por Dana Martins
- Livro Único, até que se diga o contrário
- Autor: Ted Kosmatka
- Editora: Del Rey
- Autor: Ted Kosmatka
- Editora: Del Rey
- No skoob
OBS: o livro foi lançado em março lá fora, ainda não há precisão para lançar aqui e por ser ficção científica acho até difícil isso acontecer. :/
Mini-crítica:
Em um futuro não muito longe, a genética vive sua era de ouro e a criação de "mutantes" virou competição. Nas Olimpíadas os países colocam suas criações em uma arena para lutarem como gladiadores e a vitória significa poder. Contudo, o cenário acaba de mudar. Um supercomputador cria a "fórmula" do competidor americano e junto com o Silas, a Vidonia e o Ben, você vai ter que se virar para entender o que é essa estranha criatura a tempo de vencer a competição. Não é a YA, é muito mais ficção científica. Particularmente, gostei bastante desse mashup de alienígenas com manipulação genética, sem falar da possibilidade da realidade virtual com o supercomputador que cria uma ponte com livros tipo "Neuromancer" (ou o filme "Matrix", ou o livro "Jogador Número 1"). E não se engane: o livro tem muito conteúdo para se discutir.
Quer saber mais? Clique abaixo para conferir a resenha completa.
Vou confessar que boa parte do que me chamou atenção nesse livro foi a capa. Livro desconhecido americano com capa no mínimo bem feita é algo meio raro. Depois eu li a sinopse por cima... algo de mutantes, arena e luta para sobreviver. Fiquei com uns pés atrás por causa da semelhança com Jogos Vorazes (o próprio nome do livro é "The Games"!), mas ao mesmo tempo a perspectiva mais próxima da ficção científica (+ capa) me ganharam. Não custava tentar, não poderia ser tão ruim assim...
E não foi.
O livro se mostrou bem diferente do que eu imaginei e bem diferente de Jogos Vorazes (apesar de que tenho 90% de certeza de que teve alguma inspiração aí, vou falar disso depois). O que eu mais gostei foi que a história é parecida com a maioria desses YA, mas se desenvolve de modo bem diferente. Foi alivio me afastar da mesmice.
Universo
The Games acontece em futuro que não está tão longe assim. Nessa época, a ciência genética já se desenvolveu o suficiente para manipular genes e criar seres diferentes. É a chamada "época de ouro da genética", quando os estudos estão avançando mais do que nunca. Só que isso começou a causar alguns problemas: uma alteração em uma pessoa aqui, outra alteração ali... Se não houver um motivo para concentrar os estudos, sabe lá para que essa manipulação genética pode ser utilizada. E qual a alternativa encontrada?
Olimpíadas. Todo mundo que conhece um pouco de História sabe que a guerra foi a maior impulsionadora de pesquisas científicas. Mas em um mundo com armas como a bomba atômica não dá para se permitir a guerra desfreada, é assim que ela acaba se transformando em uma competição olímpica. Isso mesmo. Esses jogos.
A cada olímpiadas os geneticistas dos países participantes colocam em uma arena seus gladiadores. A regra é simples: o último que sobreviver vence. A vitória garante ao país posição de privilégio na ordem mundial.
Sinopse
Até o momento, os Estados Unidos venceu todas as competições de mutantes nas Olimpíadas. E o geneticista Silas, chefe da equipe americana, aproveita o status por suas criações. Ou pelo menos aproveitava, porque dessa vez o design escolhido pela comissão foi o criado por um supercomputador que ninguém sabe como funciona. Agora ele precisa se virar para entender o que é esse ser que ele está criando enquanto lida com a pressão de entregar um gladiador medalha de ouro.
Análise
Eu quis fazer essa introdução maior para vocês terem ideia (direto) do que é o livro. Não é Jogos Vorazes, a parte dos jogos no livro é mínima e bem diferente. Eu também acrescentei essa comparação (guerra X desenvolvimento científico) que não está explícita no livro e é apenas uma das perspectivas que você pode encontrar.
Esse não é um livro 100%, acho que muitas pessoas poderiam ler e não gostar (não foi o meu caso). Acho que o problema que essas pessoas vão encontrar é o desenvolvimento dos próprios personagens, que recebem algum grau de profundidade, mas não são tudo aquilo. Na verdade, dá para dizer que o protagonista da história não é nem um personagem, é o mistério: O que nós estamos criando?
Ou seja, essa mudança no modo de desenvolver a história pode desanimar os mais conservadores. No entanto, para nós, brasileiros, há uma surpresa quando se trata de personagens. Uma dos dois personagens principais é brasileira!
Conheça a personagem brasileira: Parte do meu interesse no livro era ficar criticando como ela era retratada*. Acho que ficou no 70%. Os 30% foram perdidos em 1) coisas sem sentido, tipo o nome dela: Vidonia João. Nunca vi esse nome por aqui (desculpa se você for Vidonia), mas esse eu tinha deixado passar, até encontrar uma frase em português no final (imagino que tenha sido português) que não fez sentido. Por um lado, isso é válido porque aproxima a interpretação da de quem leu em inglês e não entendeu nada. Por outro, poderia ter feito mais do que usar o Google Tradutor, né? Agora 2) a segunda parte dos problemas dessa brasileira é o estereótipo. Negra, da favela e da Bahia (pelo menos não foi Rio ou São "Paolo"). Fora isso, a personagem é bem legal, adorei ela ser brasileira e eu não vou contar o que uma garota da Bahia tem a ver com manipulação genética americana. haha (6)
*Incluindo parar na madrugada para procurar o que é esse "peroxide" que é barato, tem em todo lugar e a gente usa como remédio. Aprendi muita coisa.
Agora, se eu for falar o lado bom... Eu encontrei várias coisas que fazem esse livro valer a leitura.
1- Conteúdo! Esse é com certeza o forte dele, que funciona quase como uma crítica e um lembrete do caminho que estamos tomando. O livro já trabalha dentro do panorama EUA vs. China, dentro do mundo das corporações e ainda trabalha uma nova perspectiva de guerra, mostrando que podemos não estar por aí em cima de um cavalo com uma espada na mão brigando por terra, mas ainda travamos essas batalhas por poder. Meu quote preferido é uma das mil mini-reflexões encaixadas na história (#reflitam):
3- Não trata o leitor como burro. Uma coisa que me chamou atenção desde o início foi que havia tempo para você entrar na história e pensar o que estava acontecendo. Em grande parte, você é um dos personagens tentando entender a criatura. Não é aquela coisa de "Olha, essa tal de FMR é a polícia, eles são maus e eu estou citando aqui porque daqui a pouco eles vão bater na minha porta e levar minha mãe embora, então você já vai saber o que é". O livro deixa você entender naturalmente, como se você chegasse na situação e estivesse aprendendo tudo. Principalmente no início, várias coisas são citadas e você não faz ideia do que é, mas depois vai aprendendo.
4- Você pode investigar a história. Esse é mais uma continuação do anterior. Com base em próprios conhecimentos, tipo um pouco de Biologia, ou o de História que eu utilizei no início do post, você pode "investigar" sozinho. Eu fiz várias conexões e era legal entender o que estava acontecendo. E não se preocupe, não é nada de doutorado, o que eu fiz foi tudo com base de ensino médio*.
*Então... sim, leitores mais novos podem perder essa parte do livro. Notícia boa: Genética de escola é uma das coisas mais simples e fáceis (principalmente sem matemática).
Acho que isso é o que vale a pena comentar (por enquanto). Eu gostei bastante desse mashup de alienígenas com manipulação genética, sem falar da possibilidade da realidade virtual com o supercomputador que cria uma ponte com livros tipo "Neuromancer" (ou o filme "Matrix", ou o livro "Jogador Número 1"). Fazendo esse post eu também percebi que é um livro baseado na estruturação de jogos de videogame (com história) e que o leitor é muito mais ativo. Indicado para qualquer um que goste de ficção científica ou queira experimentar na leitura.
The Hunger Games vs. The Games
Eu já disse que "The Games" é diferente e com essa resenha você provavelmente reparou nisso sozinho, mas não dá para negar: uma arena com mutante é algo muito parecido. Principalmente que Silas, o personagem "principal", tem um interesse bem peculiar: atirar com arco e flecha. Isso não tem uma importância enorme na história como tem para a Katniss em Jogos Vorazes, daria no mesmo com espada ou qualquer coisa assim. Eu acredito que o autor tenha lido Jogos Vorazes e se inspirado para falar de um mundo onde mutantes estão por aí e os problemas disso. O Silas usar o arco seria mais uma "referência honrosa". Ou não. Talvez eu esteja completamente errada.
Sobre a nota: Vai ficar com 4, porque eu acho que não é qualquer um que acabou de largar Crepúsculo que vai conseguir aproveitar, mas no meu ranking pessoal ficou com 4,5.
E não foi.
O livro se mostrou bem diferente do que eu imaginei e bem diferente de Jogos Vorazes (apesar de que tenho 90% de certeza de que teve alguma inspiração aí, vou falar disso depois). O que eu mais gostei foi que a história é parecida com a maioria desses YA, mas se desenvolve de modo bem diferente. Foi alivio me afastar da mesmice.
Universo
The Games acontece em futuro que não está tão longe assim. Nessa época, a ciência genética já se desenvolveu o suficiente para manipular genes e criar seres diferentes. É a chamada "época de ouro da genética", quando os estudos estão avançando mais do que nunca. Só que isso começou a causar alguns problemas: uma alteração em uma pessoa aqui, outra alteração ali... Se não houver um motivo para concentrar os estudos, sabe lá para que essa manipulação genética pode ser utilizada. E qual a alternativa encontrada?
Placar Olimpíadas Londres 2012 - Você acha que é só por causa dos esportes que o resultado é esse? |
A cada olímpiadas os geneticistas dos países participantes colocam em uma arena seus gladiadores. A regra é simples: o último que sobreviver vence. A vitória garante ao país posição de privilégio na ordem mundial.
Sinopse
Até o momento, os Estados Unidos venceu todas as competições de mutantes nas Olimpíadas. E o geneticista Silas, chefe da equipe americana, aproveita o status por suas criações. Ou pelo menos aproveitava, porque dessa vez o design escolhido pela comissão foi o criado por um supercomputador que ninguém sabe como funciona. Agora ele precisa se virar para entender o que é esse ser que ele está criando enquanto lida com a pressão de entregar um gladiador medalha de ouro.
Análise
Eu quis fazer essa introdução maior para vocês terem ideia (direto) do que é o livro. Não é Jogos Vorazes, a parte dos jogos no livro é mínima e bem diferente. Eu também acrescentei essa comparação (guerra X desenvolvimento científico) que não está explícita no livro e é apenas uma das perspectivas que você pode encontrar.
Esse não é um livro 100%, acho que muitas pessoas poderiam ler e não gostar (não foi o meu caso). Acho que o problema que essas pessoas vão encontrar é o desenvolvimento dos próprios personagens, que recebem algum grau de profundidade, mas não são tudo aquilo. Na verdade, dá para dizer que o protagonista da história não é nem um personagem, é o mistério: O que nós estamos criando?
Ou seja, essa mudança no modo de desenvolver a história pode desanimar os mais conservadores. No entanto, para nós, brasileiros, há uma surpresa quando se trata de personagens. Uma dos dois personagens principais é brasileira!
Conheça a personagem brasileira: Parte do meu interesse no livro era ficar criticando como ela era retratada*. Acho que ficou no 70%. Os 30% foram perdidos em 1) coisas sem sentido, tipo o nome dela: Vidonia João. Nunca vi esse nome por aqui (desculpa se você for Vidonia), mas esse eu tinha deixado passar, até encontrar uma frase em português no final (imagino que tenha sido português) que não fez sentido. Por um lado, isso é válido porque aproxima a interpretação da de quem leu em inglês e não entendeu nada. Por outro, poderia ter feito mais do que usar o Google Tradutor, né? Agora 2) a segunda parte dos problemas dessa brasileira é o estereótipo. Negra, da favela e da Bahia (pelo menos não foi Rio ou São "Paolo"). Fora isso, a personagem é bem legal, adorei ela ser brasileira e eu não vou contar o que uma garota da Bahia tem a ver com manipulação genética americana. haha (6)
*Incluindo parar na madrugada para procurar o que é esse "peroxide" que é barato, tem em todo lugar e a gente usa como remédio. Aprendi muita coisa.
Agora, se eu for falar o lado bom... Eu encontrei várias coisas que fazem esse livro valer a leitura.
1- Conteúdo! Esse é com certeza o forte dele, que funciona quase como uma crítica e um lembrete do caminho que estamos tomando. O livro já trabalha dentro do panorama EUA vs. China, dentro do mundo das corporações e ainda trabalha uma nova perspectiva de guerra, mostrando que podemos não estar por aí em cima de um cavalo com uma espada na mão brigando por terra, mas ainda travamos essas batalhas por poder. Meu quote preferido é uma das mil mini-reflexões encaixadas na história (#reflitam):
"The man should run for president, Silas thought, as the applause went on and on. But no, then he'd lose too much power." - The Games, página 46. "O homem deveria concorrer a presidente, Silas pensou, conforme os aplausos continuavam. Mas não, assim ele perderia muito poder."2- Medo. Se tem alguma coisa que te prende ao livro, essa coisa é o medo - medo do que está sendo criado. Várias vezes no próprio livro a criatura é comparada a alienígenas e de certo modo esse é um livro sobre isso. Me lembrou a Prometheus (com mais respostas) ou qualquer filme alienígena que eu tenha visto. Atenção: Medo do que estar por vir. Não é terror.
3- Não trata o leitor como burro. Uma coisa que me chamou atenção desde o início foi que havia tempo para você entrar na história e pensar o que estava acontecendo. Em grande parte, você é um dos personagens tentando entender a criatura. Não é aquela coisa de "Olha, essa tal de FMR é a polícia, eles são maus e eu estou citando aqui porque daqui a pouco eles vão bater na minha porta e levar minha mãe embora, então você já vai saber o que é". O livro deixa você entender naturalmente, como se você chegasse na situação e estivesse aprendendo tudo. Principalmente no início, várias coisas são citadas e você não faz ideia do que é, mas depois vai aprendendo.
4- Você pode investigar a história. Esse é mais uma continuação do anterior. Com base em próprios conhecimentos, tipo um pouco de Biologia, ou o de História que eu utilizei no início do post, você pode "investigar" sozinho. Eu fiz várias conexões e era legal entender o que estava acontecendo. E não se preocupe, não é nada de doutorado, o que eu fiz foi tudo com base de ensino médio*.
*Então... sim, leitores mais novos podem perder essa parte do livro. Notícia boa: Genética de escola é uma das coisas mais simples e fáceis (principalmente sem matemática).
Acho que isso é o que vale a pena comentar (por enquanto). Eu gostei bastante desse mashup de alienígenas com manipulação genética, sem falar da possibilidade da realidade virtual com o supercomputador que cria uma ponte com livros tipo "Neuromancer" (ou o filme "Matrix", ou o livro "Jogador Número 1"). Fazendo esse post eu também percebi que é um livro baseado na estruturação de jogos de videogame (com história) e que o leitor é muito mais ativo. Indicado para qualquer um que goste de ficção científica ou queira experimentar na leitura.
The Hunger Games vs. The Games
Eu já disse que "The Games" é diferente e com essa resenha você provavelmente reparou nisso sozinho, mas não dá para negar: uma arena com mutante é algo muito parecido. Principalmente que Silas, o personagem "principal", tem um interesse bem peculiar: atirar com arco e flecha. Isso não tem uma importância enorme na história como tem para a Katniss em Jogos Vorazes, daria no mesmo com espada ou qualquer coisa assim. Eu acredito que o autor tenha lido Jogos Vorazes e se inspirado para falar de um mundo onde mutantes estão por aí e os problemas disso. O Silas usar o arco seria mais uma "referência honrosa". Ou não. Talvez eu esteja completamente errada.
Sobre a nota: Vai ficar com 4, porque eu acho que não é qualquer um que acabou de largar Crepúsculo que vai conseguir aproveitar, mas no meu ranking pessoal ficou com 4,5.
Classificação:
(4/5 conversinhas)
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2 comentários
Oi Dana (:
ResponderExcluirAdorei a resenha e o livro me interessou MUITO. Sério. Livros de ficção que sejam mais próximos da realidade são bem interessantes mesmo, nos fazem refletir bastante sobre o mundo e o futuro.
O problema é que o livro é em inglês... eu até entendo bem textos em inglês, mas nunca li um livro inteiro em outra língua. E como este em especial parece mais complexo, até porque "exige" alguns conhecimentos e tal, não acho que eu esteja preparado lê-lo. Mas quem sabe num futuro próximo, né...
Enfim... mesmo que seja em outra língua, o livro merece atenção. Vou anotar o nome para eu poder adquiri-lo quando eu tiver mais experiência com leituras estrangeiras (:
E Dana, MUITO OBRIGADO pelo carinho em todos os e-mails ♥ De verdade. Você é muito gentil (:
Abraços o/
Ah, queria ler o livro, mas ainda não tem previsão aqui no Brasil! Ótima resenha, e que livro maravilhoso deve ser esse... pelo que vi também é distopia, gosto de distopia, acho que vou gostar!
ResponderExcluirAbraços, Joshua
pensamentosdojoshua.blogspot.com