Em
“As Vantagens de Ser Invisível”, Charlie menciona “mixtapes” que ele ouviu e
outras que foram preparadas especialmente por ele para seu amigo secreto,
Patrick. Ao ler essas passagens, mergulhei nas lembranças de quando eu costumava
ganhar essas fitinhas de pessoas muito queridas e daquelas que elaborei com
carinho para presentear. Quem nunca fez uma coletânea para amigos ou interesses
românticos?
Quando o pessoal do ConversaCult me convidou para escrever, fiquei megafeliz, e também perdida, sem saber sobre o que falar. E agora, Michelle? A inspiração veio do livro que estava lendo no momento (sim, só consegui ler "As Vantagens de Ser Invisível" agora) e da nostalgia que Charlie despertou em mim.
A empolgação
de selecionar canções que tivessem um significado especial e exclusivo, a
definição da ordem perfeita, as horas gastas à procura das músicas em outras
fitas e discos, a atenção para a gravação não cortar o fim da música nem
incluir o começo da canção seguinte, a raiva de ter calculado mal o espaço da
fita e de ver “aquela” música ficar pela metade...
Atualmente
as coisas são muito mais fáceis. A música em um meio físico praticamente não
existe mais. Poucas pessoas ainda compram CDs e vinis. A fita cassete foi
extinta. A música se resume a um arquivo no computador ou no mp3 player. Montar
uma playlist é simples: basta marcar os arquivos e estabelecer a ordem. Claro
que a ideia continua sendo a mesma e que os sentimentos envolvidos ao escolher
quais músicas farão parte da lista ainda estão lá, mas, para mim, parte do
encanto se perdeu.
Preparar
uma coletânea para alguém ia muito além da seleção de músicas e da gravação:
envolvia também o design gráfico. Sim, porque fitinha boa era aquela que vinha
com capa personalizada. Valia desenhar, pintar, fazer colagem, usar papel de
presente... o essencial era mostrar o quanto a pessoa era única e importante na
sua vida.
É
inegável que a tecnologia gerou ferramentas muito úteis para a elaboração de
coletâneas, simplificando e agilizando o processo. Conseguiu eliminar grandes
problemas, como o desastre que era quando as fitas desenrolavam dentro do
aparelho de som, a tristeza que dava quando, por descuido, a fita ficava perto
de algum dispositivo imantado e tinha algumas partes da trilha sonora apagadas
acidentalmente, o incômodo que era ter que ficar virando a fita de um lado para
o outro, a dificuldade que era para encontrar a música "x" que estava
lááááá no meio da fita...
No
entanto, ao simplificar e agilizar o processo, a tecnologia também eliminou o
hábito de ouvir uma seleção na ordem exata em que foi pensada, pôs fim ao
limite de tempo de gravação imposto pelos meios físicos, ampliando o número de
músicas, mas diminuindo a força das canções realmente marcantes e, sobretudo,
acabou com a alegria de ter nas mãos um objeto mágico recheado de sentimentos e
recordações e que foi preparado tendo em mente uma pessoa apenas. Poder tocar nesse
objeto era tão significativo e emocionante quanto escutar as músicas contidas
nele.
Beijo e até a próxima!
-Michelle
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2 comentários
Que bacana essa postagem!
ResponderExcluirEu ganhei uma mixtape em 2005 quando fitas cassetes ainda eram comuns, haha, uma colega da escola fez com músicas do Nirvana, aquela fitinha foi minha trilha sonora preferida durante bons anos, até hoje tenho, mas não sei se ela funciona ainda - não sei também se o aparelho aqui em casa ainda toca o.O
Ultimamente, ouço algumas mixtapes disponibilizadas em blogs, gosto bastante porque sempre acabo conhecendo artistas que não conhecia :)
Mas, o encanto que receber uma fitinha e a pessoa dizer que fez especial para ti é muito bacana!
Beigos!
Maura - Blog da /mauraparvatis.
Aaahhh eu tinha duas mixtapes que eram tesouros da minha vida! rsrs Guardei enquanto pude até que elas cederam ao tempo e simplesmente se foram! Sobram ainda umas recordações, uns CDs que tentaram cumprir o papel (mas que não conseguiram, não tinham a graça da mixtape...) e uma saudadezinha dessa época.
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