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Guia de Quadrinhos: Rita Leeando Graphic Novel

6.10.12Dana Martins


WTF você tá falando? Provavelmente foi o que você pensou ao ver o título. Mas já ouviu aquela música "Amor e Sexo" da Rita Lee que ela fica falando o que é um e o que é outro? Pois é. Eu já fiz aqui um Graphic Novel vs. Comic Book, mas quando eu fiz aquele acabou surgindo um "complemento" que vale uma conversa. Aqui você vai ver o que o Neil Gaiman acha das Graphic Novels e o que o termo significa nesse mundo de aparências.

Vamos começar bem: não existe exatamente uma definição para graphic novel. É um termo relativamente novo, que acabou pegando e agora usam por aí. É igual a nerd, ou às nossas discussões sobre literatura distópica. Existe um consentimento geral sobre algumas características, mas na hora do "o que é o que" acaba dando confusão. 

Agora para continuar realmente bem, o Neil Gaiman respondendo uma pergunta sobre o assunto:

Pergunta: Eu tenho tentado descobrir se há realmente alguma diferença significante entre "comic book" e "graphic novel". Sandman começou como 76 comic books, mas agora parece que todo mundo se refere a isso como se fosse uma série de graphic novels. As graphic novels são apenas comics que alguém em algum lugar acredita que é arte? Uma comic vira uma graphic novel quando é compilada? É só um termo arbitrário que qualquer um pode usar seja lá como quiser?
Resposta do Neil Gaiman:
Sim.
Não, não há diferença significante. Por alguma razão o termo "grande compilação ou comic original publicada na forma de livro" não deu certo, enquanto "Graphic Novel" deu.
É uma categoria de venda e uma dica de onde na livraria você vai encontrar a história. Sandman foi mesmo 76 comic books, e você ainda pode encontrar essas edições no eBay, ou nas paredes e caixas de devolução de lojas de comics. Mas se você quer ler a história agora, a maneira mais fácil é uma série de 10 graphic novels. É assim que elas continuam impressas.
E há coisas estranhas. Meu livro com o Dave McKean "The Wolves in the Walls", é um livro infantil na Barnes and Noble, mas é uma graphic novel na Borders. Isso é porque na B&N quem comprou o livro foi o comprador de livros infantis (quem decide o que fica na seção infantil), enquanto na Borders foi o comprador de graphic novel.

Então, pelo que parece, para o Neil Gaiman a diferença entre graphic novel é o formato. Pegue 6 edições da revistinha (comic) do Homem-Aranha, junte e voilà: uma graphic novel!

Mas acabou aqui e podemos ir dormir tranquilos essa noite com a certeza da diferença entre graphic novel e comic book no nossos corações? Calma, rapaz. O mundo não é tão simples. 

"Então... confesso que ainda tenho a mente meio fechada pra Graphic Novels. Acho que é porque eu nunca tive contato com nenhum e porque parece um tipo de HQ mais sério, sei lá." - comentário do João Pedro num Guia de Quadrinhos.

De um modo um pouco inverso, ele conseguiu expressar a outra parte da diferença entre comic book e graphic novel. Essa parte da diferença é parecida com os termos nerd e geek. Enquanto o termo nerd tem o lado negativo de cara feio enfiado no meio de comics de super-heróis, o termo geek é para o cara antenado e descolado. No fim das contas, os dois estão fazendo a mesma coisa, mas pra um deles você olha como se não fosse legal e para o outro você olha como se fosse.
*Sendo o nerd o comic book e o geek a graphic novel. Eu falei que o João entendeu de modo inverso porque, em vez de achar mais legal, ele ficou com a "mente meio fechada".

Eu encontrei no Universo HQ uma explicação para facilitar as coisas:

Qual leitor de quadrinhos desconhece o termo graphic novel? Reza a lenda que o mesmo foi criado pelo mestre Will Eisner, ao apresentar sua obra Contrato com Deus (publicada no Brasil pela Editora Brasiliense) para seu editor. Na época, Eisner não queria que a publicação fosse catalogada como um comic book, e a apresentou como sendo uma "graphic novel".

Sendo verdade ou não, isso explica bastante. O nosso Guia dos Quadrinhos "Porque comic book, mangá e graphic novel é tudo a mesma coisa, não é?" foi em parte sobre o preconceito com essa forma de contar história - e como preconceituoso só vê cara, arranjar um nome diferente com certeza ajuda. Além disso, o termo serviu até para as próprias editoras repensarem que tipo de histórias em quadrinhos elas podem publicar, dando espaço para algumas, como Retalhos. 

Até agora eu não consegui decidir se amor é comic book e sexo é graphic novel, ou graphic novel é amor e comic book é sexo. Acho (só acho) que a comparação não foi muito boa. Em último caso, me deu um título legal.


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