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Discussão: Eu não acredito em ebooks (resposta)

11.3.13ConversaCult


O Paulo fez uma discussão e eu decidi fazer outro post com a minha opinião, que é a mesma e diferente da dele. Concordo com ele que livros digitais e físicos coexistem e pensei a mesma coisa quando vi o formulário de inscriação da Intrínseca. Também acho que essa história de "uhh ebook é ruim" ou "será que ebooks vão substituir livros?" seja reação defensiva a uma novidade. Porém (no entanto, contudo...), eu tenho algumas outras opiniões que gostaria de compartilhar.

Eu vejo diferenças entre ebook e livro físico ALÉM do simples "é uma diferença física." Eu também reclamo do preço do ebook se for o mesmo que o livro físico. E eu não acredito em algo só porque é lei. Isso e mais algumas coisinhas, vamos conversar.

LIVRO DIGITAL vs. LIVRO FÍSICO: faz diferença?

A diferença entre um livro físico e um livro digital muda a forma como você tem acesso ao conteúdo. E isso causa uma série de particularidades. Não vou discutir vantagens e desvantagens, só dizer o que eu acredito: não existe o melhor. Só o melhor para cada situação.

Isso é tipo quando me perguntavam "qual o melhor ingresso pra se comprar num show? camarote? pista? pista vip? cadeira? em cima do palco?" Não existe o melhor, só o melhor pra cada pessoa.

Essa é a minha amiga que não sabe que está aparecendo aqui no blog. De qualquer forma...
O objetivo foi mostrar esse livro, "Dicionário de Palavras Interligadas" (muito legal, na minha humilde opinião). Ele é GIGANTE e a foto saiu até meio embaçada porque ela já tava "vai logo, que eu não to aguentando!" 

Ninguém teve forças para arrastar o livro até a maquininha e ver o preço, mas eu não compraria de qualquer forma. Preferia mil vezes um ebook, um programa ou qualquer coisa que com alguns dígitos me mandasse para a palavra exata. 

Já aí sou eu (numa tentativa de compensar pela foto da minha amiga) tentando segurar o celular, o livro e tirar uma foto sem mostrar o meu estado zumbi da madrugada, o que saiu desastroso, mas funciona.
Essa é a minha edição em capa dura de Jogos Vorazes e só não compro versão em português, inglesa, australiana e sei lá mais o que por causa de dinheiro. Quando eu adoro o livro, prefiro mil vezes ter a versão física. Tenho muito orgulho de ter pagado barato na edição linda em capa dura de "Este Lado do Paraíso."

Se eu tivesse um leitor (ereader), tenho certeza de que poderia ler muito mais coisas diferentes. E não é por ter que eu não leio. As Vantagens de Ser Invisível, os primeiros de Twilight, Catching Fire... e outros eu li na versão online. Um ebook é muito melhor para "testar" e dá pra ter praticamente na hora quando você quer muito...

EU QUERO É PREÇO!!!

...a não ser que seja mais caro. Não acho que ebook tem que ser de graça, mas não vejo sentido nenhum em vender um ebook mais caro que o livro físico. Quer dizer, recentemente eu fiquei sabendo que ebook tem um imposto que livro comum não tem, mas não acredito que só esse imposto seja o suficiente para encarecer tanto o ebook.
Isso é uma versão bem simplificada, mas é por aí. O Y de um livro físico é bem maior do que o de um livro digital. Tanto que em qualquer discussão sobre livro no Brasil ser caro falam de tiragem e tipo de material. Se isso faz a diferença de preço ser entre 50 e 10 reais, quer dizer que a parte X do custo de produção não influencia tanto assim. 

E tem muito mais detalhes sobre o preço (posso falar melhor em outro post), mas não faz nem sentido um livro digital ter o mesmo preço que um livro físico. Então quando eu vejo sendo cobrado 30 reais em um ebook, eu reclamo sim.

"Nothing is true; everything is permitted" (nada é verdade; tudo é permitido)

Aliás, vamos aproveitar para falar de questionar a lei. A lei é para organizar a sociedade e blablabla, para fazer o bem e blablabla. Mas não quer dizer que a lei esteja certa. Que o nosso sistema esteja certo. Que o que uma editora fale esteja certo. O mundo vive mudando e se a gente se conformar com qualquer coisa, só porque "é assim", o mundo passa por cima da gente. Quando falam em adaptar, lembrem que adaptação não é só se acostumar, às vezes faz parte da adaptação ir contra e mudar. 

Eu estou falando isso porque com a internet muita coisa mudou e uma das coisas que naufragou nessa confusão foram os direitos autorais. Devemos pagar pelo serviço dos outros, é importante que um autor receba por sua obra porque se não fica impraticável viver de escrita, mas pagar nem sempre é apenas "dar dinheiro" dos modos convencionais.

O ConversaCult foi feito no blogger de graça. Você usa o Facebook de graça. Você usa o Google de graça. O Wikipédia você acessa de graça. Agora a pergunta: é mesmo de graça? O Mark Zuckerberg tá lá morrendo de fome?

sinta a pobreza
Acho que isso já ajuda a pensar no assunto, que não é tão simples assim. Envolve muito mais mudanças. O problema é que a gente está vivendo as mudanças, então fica complicado tentar definir alguma coisa. 

No fim das contas, sobre ebooks e livros físicos, acho que é até melhor quando se usa os dois, só não acredito que deva se conformar com tudo tão rápido (e nem negar!).

-dana martins

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9 comentários

  1. Pra mim, livro físico é melhor pelo mesmo motivo de ter um jogo físico. Você é o dono dele e tem ele de verdade na sua mão. Tudo bem que o ebook é bem melhor em termo de portabilidade, é uma das únicas vantagens que eu considero

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    1. Isso eu também acho. Na verdade, é um dos maiores motivos pela minha defesa da versão físico.

      Ao mesmo tempo, tem muita coisa que eu nem acho relevante ter, tipo um livro de receitas, um texto extra da faculdade, um texto qualquer pra ler, um livro só de teste... Isso tudo no eredear fica muito mais fácil

      Obrigada pelo seu comentário, Caio. :)

      - Dana

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  2. Livros físicos e livros digitais são complementares, não concorrentes. Um jamais vai substituir completamente o outro. Eu prefiro o livro físico pelo toque, pelo cheiro, pela possibilidade de ler em lugares públicos sem correr o risco de ter o livro roubado. Por outro lado, acho importante ter a opção de livro digital, principalmente por questões de espaço (para mim). Já fui muito possessiva com relação aos meus livros, mas aprendi a desapegar. A falta de espaço me obrigou. Com exceção de pouquíssimos livros de coleção (ex.: Stephen King), eu leio meus livros e depois troco, doo, vendo. Não tenho o hábito de reler os livros, então não vejo motivo para ficar acumulando coisas na estante. No entanto, mesmo que geralmente não releia os livros, gosto de poder rever alguns trechos, alguma frase específica. É aí que entram os e-books. Posso ter todos os livros lidos para futuras consultas no leitor digital, sem ocupar espaço físico. Um grande negócio, na minha opinião.
    E não acho que o livro digital deva ser gratuito, mas com certeza precisa ser mais barato. Sua fórmula conseguiu resumir perfeitamente o motivo.
    beijo!

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  3. Gostei do post, é realmente uma discussão e tanto. Eu sempre fui a favor do livro físico, mesmo considerando de preços a impacto ambiental, mas de uns meses pra cá, comecei a ficar mais aberto a e-books. Aberto sem ler nem comprar e-books, porque eu não tenho um kindle, kobo ou variante, e ler em computador/celular não dá, por ser muito distrativo e por outros fatores. Andei lendo sobre, e achei o kindle muito interessante, e pretendo até comprar um, quem sabe um dia. É realmente mais econômico, quando nos arriscamos pagando de 40 a 50 reais num livro do qual não temos certeza se vamos gostar. Daí no caso de se tornar um favorito, é só comprar a edição física pra exibir na estante à vontade.

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  4. Hey!

    Então, no fim você acabou dizendo basicamente as mesmas coisas que eu só que numa abordagem diferente e de forma mais aprofundada? hahaha

    Eu concordo com o que você disse de não ter um melhor, de cada um ser melhor para cada situação etc, e é isso que eu quero dizer quando falo em coexistência.

    E sobre o preço, eu também não acho legal a edição ebook custar mais cara que a física e eu acho que nunca vi isso? Acho que o que acontece muito é que o ebook só é vendido no preço de capa, as lojas fazem poucas promoções (mas a Amazon BR tem feito promoção de ebook por 9,90 toda semana) e os físicos estão sempre com desconto na internet. Isso faz com que os preços fiquem mais próximos, né?

    Quando eu falei sobre preços no meu post, eu estava tentando mostrar para as pessoas que o preço que costumam colocar em ebooks é válido, porque tem muita gente que insiste em achar que ebook tinha que ser de graça ou, sei lá, no máximo 0,99. O comentário que eu coloquei no meu post eu realmente vi na minha timeline do Twitter, foi praticamente ctrl+c ctrl+v; tem muita gente que não pensa nas questões de produção, sabe?

    Enfim, acho que é isso? q

    - Paulo

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    1. Mais ou menos, eu achei que você foi defensivo demais e usou alguns argumentos que eu não concordo (tipo diferença ser só física, ou isso mesmo de reclamarem do preço). Mas no geral, eu concordo como disse no início do post

      Bem, então talvez você não tenha olhado direito, porque eu já vi ebook mais caro que o físico. E se eles conseguem fazer o livro físico vender a 10 (ou 20, que seja), vender o ebook por 30 tem algo errado mesmo. E eles vendem muito ebook ao preço de capa de livro físico - quer dizer que foi mais barato pagar à gráfica e todo aquele blablabla do que colocar na internet?
      Acho que pagar 9,90 é até beleza, sacanagem é quando colocam lá pra 30 ou mais.
      E de todo não reclamo só de livro digital o preço, tipo essas macumbagem de preço físico da Rocco - e o material, muitas vezes a tradução, nem é de qualidade e o livro tem uma tiragem alta. Mas eles ainda tinham a desculpa de ser tão caro imprimir algo de qualidade que não vende muito...
      Do jeito que você falou, é como se a pessoa tivesse errada em discutir o preço. Tem livro que é barato em ebook num preço razoável (9,99...), mas tem outros que vão muito além disso sem nem motivo (os próprios ebooks de Jogos Vorazes, os livros vendem tanto que o dinheiro gasto pra fazer o ebook foram mínimos). E não é só aqui no Brasil isso de preço...

      E eu sei que quando você explicou preço no post tava falando em relação a ter que pagar a pessoa. Isso eu concordo e disse aqui. Minha discussão sobre preço nesse post foi o fato de você criticar negativamente quem reclama de preço - e que tem mesmo essa parte de preço que tem que pagar, mas que eles estão cobrando um valor além disso (afinal, tem que começar alto pra testar o mercado, vai que dá certo...)

      E concordo que tem gente que acha que "se tem de graça na internet, é pra pegar." - e que isso não é exatamente certo.

      Mas aí ainda temos toda uma discussão sobre outras formas de pagar que estão surgindo e se é mesmo tão criticável pegar "de graça"...

      - Dana

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    2. Eu quase não vejo ebook no Brasil, mas a maioria dos que eu vejo na amazon gringa tem um preço bom, muito bom às vezes.

      Eu também acho errado, na maioria das vezes, ebook por 30 reais. Mas eu não considerei minha isso na minha discussão, eu escrevi tudo a partir daquela frase da pessoa criticando ebook por 10 reais, que é um preço MUITO justo.

      Dependendo do caso, não acho tão errado ebook por 30 reais. E antes que diga que eu estou defendendo tudo, são em casos específicos de livros muito grandes. Pelo que eu vi, os das Crônicas de Gelo e Fogo estão 20 e poucos na Amazon BR e eu acho justo porque os livros são grandes. E o tamanho dos livros também influiu no ebook. Por ser um arquivo, as pessoas acham que o tamanho não faz diferença, mas faz. É óbvio que no físico a diferença é maior por causa da impressão, mas nos dois o número de páginas influencia, porque tradutor cobra por página traduzida e acredito que revisor, se for de fora, faça o mesmo.

      Esse ano a Cia. vai lançar Infinite Jest, que tem mais de 1000 páginas. Eu quero muito comprar o livro físico, mas vou comprar o ebook também porque deve ser MUITO pesado e vai ficar cansativo. E não me importo de pagar mais de 30 reais porque o trabalho de tradutor precisa ser reconhecido.

      Enfim, eu sempre penso nas pessoas que trabalham com isso porque eu já pensei muitas vez em trabalhar com livro e é triste ver gente ignorando os trabalhos.

      E acho que ebook muito caro tem muito mais no Brasil, mas eles têm uma justificativa (que pode ser difícil de engolir por todos): os livreiros tem medo do mercado do ebook no Brasil e se fizerem uma diferença muito grande de preço pode complicar.

      - Paulo

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    3. Eu vejo ebook aqui, lá fora e já andei procurando na Espanha e França (uma das minhas vontades de comprar ebook é tentar ler literatura estrangeira nacional). Tem alguns com preço bom, outros nem tanto (a maioria dos ebooks da Rocco)

      Isso do tamanho conta, mas nem tanto pra chegar a 30 reais (a não ser que seja tradutor de ouro, autor supercomplicado), sem falar que fora a diagramação o trabalho para o físico e o digital é o mesmo, feito uma vez só. Você acha mesmo que esses 20 reais de diferença estão indo para o cara da diagramação?

      Eu concordo que o trabalho precisa ser reconhecido, mas você pagar mais caro não significa que isso vá acontecer. A Intrínseca sempre tem livro de qualidade e preço bom (digital e físico), não vejo ninguém reclamando que o pessoal que trabalha pra ela tá passando fome (aliás, é uma das editoras mais elogiadas).

      Eu seria a favor também e pagaria na boa, se o aumento do preço realmente estivesse influenciando tanto no salário dessas pessoas.

      E pra completar: praticamente até pouco tempo você praticamente só tinha a opção de pagar (e caro! - mais barato que eu paguei em livro do Harry Potter foi 40 reais) para ler um livro - e isso não influenciou em nada na consciência das pessoas quanto à "importância do tradutor."

      Mas acho que a questão aqui é o que eu falo no terceiro tópico: está tudo mudando. A forma de pensar "ser remunerado" e "reconhecido" também.

      Eu falei exatamente disso no twitter esses dias - deles não gostarem, estarem dificultando e testando o mercado. É uma justificativa, não algo que eu deva aceitar. Se todo mundo continuar pagando mesmo quando o preço é mais caro, pra que eles vão mudar? As editoras também precisam se adaptar - e é o consumidor que faz a diferença.

      (se todo mundo não pagasse por livro, elas teriam que se virar pra acompanhar isso. não sou a favor de não pagar, mas acredito que esse "pagamento" vai além de dar 10 ou 30 num livro - e em vez de sentar e deixar elas cobrarem um preço que vai ser injusto para todos os lados, sou a favor das editoras começarem a trabalhar em formas alternativas)

      - Dana

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  5. Não tenho um e-reader, ainda, mas passo a maior parte do meu tempo na frente de um computador, escrevendo e lendo.
    Muitas vezes, eu demoro cinco dias ou mais pra ler um livro físico, sendo que eu poderia ter lido o e-book em dois... Mas acho que isso se dá pelo fato de eu ter começado a ler pelo computador, por ler sempre fanfics.

    Gosto de ter livros na estante, mas às vezes compro os dois, deixo o livrinho lá quietinho e leio o e-book que eu posso ou ter comprado ou simplesmente baixado na internet...

    Os e-books em português que você encontra por um preço mais baixo são os da Novo Conceito, e em hipótese alguma eu vou pagar mais de 10 reais em um e-book. Eu pago dois dólares, às vezes menos, nos e-books internacionais...

    Já a questão de se baixar livros de graça na internet é um assunto que eu estou escrevendo um texto para o meu blog, porque sempre existem dois lados da história e eu, como leitora e escritora, acho que posso dizer que conheço um pouco de cada.

    Ótimo texto, abraços!

    Letícia - Literature Diary
    @literaturediary

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