2012 a invenção de hugo cabret

Rumo ao Oscar 2012: "O Artista" e "A Invenção de Hugo Cabret"

24.2.12Dana Martins

por Barbara Morais e Igraínne Marques

E chegamos ao último dia do nosso Rumo ao Oscar com os indicados a Melhor Filme. Para ajudar na memória: todas as sextas desse mês alguns de nós passaram por aqui falando de cada filme que entrou para essa categoria. Hoje trazemos os dois últimos e ainda uma convidada especial! A Barbara Morais, a Bell do Nem Um Pouco Épico, veio aqui para falar de "O Artista" ("The Artist"). Já a Igra, aqui do blog, ficou com "A Invenção de Hugo Cabret" ("Hugo").

Mas saiba que esse é último post e não o final do nosso Rumo ao Oscar 2012, que acontece nesse domingo agora, dia 26. Mais tarde nós voltaremos com uma surpresa e uma análise geral, nosso Rumo ao Oscar no tumblr continua com uma foto por dia e no domingo estaremos por aqui com uma cobertura emocionante. Preparem a pipoca!

PS: Achei que o último dia merecia uma foto especial de alguns vencedores do ano passado. O que acharam? :D

por Barbara Morais
>>>O Artista
- Título original: The Artist
- Direção: Michel Hazanavicius
- Roteiro: Michel Hazanavicius
- Atores: Jean dujardin, Bérénice Bejo e John Goodman...
Trailer


Tenho certeza  que quando você descobriu que "O Artista" era preto e branco e mudo, achou que a Academia tinha perdido o juízo. Como assim, um filme preto e branco e mudo!? Esse é o tipo de filme que ganha Cannes ou algo assim e não uma coisa da academia! PRETO E BRANCO E MUDO. QUAL É O PROBLEMA DAS PESSOAS?
E, bem, num mundo em que há dois anos uma obra altamente tecnológica como "Avatar" concorreu à estatueta de maior filme, chega a ser um paradoxo que um filme preto e branco e mudo concorra também. No meio do século XXI! Que retrocesso!

Se você pensou assim, você definitivamente tem que ver "O Artista". A história dele é parecida com essa, só que ao contrário: George Valentin é um astro de filmes mudos de ação e se vê desamparado com a invenção do cinema falado. Seu orgulho o faz recusar a nova tecnologia e ele não acredita que isso vá dar certo. E aí, você sabe como as coisas acontecem: em poucos anos, ele é esquecido e, aos poucos, acaba caindo na decadência.

"O Artista" é um filme sobre filmes, sobre cinema e sobre saudosismo. Como a Peppy Miller diz, numa das cenas de cortar o coração do filme, “Que o velho vá embora! Abram caminho para o novo!”. Um pouco depois dessa parte, ela descobre exatamente o que quem assiste o filme já deve ter descoberto: não importa a forma, velha ou nova, o que importa é a história.

E é exatamente por isso que "O Artista" foi indicado – a sua história é fantástica e, no meio de uma Hollywood em crise, com poucas produções boas, é uma lembrança dos tempo áureos. É uma lembrança de que não adianta a tecnologia evoluir, se a qualidade das histórias se perderem no meio do caminho.

Para quem está preocupado em não se prender com o filme,  por ser mudo, não se preocupe! Ele tem trilhas ótimas e depois de 10 minutos, você se acostuma com o fato de não sair som quando eles mechem a boca. Além disso, para mim a história foi tão envolvente que eu sequer reparei o tempo passar.

"O Artista" tem tantas indicações por conseguir interpretações ótimas, uma história cativante e uma maestria técnica em captar as sutis mudanças no tratamento de imagem ao longo do tempo.

E, de todos os filmes do Oscar que vi até agora, "O Artista" é o melhor de todos. Todo e qualquer prêmio que receber será bem merecido!

PS: Apesar das interpretações ótimas, o melhor ator de todo o filme é o Uggie, o cachorrinho! Sério, gente! Vários críticos queriam até que ele concorresse a melhor ator, mas a Academia não permite. (sad face) Veja aqui e aqui!

>>> O filme é o segundo com mais indicações, você pode ver todas as outras aqui

---------

por Igraínne Marques
>>>OA Invenção de Hugo Cabret
- Título original: Hugo
- Direção: Martin Scorsese
- Roteiro: John Logan e Brian Selznick (autor do livro)
- Atores: Asa Butterfield, Chloë Moretz, Sacha Baron Cohen, Ben Kingsley e Ray Winstone...
- Trailer


Sinopse: A Invenção de Hugo Cabret conta a história de um órfão vivendo uma vida secreta nas paredes de uma estação de trem em Paris. Com a ajuda de uma garota excêntrica, ele busca a resposta para um mistério que liga o pai que ele perdeu recentemente ao mal humorado dono de uma loja de brinquedos que vive abaixo dele e a uma fechadura em forma de coração, aparentemente sem chave.

O que mais me chamou a atenção no filme foi a incrível atuação do pequeno Asa Butterfield, o protagonista. Ele realmente me convenceu. Sua relação com a dita "invenção" é, além de próxima, muito intrigante. Por vezes eu acreditei que a pequena máquina fosse realmente se levantar e ganhar vida, de tanto que o ator a olhava com admiração. Porém, o que me incomodou de um modo estranho foi que apenas Asa me passou alguma emoção. O filme contém atores reconhecidos, como o velho senhor atrás do balcão da loja de brinquedos (Ben Kingsley) e o guarda que não era exatamente perfeito com sua perna de metal (Sacha Baron Cohen). O problema, contudo, não me pareceu ser da atuação.

Para quem não sabe, a produção foi inspirada no livro de Brian Selznick, que tem o mesmo nome. Nome que realmente é um problema, porque proporciona ao espectador (e leitor) uma expectativa errada em relação à história. O filme não parece cumprir com o que promete, e em boa parte do tempo temos a sensação de que ele está se desviando do verdadeiro foco. Há alguns pontos geniais, não se pode negar, como a já mencionada perna mecânica do guarda da estação, um homem que circula atrás de ladrões infantis. Por ser um inimigo declarado do protagonista, chega a ser irônico: Hugo adora consertar coisas, ama o que faz, e tudo que parece ter algum tipo de engrenagem - mas não quando se trata do guarda.

A menina que resolve ajudar Hugo é um ponto sutil no romance do filme. Apesar de haver relações amorosas mais concretas, essa é a que de alguma forma faz o filme andar. O mistério da chave em formato de coração parece unir os dois. A garota é adoradora de livros, e suas viagens acabam demonstrando que há alguma coisa em que acreditar. No meio disso, vemos uma comparação com a história do Robin Hood, um ladrão que tinha seus motivos. Achei que essa parte foi realmente muito bem construída (e incluída na história), uma vez que pareceu bem natural, diferente de tantos outros trechos.

A Invenção de Hugo Cabret não é ruim. É um bom filme, possui um enredo ágil e a história não deixa brechas. Porém, o problema com o desvio do enfoque talvez o faça perder espaço na premiação, principalmente no meio de concorrentes tão bons. 3 conversinhas. 

>>> Nós também indicamos esse outro ponto de vista no Resumo da Ópera.

>>> Os atores mirins contaram que Scorsese passava listas de filmes para assistirem como lição de casa durante as filmagens. 

>>> A tecnologia do filme é a mesma usada em Avatar, e Scorsese filma com as câmeras fusion criadas por James Cameron e Vincent Pac.

>>> O título do filme inicialmente era de fato "A Invenção de Hugo Cabret", depois passou a ser "Hugo Cabret" e enfim se tornou apenas "Hugo" (coisa que, sinceramente, devia ter sido respeitada ao traduzirem o livro e o título do filme por aqui).

>>> O filme foi o que conseguiu mais indicações, veja todas aqui

TAGS: , , , , , , , , , , , , , , ,

MAIS CONVERSAS QUE VOCÊ VAI GOSTAR

1 comentários

  1. Não fiquei tão supresa com a indicação e vitória de O Artista, porque sempre que penso na Academia imagino um monte de velhinhos influentes que piraram quando viram a história do cinema ser tão homenageada em 3 filmes de uma vez (Artista, Meia noite em paris e Hugo). E por mais que essa mesma academia seja conservadora e cheia de coisas que ninguém entende (como a vitória de Muppets ao invés de Rio), ela consegue reconhecer uma inovação no meio dessa mesmisse e também o trabalhão do diretor que teve que voltar no tempo para aprender como gravar um filme mudo e em p&b. Mereceu os prêmios que levou e fiquei feliz que o cachorrinho subiu para receber o Oscar! :) - Não vou falar nada de Hugo porque ainda não assisti.

    ResponderExcluir

Posts Populares