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Onde estão as mães do mundo literário?

13.5.12ConversaCult


Feliz dia das mães! Ou da ausência das mães, se você for como um dos muitos personagens do mundo literário que passa esse dia sem a figura materna. Ou você não reparou? A ausência de adultos não é muito incomum nos livros YA, mas parece que os nossos personagens preferidos acabam, mais do que a média, ficando sem mãe. Eu "descobri" isso quando decidi fazer um post dedicado às grandes mães do mundo fictício e percebi que elas simplesmente... não estavam lá. Continue lendo para entender.

Curiosidade: Essa imagem aí é de uma foto que eu tirei na Fnac aqui do Rio esses dias, do "Guia Dia das Mães" deles. É tão contraditória de indicação para o dia das mães que achei que caiu muito bem para esse post. E aí, comprou The Walking Dead para a mamãe?


1 - Harry Potter e todos os sete livros

O garoto com os olhos da mãe é logo o primeiro que eu penso quando começo a listar personagens de livros. Foi com ele que eu comecei a perceber a maldição dos personagens literários. Se você for ver, Harry Potter é uma série de "órfãos". Harry Potter, Voldemort, Neville, Luna... Ao mesmo tempo, é a série que mais valoriza o papel materno e de mil maneiras possíveis. 

Harry Potter foi protegido o tempo inteiro pelo amor da mãe. Voldemort não teve um pingo de amor e acabou se tornando o maior bruxo das trevas. Além desses extremos de amor (ou falta de amor) materno, temos constantes figuras maternas durante todo o tempo. 


Aposto que a primeira que você vai pensar é a mãe mais mãe de quase todas as mães do mundo literário: Sra. Weasley. Mãe de trezentos sete filhos, que não pensa duas vezes em "adotar" nas férias o Harry e a Hermione e responsável por uma das frases mais épicas: "Not my daughter, you bitch!"

É graças à Sra. Weasley, também, que eu parcialmente cumpri meu objetivo de encontrar grandes mães nos livros. 

2 - Jogos Vorazes

Katniss, outra personagem popular do mundo literário e protagonista de livros famosos, também sofre do mal de falta de mãe. Também órfã, desde pequena precisou lidar com a morte do pai e a depressão da mãe. 

Mais do que nunca, essa ausência da mãe é o motivador do personagem. Veja bem: se o pai e a mãe tivessem morrido, ela teria ficado triste. Contudo, com o estado da mãe, Katniss fica com raiva e encontra aí a força para continuar. 

Essa trilogia é uma em que o papel materno é praticamente ausente, mas de alguma forma acaba surgindo na própria Katniss em relação à Prim. O outro nome para a trilogia poderia ser "Mão aos onze". -n

3 - Crepúsculo

"Ah, mas o que que esses vampiros porpurinados vieram fazer aqui?" Preconceitos à parte, a protagonista do romance YA mais famoso também tem a mãe ausente. Se você não percebeu enquanto falava mal ou babava pelo Edward, a Bella vai parar em Forks para a mãe ficar mais feliz e livre. Durante todos os livros a Bella conta que a mãe sempre foi meio "aérea" e ela precisou amuderecer desde cedo, até quase que virando uma mãe para a própria mãe. 

Aliás, o "Amanhecer Parte 1" virou um filme sobre ser mãe, não é?

4 - Instrumentos Mortais

Esse começa diferente, porque não temos exatamente uma ausência de mãe. Pelo contrário, temos uma mãe superprotetora. Porém, é o desaparecimento da mãe que desencadeia toda a história. 

Repare, esse é o mal desses personagens: se você já não perdeu a mãe, alguém vai tirar ela de você quando a história começar. De uma forma ou de outra, eles acabam passando por suas aventuras sem mãe. 

No primeiro livro, "Cidade dos Ossos", a autora consegue levar embora até a mãe de todo mundo. Jace "nunca" teve e a mãe do Alec e da Isabelle está viajando. No máximo, a do Simon de fundo. Além disso, durante das histórias a Clary vai descobrindo que não conhecia a mãe e, de certo modo, perdendo a pessoa que chamava de mãe antes. 

Jace x Voldemort x Katniss: todos os três personagens de algum modo não conheceram o amor da mãe (a Katniss menos, mas ainda assim). Se você reparar, os três personagens acabam sendo mais insensíveis. Até o momento, não tinha reparado em como eles são parecidos em alguns graus.

5 - Faeriewalker resenha

Outra trilogia YA que a ausência da mãe é importante. Dana nunca conheceu o pai e o problema da mãe é a bebida. Desde muito pequena ela precisa ajudar a mãe, se virar sozinha e organizar as constantes mudanças que a mãe diz ser preciso fazer. É o tipo de "presença ausente" como a de Jogos Vorazes, porque a mãe está lá, mas acaba sendo mais um problema do que um ponto de conforto. 

Se não fosse todos os problemas causados pela mãe, Dana nem teria pensado em fugir para procurar o pai. Isso evitaria que ela acabasse no meio de uma disputa política em que seus inimigos a preferem morta só por precaução (o que é muito ruim considerando que esses inimigos são feéricos* poderosos). 
*espécie de "fadas", mas nada a ver com as da Disney. 

6 - Guia do Mochileiro das Galáxias

Já que estamos no nosso mês dedicado a Douglas Adams, aos nerds e ao Guia, vamos fechar citando a "trilogia de cinco". 

Nos primeiros livros da "trilogia de cinco", não temos nenhuma presença materna (até porque Arthur Dent, o protagonista, já está na casa dos 30), mas isso muda no quinto livro ,"Praticamente Inofensiva", quando o personagem descobre que é pai. Não que ele tenha tido alguma relação, é só que uma antiga amiga decidiu usar o sêmen dele para ter uma filha, já que o resto dos humanos estavam extintos. 

Arthur Dent leva sua vida tranquilamente como Fazedor de Sanduíches em um planetazinho e acaba tendo que lidar com Random Dent, a filha que ele nunca imaginou que teria. A perspectiva aqui é do pai, mas Random é mais uma desses personagens que sofrem do mesmo destino: ausência de mãe. Antes de ir ficar com o Arthur, ela havia sido deixada várias vezes e por anos em "creches" pelo universo enquanto a mãe ia fazer algum trabalho*, o que influenciou no jeito muito rebelde da garota. 
*A mãe não é tão ruim assim, gente. Leia o nosso guia do Guia para entender. 

Uma coisa legal de comentar é que a personalidade "conturbada" de Random acabou sendo o ponto chave dos rumos que "Praticamente Inofensiva" levou a partir da metade. [SPOILER] Se não fosse por ela, os personagens não teriam voltado para a Terra e não teriam todos morrido na destruição do planeta    e de todas as suas versões alternativas. [/SPOILER] E no "E tem outra coisa", o "sexto" livro, vemos a rebeldia e a personalidade da garota pelos olhos do novo autor, o Eoin Colfer, e também como ela influenciou na sua vida pessoal e profissional.

7 - Contos de fadas

Mas não tinha acabado?! É que, como diz o Kvothe, 7 é o número perfeito. E, como dizem as nossas mães, "sempre cabe mais um". 

Nem os contos de fadas estão livres dessa maldição. Temos lindas princesas, príncipes, bruxas más e... mães? Não muito. Em boa parte das histórias, as mães não são nem citadas. Em Cinderela a menina já tinha perdido a mãe e acabou por perder o pai. Não podemos dizer que aquela madrasta era exatamente uma mãe para ela, não é? Em A Bela e a Fera não há nem menção à mãe da Bela. Mas, por curiosidade, há uma versão que fala que os pais da Fera eram ausentes: o pai teria morrido cedo e a mãe acabou indo para a guerra. A Fera insensível? Imagina... Isso sem falar na Branca de Neve que, definitivamente, cresceu sem a mãe, que morreu logo depois de ela nascer. 


A presença mais marcante de mãe é no da Chapeuzinho Vermelho, que como menina má desobedece solenemente os avisos e vai pela floresta. Moral de história? Quando a sua mãe te falar pra sair com o guarda-chuva no dia ensolarado, escuta. 

Considerações finais sobre a falta de mãe no mundo literário

Enquanto eu buscava, encontrei uma lista enorme e nem todos dá para comentar, né? De qualquer forma, faço questão de citar alguns dos outros (muitos) exemplos:
Eragon não tem mãe. Em Eu Sou o Númerio 4 também não. O Frodo, de Senhor dos Anéis, também é órfão. Em Diários de Vampiros, Elena Gilbert também perdeu os pais. No livro Bios, da Luiza Sallazar, a personagem não tem mãe. Lyra, de A Bússola de Ouro, é outra que cresceu sem os pais. Mesmo que Percy Jackson seja o queridinho da mamãe, o que faz ele ir para no inferno em "Percy Jackson e o Ladrão de Raios" mesmo? Em Just Listen, da Sarah Dessen, temos a mãe "presente ausente" em um caso extremamente grave. E a mãe da Lisbeth Salander em Millennium? Divergent... 
Segundo o ICCPL (Instituto ConversaCult de Pesquisas Literárias -n), parece que na maior parte dos livros que nós lemos a mãe estar ausente acaba fazendo o personagem ir parar em algum tipo de aventura louca e perigosa que graças à Disney acaba em "felizes para sempre". Mas, no mundo real, essas aventuras estão longe de serem tão divertidas assim. 

Como as mães são importantes para os nossos livros preferidos, né? Eu realmente não tinha reparado nisso até pensar em destacar as grandes mães da literatura, que na verdade não estão lá e, como consequência, acabam tendo um papel enorme na aventura do protagonista. :)

*vocês repararam que Harry Potter está se infiltrando aqui no CC? Por acaso escolhi terminar com HP o post dos Vingadores também.

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2 comentários

  1. Ótimo post!
    Realmente, a falta da mãe é o que motiva grande parte dos personagens a sair em busca de seu lugar no mundo.
    bjo

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  2. Engraçado como detalhes como esse às vezes passam despercebidos...
    Mas a ausência de mães (e pais também) é um fato tanto triste quanto importante na construção do protagonista. O fato de serem 'sozinhos' no mundo os faz, de certa forma, mais fortes e resistentes. Funcionou para Katniss e Harry.

    Beijinhos, Mallú Ferreira
    semclichesporfavor.blogspot.com

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