Então, deixa eu explicar para vocês, crianças, o real motivo desse post. Acontece que euzinha, sim, eu, Igra (estou confessando!) tenho um problema MUITO sério em julgar livros (até filmes) pela capa/poster/trailer. Como se não bastasse, eu passei a comprar livros meramente famosinhos (lançamentos que tinham um design completamente arrebatador) que mais vendiam do que diziam. É claro que isso tudo é uma opinião minha - e eu não vou ficar relatando nomes desses livros específicos, mas ENFIM.
O que eu quero mesmo que vocês, lindos leitores, entendam, é que TEM CURA. Sim, ela existe, e acreditem em mim, é libertador!
O que eu quero mesmo que vocês, lindos leitores, entendam, é que TEM CURA. Sim, ela existe, e acreditem em mim, é libertador!
Então, tudo começou com a discussão que eu escrevi láaaaaaaa atrás sobre Por que você deve dar uma chance pra lindja da Meg Cabot. Enquanto eu fazia aquele post, fui percebendo que havia muito mais sobre o que falar, coisas que valeriam não só para essa autora, mas também para outros e até mesmo diretores de filmes.
Quero dizer, você pode até ler a sinopse do livro na livraria, mas o que faz com você leia essa sinopse é nada mais nada menos do que a capa. Ou o nome que estampa essa capa (um caso recente é o novo livro da Rowling, Morte Súbita). Conheço uma galera considerável que julga livros de maneira aleatória, e nem mesmo se dá conta disso. Quando o julgamento é pro lado bom, ok, mas e quando não é?
Dando um exemplo bem mais concreto, eu li "Noites de Tormenta" do Nicholas Sparks. Não porque eu curti a capa, mas porque eu sempre tive curiosidade em relação a ele. É um desses casos que o livro vende pelo autor e não pela obra de fato (tipo criatura - arte - decaindo ao estatuto do criador, ou algo desse gênero). Enfim, li, não gostei, e ignorei a existência das outras obras. É uma forma louca de julgamento, mas comecei a acreditar que equivalia ao simples *tô julgando pela capa*.
É claro que, hoje em dia, isso parece um exemplo extremamente torto, mas é o que eu consegui trazer como experiênciatraumática própria para vocês. É como o ditado *a primeira impressão é a que fica* (que aliás daria outro post a respeito, porque né. Mas vamos deixar pra outro dia, quando você leitor não estiver fazendo nada pela net e quiser ler).
O que estou querendo dizer é que o ato de julgar está tão enraizado em nossas mentes que não conseguimos diferenciá-lo como uma atitude que pode ser mudada. Quem já chegou numa livraria, viu o livro mais feio da estante e pegou pra ler a sinopse? Ninguém.
Hoje em dia as editoras se focam nisso - porque notaram o quanto a arte da capa é responsável pela venda. Se a história for boa, ótimo, mas se a capa for ruim.... esqueça que existe uma incrível narrativa digna de prêmios naquelas páginas. Porque 1) não vai chamar a atenção de ninguém, nem dos críticos e 2) consequentemente não vai vender.
É claro que são concepções voltadas especificamente para livros cujos autores são desconhecidos. Livros em que o escritor é colocado na parte inferior da capa, quase escondido, e só está ali porque é convenção. Aliás, se ficar feio, talvez os editores até cortem o nome, deixando pra mencionar só no interior da obra. O que é um pouco absurdo, mas não deixa de ser real.
Quando o assunto é autor famosinho - e aprovado - pela massa, a história muda. The Casual Vacancy não teve as melhores resenhas da internet mas com certeza no último Natal foi o livro mais comprado, juntamente com 50 tons de cinza. E o que importa é vender.
Ou não?
A questão dos filmes meio que chegou de paraquedas nesse post, e eu simplesmente não queria deixar de mencionar, porque é um exemplo meio que tão gritante quanto. É tipo apostar na mesma fórmula já consagrada - mesma coisa do autor famoso que escreve outro livro. Quantas paródias você já viu por aí? Sem falar nos diretores que são pré-julgados pelos filmes que já foram rodados anteriormente. Até mesmo nos posteres dá pra ver um padrão.
Só que a capa aqui não é poster, e sim trailer. Em um caso, o que determina a venda é a imagem; no outro, é essa mesma imagem, só que em movimento.
--> Convencionado pela própria cultura
Uma vez eu tive uma aula de Teoria Literária que falava exatamente sobre esse fenômeno. Na verdade é um assunto recorrente nessa matéria, e eu sempre tive vontade de trazer um pouco disso tudo sob uma perspectiva mais acadêmica. É claro que isso aqui é um blog cultural, informal, não uma aula de Teoria Literária numa universidade, mas o que dá pra eu passar pra vocês - da minha maneira - é que estamos todos convencionados a um tipo de arte específico. A arte que chamamos de arte só é assim porque faz parte de um sistema, e tudo o que chamamos de inovador nem pode ser realmente dito como inovador, já que até a inovação existe dentro de uma estrutura.
E o que isso tem a ver com o post?
A indústria cultural hoje em dia usa a arte como forma de ganhar dinheiro diretamente. Isso acontece com as capas dos livros que você julga, com os nomes dos autores (artistas), e até mesmo com os filmes que você vai no cinema assistir. A arte deixa de ser arte para virar uma convenção dita "produto", sempre exposta a pré julgamentos que não têm qualquer fundo especial além da simples imagem.
Quero dizer, você pode até ler a sinopse do livro na livraria, mas o que faz com você leia essa sinopse é nada mais nada menos do que a capa. Ou o nome que estampa essa capa (um caso recente é o novo livro da Rowling, Morte Súbita). Conheço uma galera considerável que julga livros de maneira aleatória, e nem mesmo se dá conta disso. Quando o julgamento é pro lado bom, ok, mas e quando não é?
Dando um exemplo bem mais concreto, eu li "Noites de Tormenta" do Nicholas Sparks. Não porque eu curti a capa, mas porque eu sempre tive curiosidade em relação a ele. É um desses casos que o livro vende pelo autor e não pela obra de fato (tipo criatura - arte - decaindo ao estatuto do criador, ou algo desse gênero). Enfim, li, não gostei, e ignorei a existência das outras obras. É uma forma louca de julgamento, mas comecei a acreditar que equivalia ao simples *tô julgando pela capa*.
É claro que, hoje em dia, isso parece um exemplo extremamente torto, mas é o que eu consegui trazer como experiência
O que estou querendo dizer é que o ato de julgar está tão enraizado em nossas mentes que não conseguimos diferenciá-lo como uma atitude que pode ser mudada. Quem já chegou numa livraria, viu o livro mais feio da estante e pegou pra ler a sinopse? Ninguém.
Hoje em dia as editoras se focam nisso - porque notaram o quanto a arte da capa é responsável pela venda. Se a história for boa, ótimo, mas se a capa for ruim.... esqueça que existe uma incrível narrativa digna de prêmios naquelas páginas. Porque 1) não vai chamar a atenção de ninguém, nem dos críticos e 2) consequentemente não vai vender.
É claro que são concepções voltadas especificamente para livros cujos autores são desconhecidos. Livros em que o escritor é colocado na parte inferior da capa, quase escondido, e só está ali porque é convenção. Aliás, se ficar feio, talvez os editores até cortem o nome, deixando pra mencionar só no interior da obra. O que é um pouco absurdo, mas não deixa de ser real.
Quando o assunto é autor famosinho - e aprovado - pela massa, a história muda. The Casual Vacancy não teve as melhores resenhas da internet mas com certeza no último Natal foi o livro mais comprado, juntamente com 50 tons de cinza. E o que importa é vender.
Ou não?
A questão dos filmes meio que chegou de paraquedas nesse post, e eu simplesmente não queria deixar de mencionar, porque é um exemplo meio que tão gritante quanto. É tipo apostar na mesma fórmula já consagrada - mesma coisa do autor famoso que escreve outro livro. Quantas paródias você já viu por aí? Sem falar nos diretores que são pré-julgados pelos filmes que já foram rodados anteriormente. Até mesmo nos posteres dá pra ver um padrão.
Só que a capa aqui não é poster, e sim trailer. Em um caso, o que determina a venda é a imagem; no outro, é essa mesma imagem, só que em movimento.
--> Convencionado pela própria cultura
Uma vez eu tive uma aula de Teoria Literária que falava exatamente sobre esse fenômeno. Na verdade é um assunto recorrente nessa matéria, e eu sempre tive vontade de trazer um pouco disso tudo sob uma perspectiva mais acadêmica. É claro que isso aqui é um blog cultural, informal, não uma aula de Teoria Literária numa universidade, mas o que dá pra eu passar pra vocês - da minha maneira - é que estamos todos convencionados a um tipo de arte específico. A arte que chamamos de arte só é assim porque faz parte de um sistema, e tudo o que chamamos de inovador nem pode ser realmente dito como inovador, já que até a inovação existe dentro de uma estrutura.
Hã? Oi? |
E o que isso tem a ver com o post?
A indústria cultural hoje em dia usa a arte como forma de ganhar dinheiro diretamente. Isso acontece com as capas dos livros que você julga, com os nomes dos autores (artistas), e até mesmo com os filmes que você vai no cinema assistir. A arte deixa de ser arte para virar uma convenção dita "produto", sempre exposta a pré julgamentos que não têm qualquer fundo especial além da simples imagem.
Mas o seu julgamento, ah, esse julgamento... Bem, ele é pura opinião particular, certo?
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5 comentários
Essa história de julgar pela capa é muito polêmica mesmo. Eu sou dessas pessoas que ama capas maravilhosas e hoje em dia todas as editoras estão apostando nisso pra te enlouquecer na livraria e fazer você querer tudo!
ResponderExcluirMas na verdade o meu maior problema é com livros com a capa do FILME! Esse é outro assunto que rende haha.. Tem gente que adora, outros que detestam. Eu to nesse segundo grupo, acho que não faz sentido nenhum mudar a capa de um livro a favor da sua adaptação... Tanto porque as vezes os dois nem são assim tão parecidos, exemplo?
BENJAMIN BUTTON. Vocês já viram o tamanho do conto que gerou aquele longa interminavel? hahah peguei um exemplo extremo, mas pra mim é isso.. Julgo mesmo, sem mais. haha
Nossa sociedade se tornou tão visual que hoje em dia escolher livros pela capa faz parte do inconsciente coletivo - até eu tenho que admitir isso, apesar de ter lido obras maravilhosas com capas não tão excepcionais. E tenho percebido cada vez mais que livros com capas de filme, como a Sabrina mencionou no comentário acima - principalmente depois do boom da saga Crepúsculo - vendem cada vez mais, o que já leva a outro assunto - filmes baseados em livros para explorar o dinheiro dos fãs da saga.
ResponderExcluirSituação parecida acontece com os autores famosos, como você mencionou. Duvido que se Morte Súbita fosse um livro de um autor qualquer, fosse vender tanto assim. Mas como se trata de J.K. Rowling, que já tem uma base de fãs ferrenhos como os Potterheads, as editoras que não são bobas aproveitam esse gancho para faturar mais. É triste perceber que o livro tem sido encarado cada vez mais pelas editoras como um produto qualquer e não tanto como material de conhecimento. Mas enfim, excelente post!
Clara
http://labsandtags.blogspot.com.br/
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ResponderExcluirConfesso que julgo o livro pela capa. Tanto que já cheguei a adquirir um livro mais caro só por causa da versão da capa. Obvio que a sinopse, o autor, as críticas e o marketing para promover o livro conta, mas no final das contas uma capa agradável pesa muito à favor.
ResponderExcluirSeu texto me lembrou um dos meus vídeos preferidos do TED que fala justamente sobre design de capa de livro e o valor que ele possui. Vale a pena assistir: http://migre.me/cY6IF
Faça uma visitinha no meu blog
ResponderExcluirhttp://julgandofilmeselivros.blogspot.com.br/