por Igraínne Marques
- Autor: Luiza Salazar
- Editora: Underworld
- No skoob
Mini-crítica:
É claro que uma distopia brasileira é algo que não se vê todo dia por aí. Em Bios, temos um mundo que mistura uma jornada pós-apocalíptica, tendências à ficção científica e um pouco de Mockingjay (terceiro livro da série Jogos Vorazes) para montar um enredo bem construído. O livro nos conta a história de Liz, uma garota que acorda no meio de uma cidade em ruínas, deserta, portando apenas uma mochila e sem lembranças concretas acerca do seu passado. A parte boa é que Luiza Salazar - a autora - se deteve ao clássico início, meio e fim, ou seja: não se trata de uma série com 10 livros, é volume único. Sim, você leu direito: não há continuação. E se vier a ter, não será algo linear, não vai continuar de onde parou. Além disso (o que é bem inovador) temos a noção de datas, coisa que raramente aparece nesses livros distópicos. E só pra constar: o futuro mostrado não é tão distante assim....
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É claro que, diante da enxurrada inegável de livros distópicos por aí, muita gente pode vir a ficar com algum pé atrás diante da possibilidade de ler uma distopia brasileira. Mas posso dizer que você não irá perder nada se der uma chance. Sério. A história é ótima, não possui partes perdidas no desenrolar e a protagonista é bem decidida, o que particularmente já é um grande diferencial.
Liz, como já foi dito, não se lembra de absolutamente nada do que aconteceu em sua vida antes de acordar no meio da estrada com aquela simples mochila de companhia. Ela logo se junta a adolescentes refugiados, e passa a primeira parte da história tentando desvendar o próprio passado. Com o decorrer do tempo, é assaltada por flashs que inicialmente a deixam mais confusa do que satisfeita. Mas, como eu disse: isso é só na primeira parte.
Mas por que Bios?, você deve estar se perguntando. E onde entra a distopia?
O futuro apresentado, como eu disse, é recente, temos acesso à essa informação logo nas primeiras páginas. Uma clínica de manipulação genética denominada Instituto, construiu um tipo de vida avançada, como um ser humano evoluído em todos os sentidos que você pode imaginar. Assim, o homem dito convencional foi declarado como ultrapassado. A diferença entre ambas as "raças" gera uma disputa que logo se transforma em guerra. Os humanos acabam vivendo refugiados em lugares distantes, enquanto o Instituto (responsável pela criação dos Bios) parece controlar a cidade onde ainda há algum tipo de resquício do tipo de vida que conhecemos.
E claro que há romance! Sempre há, não dá pra fugir disso, muito embora casais não sejam o foco da coisa toda. O livro é em terceira pessoa, mas se fosse em primeira, não acredito que Liz passaria muito tempo pensando acerca do possível amor. Suas preocupações mais latentes estão voltadas para a questão que distingue Bios e humanos, o que está acima de ambos e quais decisões impelem Liz para seu objetivo final. Liam, o cara de quem é evidente uma aproximação da parte dela (mesmo que sem perceber), é um personagem fácil de gostar. Ele é corajoso, autossuficiente, e tem uma personalidade muito forte, o que o torna muito... real. Sua irmã, Poppy, me lembrou, de alguma forma, Prim (Jogos Vorazes). Contudo, a semelhança inicial se esvai depois que você sabe um pouco mais sobre ela. Poppy emana algum tipo de infantilidade ou inocência que eu não esperaria em um livro ambientado num mundo distópico. É de certa forma intrigante.
Otto, outro personagem que me chamou a atenção, é o foco das cenas hilárias. E apesar de eu não ter gostado de Claudia a princípio, depois de um tempo notei o quanto ela também consegue ser muito real. Quase dá pra imaginar que você os conhece de fato, porque a riqueza de diferenças aproximam cada personagem do leitor. A quantidade de nomes é enorme, mas não tive dificuldades em gravá-los, o que não acontece em geral.
Não tem como falar muita coisa sem dar um spoiler conflitante da primeira parte, mas posso dizer que gostei muito dos diálogos. Luiza Salazar realmente sabe escrevê-los.Normalmente essas são as partes que mais me chamam a atenção (depois da capa), porque quando vou às livrarias, sempre abro no meio de alguma página aleatória para ler uma passagem - dialogada - e saber se o livro é legal. As conversas retratadas aqui são bem cotidianas, é fácil acreditar que você as ouviria em qualquer lugar que quisesse ir. Fora o fato de que a maioria consegue ser bem engraçada, para dizer o mínimo.
A única coisa que me incomodou verdadeiramente foi a revisão. Se o livro fosse estrangeiro, talvez eu culpasse o tradutor, mas nesse caso específico, acredito que tenha faltado algum tipo de cuidado com o texto. É claro que a história é incrível, o enredo é impecável, e isso não prejudica a narração, mas não há como ler o livro sem perceber a falha.
Por fim, se você gosta de ação (daquelas que fazem você ficar com o coração na boca), com certeza precisa ler esse livro. As descrições dos combates são boas, a autora não se perde, e Liz é - sem dúvida - muito boa de briga. É ainda mais legal porque não fica repetitivo (como às vezes acontece quando há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo na história).
Sobre a nota: O livro leva 4 conversinhas porque é ótimo, mas, apesar de ter me tocado de maneira bem positiva, não me alcançou no fundo. Talvez, se a revisão pudesse ser refeita, tudo ficasse ainda melhor.
Classificação:
(4/5 conversinhas)
Até! o/
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5 comentários
Nossa!!!!
ResponderExcluirDeve ser eletrizante!!
Como você mesmo falou, dá até medo um livro distópico brasileiro, mas esse parece ser realmente bom! *o*
Lerei, quando tiver oportunidade.
Beijos,
Samantha Monteiro
Word In My Bag
http://wordinmybag.blogspot.com
Distopia brasileira e em volume único? Já entrou na minha lista de leitura!
ResponderExcluirÓtima resenha!
bjo
Esse livro é muito legal mesmo!
ResponderExcluirQuando li não fazia ideia de que era brasileiro, só fui descobrir depois de acabar. Que bom né? Fui totalmente livre de preconceitos para ele e adorei.
Beijitos
http://www.bookpetit.com/
Distopia brasileira e em volume único?²
ResponderExcluirAdorei a capa do livro, chama atenção e depois dessa resenha ele entrou na minha lista!
http://universodosbabados.blogspot.com.br/
Achei a capa do livro estranha e acho que eu não leria se o visse na livraria/internet. O enredo, de início, também não pareceu muuito interessante. Mas ao longo da resenha mudei de opinião;
ResponderExcluirAcho legal ser um livro distópico nacional... particularmente eu nunca tinha visto isso, e foi algo que me deixou curioso. Embora eu não seja o maior fã de personagens que se esquecem de quem são, vou dar uma chance para o livro, porque 1- a narração é boa; 2- é um volume único e 3- porque tem ação u.u
Assim que eu conseguir ler o livro (o que deve acontecer só ano que vem D:) comento o que achei com você. Espero ter surpresas positivas com ele (:
Abraços!