €2,49.
Esse preço de e-book vale para qualquer título que exista em meio impresso e
digital. Interessante, não?
Mas
voltando aos e-books usados, a discussão sobre a legalidade das vendas de
segunda mão não é tão nova assim. No começo do século XX, já havia disputas
judiciais sobre o direito de revenda de livros. A jurisprudência americana,
naquela ocasião, entendeu que os detentores dos direitos autorais só têm
controle sobre a primeira venda; daí em diante as negociações são livres. Se o
mesmo raciocínio for aplicado ao conteúdo digital, os novos sistemas de trocas
e vendas têm tudo para dar certo.
Como
leitora assídua, o que conta para mim na hora de escolher um livro, além da
história interessante, é o preço. Não importa se a venda acontece em lojas
virtuais, em livrarias físicas ou em sebos; se o preço é bom, eu compro. Portanto,
se e-books tiverem um preço atraente, logicamente comprarei, sendo novos ou
usados.
E
vocês? O que levam em conta na hora de comprar um livro? O que acharam dessa
nova possibilidade?
Beijo e até a próxima!
- Michelle
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Michelle Gimenes
3 comentários
Tá com cara de post de 1 de abril haha
ResponderExcluirEmbora, em tese não seria impossível, só que é impraticável. Fui numa palestra de herança digital e raramente essas coisas virtuais podem passar de mãos. Mas quem sabe no futuro?
HAUHA pior que parece mesmo, nem tinha me ligado! Tem que tomar cuidado com tudo 1 de abril...
ExcluirSabe, não sei se é impraticável. Só, por enquanto, não é tão vantajoso ou as empresas estão com muito medo (como ocorreu na Amazon com venda de livro usado mesmo). Mas se você for pensar...
A história de arquivo digital com videogame já está mais avançado, muita gente compra o jogo online e passa a ter acesso a ele na sua conta. É o que dizem: você não é dono do jogo, tem a permissão para jogar. Eles podiam criar um mecanismo de revender essa licença na própria conta mais barato. Você perde o acesso e outra pessoa ganha. Ela pode jogar mais barato e ao mesmo tempo você vai ter um dinheiro extra para "reinvestir" comprando outros jogos. (podiam até cobrar uma partezinha em cima do preço, como acho que a Amazon deve fazer - ou algo tipo "você só pode gastar o dinheiro recebido em jogos") Acho que sem bem feito funcionaria e até cresceria bastante. (e o mesmo com ebooks, filmes e o que for).
Uma coisa é verdade: antes dessa frescurada de arquivo digital rolava (e ainda rola) MUITA "pirataria." E isso não prejudicou as vendas (pode ter alterado, mas não prejudicado). Muita coisa, aliás, só teve sucesso por causa dessa divulgação ilegal.
Acho que toda essa discussão de impossibilidade se resume a... medo.
-Dana
Se eu souber como vender e comprar, estou dentro.
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